PCP, BE e Chega criticaram o novo aumento das taxas de juro decidido pelo Banco Central Europeu (BCE) e desafiaram o Governo a forçar a banca a usar os lucros para baixar as prestações do crédito à habitação.

O BCE anunciou esta quinta-feira uma nova subida das três taxas de juro diretoras em 25 pontos base, o décimo aumento consecutivo, colocando a taxa dos depósitos no nível mais elevado de sempre da zona euro.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, acusou o BCE de “uma ação de terrorismo financeiro sobre as famílias” e de “enorme insensibilidade social”.

“Seria incompreensível que a isto se juntasse a indiferença social do Governo (…). É necessário e indispensável que o Governo garanta que os bancos são chamados a usar esses lucros para baixar os créditos à habitação”, disse, salientando que o BE já apresentou no passado uma proposta nesse sentido, rejeitada pela maioria do PS.

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“Sem essa lei, continuaremos a ter apenas um bodo aos ricos”, disse Pedro Filipe Soares, apontando para os lucros de cerca de dois mil milhões de euros da banca no primeiro semestre do ano.

Na mesma linha, o deputado do PCP Duarte Alves pediu ao Governo e ao Banco de Portugal “uma posição firme de rejeição deste aumento de juros” e “medidas concretas afrontando as imposições da União Europeia e do euro”.

“Medidas como as que ainda hoje o PCP apresentou e que garantem a redução das prestações, colocando os lucros dos bancos a suportar o aumento das taxas de juro”, disse, frisando que a banca “está a lucrar 11 milhões de euros por dia”.

Para Duarte Alves, exige-se do Governo que não só aprove medidas como esta do PCP, mas também mobilize a Caixa Geral de Depósitos para que, como banco público, assuma um papel para influenciar “todo o mercado bancário e contribua para a redução do crédito bancário”.

Notícias como as de hoje só dão mais força às propostas do PCP”, defendeu.

Pelo Chega, o deputado Rui Afonso criticou que “meia dúzia de burocratas em Frankfurt consigam dominar nações”, acusando o BCE de fazer “chantagem sobre os países que integram a zona euro” sem quaisquer preocupações sociais.

“Temos de ter um Governo que não seja subserviente a Frankfurt, que se imponha perante a política monetária do BCE”, defendeu, apontando que há já centenas de milhar de portugueses que “têm de escolher” entre pagar a renda, a alimentação ou a escola dos filhos.

O deputado defendeu ser necessário dizer “basta aos lucros da banca à custa dos aumentos da taxa de juro”, defendendo, tal como BE e PCP, que “esse valor tem de ser transferido para apoiar os créditos à habitação”.

Tal como já tinha sido anunciado, o Chega levará ao debate marcado pelo PSD para dia 20 sobre redução fiscal uma proposta para aplicar à banca uma contribuição extraordinária, como já acontece com os setores da energia e da grande distribuição.