Jorge Nuno Pinto da Costa e Vítor Baía passaram na sala de imprensa do Estádio José Gomes com faces de pouca emoção. O FC Porto tinha acabado de vencer o Estrela de forma sofrida e pouco propícia à animação dos dirigentes azuis e brancos. Quando Sérgio Conceição se mostrou aos jornalistas, a expressão era semelhante e demonstrava que não estava 100% agradado com o que tinha visto.
Na antevisão, Conceição admitiu que a equipa ainda jogava “pouquinho”. Por isso, na visita à Reboleira, o técnico portista realizou oito alterações no onze inicial. Uma das grandes surpresas foi David Carmo alinhar na defesa. O central foi contratado ao Sp. Braga por 20 milhões de euros, mas, desde que chegou ao Dragão, tem sido encostado pelos defesas mais experientes do FC Porto e, inclusivamente, Fábio Cardoso tornou-se na terceira opção sempre que Pepe ou Marcano não estavam disponíveis.
Frente ao Estrela, David Carmo realizou apenas o 16.º jogo com a camisola da equipa principal dos portistas. Na temporada passada, o jovem de 24 anos chegou mesmo a realizar três encontros ao serviço da equipa B dos dragões. No entanto, parece que pode ter neste início de época conquistado espaço que não se adivinhava que pudesse ter a curto prazo.
Depois de considerar que David Carmo e Pepe foram os melhores jogadores em campo na partida na Amadora, Sérgio Conceição mimou o jogador. “O David Carmo está mais comigo do que com a família dele. Trabalha para conquistar o seu lugar. Vem de um clube grande do nosso futebol. Temos confiança máxima nele”, disse o treinador.
A inclusão de David Carmo na equipa inicial deu o mote para que Sérgio Conceição apresentasse um “sistema alternativo” de 3x5x2, que considerou que “era importante para a equipa”, tal como referiu o técnico. “Não é novo, já jogámos algumas vezes de forma diferente do 4x4x2. Queríamos povoar mais o corredor central e a linha defensiva”, analisou e, ao mesmo tempo, revelando que a ideia era criar situações de três para dois em relação aos médios do Estrela, Léo Cordeiro e Aloísio.
Se era na sala das máquinas do meio-campo que estava a chave do jogo, então também aí Sérgio Conceição fez mudanças, utilizando Alan varela como centrocampista posicional e dois jogadores refinados tecnicamente entre linhas, André Franco e Iván Jaime, mesmo que pela frente tivesse um oponente de “grande impacto nos duelos”.
“Queríamos mandar e ter bola” mesmo “perante uma equipa que quer ser física”, continuou. “O Alan Varela e o Jaime chegaram e aquilo que foi o trabalho difícil de pré-época não o têm. Trabalhámos 15 dias”, lamentou Conceição. “A inclusão do André Franco mais por dentro era para segurar o Varela, estar próximo dos centrais e presente na segunda bola”.
Sérgio Conceição teve que realizar duas substituições dentro dos 20 minutos iniciais. Marcano e Evanilson saíram lesionados e entraram para os seus lugares Wendell e Taremi. O técnico assume que não tentou fugir ao guião. “Pensei em manter o plano de jogo e o que foi trabalhado”, referiu. “Fiquei só com uma janela de substituições e fica difícil”.
O treinador do Estrela, Sérgio Vieira, não saiu satisfeito do encontro. “É nossa convicção que o resultado acaba por ser injusto”, afirmou. “Pagámos caro os pequenos erros”. Apesar de tudo, o técnico assume que o sistema tático do FC Porto foi uma novidade. “Fui surpreendido pelas opções. Tínhamos a convicção de que podiam vir de outra forma”