O cabeça de lista do Bloco de Esquerda (BE) às regionais na Madeira, Roberto Almada, acusou este sábado PSD e CDS-PP de utilizarem meios públicos na campanha, considerando que desapareceu “o verniz” usado para tentar apagar o passado jardinista.

“É uma vergonha e o Bloco não se cansa de denunciar que os meios do Governo Regional e da região não são da coligação PSD/CDS”, declarou o candidato no primeiro e único almoço que a candidatura do BE vai fazer nesta campanha, no concelho de Câmara de Lobos.

Roberto Almada falou das promessas que o cabeça de lista da coligação PSD/CDS – Somos Madeira, o social-democrata Miguel Albuquerque, que se recandidata a um terceiro mandato como presidente do Governo Regional, tem feito em inaugurações de “estrada e supermercado”.

“Miguel Albuquerque é o novo jardinismo”, afirmou o candidato bloquista, considerando que “o verniz democrático com que tentou apagar o passado jardinista já desapareceu”, numa referência a Alberto João Jardim, presidente do Governo da Madeira entre 1978 e 2015. Segundo Roberto Almada, são “negócios para alguns, miséria para muitos e carnaval e circo na campanha à custa dos madeirenses”.

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Mas, apontou, “a questão é muito maior: é o modelo da economia”.

Nesse sentido, mencionou as “obras faraónicas, betão até ao mar e irresponsabilidade ambiental”, quando há “falta de habitação” para os madeirenses.

Não faltam meios para uma região mais justa. Falta é vontade política e vergonha na cara”, disse.

Também criticou a política fiscal do executivo madeirense, que se recusa a “usar o diferencial para baixar o IVA [Imposto Sobre Valor Acrescentado] ou o IRS [Imposto Sobre Rendimento de Pessoas Singulares]”, quando usou esta medida para baixar os impostos sobre os lucros das grandes empresas.

Roberto Almada questionou para que serve o crescimento económico propalado pelo Governo madeirense, quando são pagas pensões de miséria ou os jovens são levados a emigrar “porque o PSD sempre quis uma política de baixos salários”.

O candidato realçou que a Madeira “não tem só milhões do turismo”, porque também recebe “milhões dos fundos europeus”, apontando que esse dinheiro é canalizado para “empreitadas para amigos e apoios para os que já têm tudo”.

“O PSD desbarata os fundos que deveriam criar coesão social, que podiam qualificar a economia, proteger o ambiente”, defendeu, sustentando que se assiste a “um assalto ao povo da Madeira, condenado ao atraso e à pobreza”.

O cabeça de lista, que já foi deputado do partido (em 2019 perdeu a representação parlamentar), sublinhou ser “preciso parar este assalto e trazer exigência”.

Roberto Almada considerou que “o Bloco faz falta no parlamento [da Madeira]”, porque é “a oposição insubmissa” e os seus militantes são “herdeiros da resistência antifascista, da luta dos trabalhadores, da coragem das bordadeiras”, tendo enfrentado “o fascismo e o jardinismo”.

“Já tentaram de tudo. Perseguiram-nos. Intimidaram-nos. Nunca nos calaram”, salientou, mencionando o nome de muitos dos militantes do partido ao longo das últimas décadas.

Às legislativas regionais da Madeira, agendadas para 24 de setembro, concorrem 13 candidaturas, que vão disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único.

PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL são as forças políticas que se apresentam a votos.

Nas anteriores regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um.