A UNITA, oposição angolana, pediu na quarta-feira a demissão da ministra da Saúde de Angola e do diretor do Hospital Américo Boavida (HAB), manifestando “repulsa” pela morte de um cidadão, à porta daquela unidade hospitalar de Luanda, por “negligência médica”.

O grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição) diz que foi com “enorme repulsa, indignação e preocupação” que tomou conhecimento da morte, na terça-feira, de um jovem de 25 anos, à porta do HAB, “por lhe ter sido negada a entrada e assistência médica e medicamentosa”.

Em nota, o grupo parlamentar da UNITA refere que os incidentes reiterados como esse acontecem pelas unidades hospitalares, porque o Serviço Nacional de Saúde apresenta “graves debilidades estruturais e, sobretudo, não coloca a vida da pessoa humana no centro das atenções”.

“Estranhamente, este incidente tem lugar numa altura em que o executivo angolano apregoa melhorias no setor da saúde, quando afinal, algumas unidades de referência só atendem pacientes com casos específicos”, refere o partido.

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O partido político considera “inaceitável” que mais mortes por negligência médica continuem a registar-se e lembra que o objetivo de um hospital, “que se preze”, é dar os primeiros socorros e prestar cuidados de saúde.

Recorda também que a Constituição angolana estabelece o respeito e proteção à vida humana, “que é inviolável”, e “convida”, por isso, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, e o diretor geral do HAB a “assumirem atitudes de elevação moral e ética” e colocarem os seus lugares à disposição.

A direção do HAB anunciou a suspensão da equipa médica, na sequência deste incidente, e participou a ocorrência, por suposta negligência da equipa médica em serviço, junto do Serviço de Investigação Criminal.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram o cadáver de um jovem no chão na parte exterior do HAB, localizado no Distrito Urbano do Rangel.

De acordo com a UNITA, que insta a Procuradoria-Geral da República a identificar os autores de mais uma ação criminosa para a consequente responsabilização, a defesa da vida e o dever de servir não se compadecem com meros discursos e desculpas públicas.

“Pois, é inaceitável, injustificável e inexplicável a ocorrência reiterada dessas situações que nos diminuem como povo e nação com vocação de solidariedade”, observou ainda a UNITA.

Casos de negligência médica, muitos dos quais resultam em mortes nos hospitais públicos angolanos, têm sido relatados por vários cidadãos.