O Museu Nacional da Música (MNM) vai aumentar de 250 para 500 o número de instrumentos da sua coleção a expor ao público quando se mudar para o Palácio Nacional de Mafra, disse esta sexta-feira o seu diretor.
“Vamos duplicar o número de peças de 250 para cerca de 500 e alguns dos instrumentos que estão atualmente em exposição vão deixar de estar e há muitas surpresas naturalmente”, afirmou Edward Ayres de Abreu à agência Lusa.
Entre as novidades da exposição, destacou o orquestrião, “que tem vários instrumentos lá dentro e é instrumento mecânico muito curioso”, um piano pirâmide, e uma claviarpa, “uma mistura de harpa e piano”. “Temos coisas muito curiosas, historicamente importantes, que vamos finalmente poder expor, porque vamos ter muito mais espaço”, sublinhou.
Museu Nacional da Música fecha portas a 2 de outubro, com vista a mudança para Mafra
Com uma disposição das peças diferente da atual, a futura exposição do MNM constitui “uma reflexão muito profunda sobre o que é a coleção e a sua história“, encarando a coleção como a forma de dar a conhecer a história da música e o instrumento como meio de fazer música.
O diretor explicou que “as várias salas vão oferecer ao visitante a possibilidade de ver estrelas musicais em contexto, evocando diferentes tipos de práticas musicais”, dando exemplos dos núcleos dedicados à música popular, à música de corte ou à música usada em contexto militar. De igual modo, a exposição vai integrar instrumentos do seu principal colecionador, Michel Angelo Lambertini, ao contar a história do colecionismo.
Apesar de serem instrumentos antigos falsificados, “são peças interessantíssimas, porque este senhor italiano [a quem foram adquiridas] se aproveitava de pedaços de instrumentos históricos para construir as suas peças”.
Até outubro de 2024, os instrumentos do MNM vão ser limpos e restaurados, um investimento de 300 mil euros que vai obrigar a encerrar, a partir de segunda-feira, as atuais instalações, usadas provisoriamente há 30 anos, na estação do Alto dos Moinhos do Metropolitano de Lisboa.
“Nós não temos espaço, o piso das reservas está cheio de peças e para iniciarmos a campanha de limpeza e de restauro de instrumentos no próprio museu, tivemos de fechá-lo para usar o espaço atual da exposição para fazer estas movimentações logísticas”, justificou. Durante o próprio ano, a equipa do MNM e investigadores vão também rever todo o inventário e a fazer investigação da própria coleção.
“A coleção está muito mal estudada”, disse, defendendo que a investigação em curso “é uma oportunidade única e incrível” e que sem conhecimento científico não se pode construir o percurso expositivo.
As obras para o MNM no Palácio Nacional de Mafra, iniciadas em julho, vão decorrer durante um ano e estão orçadas em seis milhões de euros, sendo financiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência.
Nas atuais instalações do MNM em Lisboa há falta espaço para expor uma das mais ricas coleções da Europa de instrumentos musicais, com um acervo composto por mil instrumentos dos séculos XVI ao XX, de tradição erudita e popular.
Destacam-se o cravo Taskin, construído em 1782 a pedido do rei Luís XVI de França, o violoncelo Stradivarius, que pertenceu ao rei Luís [de Portugal], o piano que foi usado pelo compositor e pianista Franz Liszt quando em 1845 esteve em digressão em Portugal e ainda os cravos Antunes, de 1758 e 1789, que são tesouros nacionais. Fazem também parte do museu vários espólios documentais e coleções fonográficas e iconográficas do maior relevo.