É difícil esquecê-lo, pela forma muito cavalheiresca como se apresenta e pela elegância que nunca deixa em casa, mas Pep Guardiola é um rebelde. Um rebelde que nunca quis saber do cargo que ocupa na hora de apoiar a independência da Catalunha, de sublinhar o “fracasso” da União Europeia e da NATO na guerra da Ucrânia ou de defender a comunidade LGBTQ+. Um rebelde que voltou a lembrar que é um rebelde nos últimos dias.

Na antecâmara da visita ao Wolverhampton, o 10.º jogo do Manchester City em sete semanas em que a maioria dos jogadores da equipa também cumpriram compromissos internacionais, o treinador espanhol voltou a defender uma posição conjunta dos atletas para que o calendário emagreça e abra a porta a períodos mais longos de descanso e paragem.

“Qualquer ideia que exista para reduzir o número de jogos seria simpática. Mas isto não vai mudar. Só há uma solução: os jogadores decidirem a própria vida. Dizerem ‘parou’ às organizações, dizerem que algo tem de mudar. Depois dessa posição, talvez a FIFA e a UEFA decidam reagir. O espetáculo tem de continuar. Mas continua sem o Pep, não continua sem jogadores. Depende deles, eles é que decidem se aceitam o negócio. Eu adoro futebol, mas quando há uma pausa, tem de ser uma pausa a sério. Dou sempre o exemplo da NBA: jogam 80 jogos nuns meses, mas depois param durante quatro meses e conseguem recuperar”, atirou Guardiola.

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Era neste contexto e dias depois da eliminação na Taça da Liga, perante o Newcastle, que o Manchester City visitava o Wolverhampton. Guardiola não estava presente no banco de suplentes, já que já viu três cartões amarelos desde o início da temporada, e lançava Jérémy Doku, Julián Álvarez e Phil Foden no apoio a Haaland, sendo que Matheus Nunes (que reencontrava a antiga equipa) e Rúben Dias eram ambos titulares, Bernardo continua lesionado e Rodri era baixa por castigo, já que foi expulso na última jornada. Do outro lado, José Sá, Toti Gomes, Nélson Semedo e Pedro Neto estavam todos no onze inicial de Gary O’Neil, sendo que Fábio Silva e o ex-Sporting Pablo Sarabia eram suplentes.

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Pep Guardiola, que estava castigado, assistiu à partida na bancada do Molineux

O Wolverhampton abriu o marcador ainda dentro do quarto de hora inicial e através de um autogolo de Rúben Dias: Pedro Neto conduziu um contra-ataque rápido na direita e tentou cruzar atrasado na grande área, com o central português a desviar ao primeiro poste e a trair Ederson (13′). O City dominou a posse de bola e as ocorrências do jogo a partir daí, totalmente inserido no meio-campo adversário, mas raramente criou perigo e tinha muitas dificuldades na hora de penetrar no último terço — com a equipa de Gary O’Neil a mostrar-se muito confiante e confortável com a forma como a partida decorria.

Guardiola mexeu logo ao intervalo, trocando Matheus Nunes pelo jovem Oscar Bobb, e o abre-latas surgiu ainda antes da hora de jogo: na conversão de um livre muito puxado à esquerda, Álvarez atirou direto e não deu qualquer hipótese a José Sá (58′), empatando o jogo. O Wolverhampton não desistiu e recuperou a vantagem menos de 10 minutos depois, com Hwang a finalizar uma enorme arrancada de Nélson Semedo na esquerda (66′).

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Jack Grealish e Fábio Silva ainda entraram, mas já nada mudou. O Wolverhampton venceu o Manchester City, que sofreu a primeira derrota da temporada, e os citizens têm agora apenas mais um ponto do que o Arsenal, que ganhou em casa do Bournemouth — e podem mesmo perder a liderança isolada da Premier League se, ainda este sábado, o Liverpool derrotar o Tottenham em Londres.

Em Old Trafford, o Manchester United com Diogo Dalot e Bruno Fernandes no onze inicial perdeu com o Crystal Palace graças a um golo solitário de Joachim Andersen (0-1) e sofreu a quarta derrota nos últimos seis jogos, estando agora no 10.º lugar da Premier League na antecâmara da receção ao Galatasaray para a Liga dos Campeões.