Rúben Amorim já foi questionado sobre o assunto e chutou para canto. A ideia tem sido uma constante na hora de falar sobre o início de temporada do Sporting, mas Rúben Amorim continua a chutar para canto. Por não acreditar na premissa, essencialmente, mas também por não querer agoirar a mesma premissa. A questão, porém, parece cada vez mais uma evidência: dois anos depois, será que a estrelinha de campeão voltou a Alvalade?

A estrelinha, a existência da estrelinha, foi repetida até à exaustão na temporada em que o Sporting foi campeão nacional. Rúben Amorim sempre encarou o assunto com alguma leviandade e muitos sorrisos, e a ideia voltou às conferências de imprensa do treinador leonino nas últimas semanas e tendo em conta os resultados obtidos contra o Vizela, o Sturm Graz ou o Farense. Com estrelinha ou sem estrelinha, a verdade é notória: o Sporting ainda não tinha perdido esta época, está na liderança da Primeira Liga e só não tinha vencido contra o Sp. Braga.

Ficha de jogo

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Sporting-Atalanta, 1-2

Fase de grupos da Liga Europa

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Alejandro Hernández Hernández (Espanha)

Sporting: Adán, Diomande, Gonçalo Inácio, Matheus Reis (Daniel Bragança, 90+1′), Iván Fresneda (Ricardo Esgaio, 67′), Hjulmand (Coates, 45′), Morita, Nuno Santos (Geny Catamo, 45′), Pedro Gonçalves, Gyökeres, Paulinho (Marcus Edwards, 45′)

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Diogo Pinto, Luís Neto, Dário Essugo, Eduardo Quaresma, Tiago Ferreira, Rodrigo Ribeiro

Treinador: Rúben Amorim

Atalanta: Juan Musso, Giorgio Scalvini (José Luis Palomino, 80′), Berat Djimsiti (Rafael Tolói, 54′), Sead Kolašinac, Davide Zappacosta (Emil Holm, 66′), Marten de Roon, Éderson (Mario Pašalić, 66′), Matteo Ruggeri, Koopmeiners, De Ketelaere (Gianluca Scamacca, 54′), Lookman

Suplentes não utilizados: Marco Carnesecchi, Francesco Rossi, Luis Muriel, Mitchel Bakker, Michel Ndary Adopo, Hans Hateboer, Miranchuk

Treinador: Gian Piero Gasperini

Golos: Giorgio Scalvini (33′), Matteo Ruggeri (43′), Gyökeres (gp, 76′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Berat Djimsiti (51′), a Rafael Tolói (60′), a Sead Kolašinac (75′), a Pedro Gonçalves (84′), a Daniel Bragança (90+2′), a Gianluca Scamacca (90+2′)

Esta quinta-feira, e depois do jogo na Pedreira contra os minhotos, os leões tinham o maior desafio da temporada até agora ao receberem a Atalanta na segunda jornada da fase de grupos da Liga Europa. E Amorim tinha noção da dimensão do desafio. “A Atalanta é tão difícil de entender taticamente que os treinos foram mais confusos. A forma como o Gian Piero Gasperini prepara a equipa tornou a semana estranha e diferente, os jogadores tiveram de estar muito concentrados, porque vão enfrentar algo a que não estão habituados. Queremos vencer, até porque é um jogo importante, mas teremos de preparar os jogadores e os adeptos. É muito difícil encontrar momentos de pressão no rival”, atirou o treinador, que também assumiu que o técnico dos italianos é uma das suas principais inspirações.

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Assim, neste contexto, Rúben Amorim aproveitava a Liga Europa para dar a primeira titularidade a Iván Fresneda, com Ricardo Esgaio a começar no banco, e fazia Paulinho regressar ao onze inicial em detrimento de Marcus Edwards. Coates estava nas opções mas era suplente depois de se ter lesionado no Algarve contra o Farense, sendo substituído por Matheus Reis no trio de centrais, e Trincão falhava a partida por lesão. Do outro lado, numa Atalanta que na primeira jornada tinha vencido os polacos do Raków, Gasperini lançava Lookman e De Ketelaere no ataque e deixava Miranchuk e Pasalic no banco.

Não foi preciso esperar muito para perceber qual seria a toada do jogo: a Atalanta entrou a pressionar alto, sem dar espaço ao Sporting, e a partida nunca perdeu essa característica fulcral ao longo de toda a primeira parte. A primeira oportunidade dos italianos surgiu ainda dentro dos 10 minutos iniciais, com Zappacosta a aparecer solto na grande área a cabecear ao lado (8′), e Alvalade começou a entender que iria ter um final de tarde muito longo.

A equipa de Gian Piero Gasperini tinha as linhas muito subidas, construía praticamente a partir do meio-campo e pressionava desde logo com os homens mais adiantados, sem que Matheus Reis, Gonçalo Inácio ou Diomande tivessem espaço e tempo para começar o desenho ofensivo do Sporting. Os leões não conseguiam atacar pelo corredor central, onde parecia sempre que existia mais um elemento adversário, e eram inofensivos nas alas — Fresneda foi dos jogadores mais apagados da primeira parte, com uma fragilidade defensiva alarmante e inexistência ofensiva, e Nuno Santos tinha de se preocupar demasiado com as investidas de Zappacosta e De Ketelaere para conseguir atacar.

O Sporting ainda conseguiu soltar-se ligeiramente à chegada à meia-hora, beneficiando de um tempo de posse de bola no meio-campo adversário que foi sempre muito escasso, mas acabou por não saber fugir ao que já parecia inevitável. Numa jogada coletiva brilhante, Zappacosta combinou com Koopmeiners e recebeu quase junto à linha de fundo na direita, cruzando atrasado para Giorgio Scalvini aparecer a desviar de primeira (33′). Os italianos poderiam ter aumentado a vantagem logo depois, com um remate de Lookman que passou por cima da baliza de Adán (37′), mas só fizeram o segundo golo já à beira do intervalo.

Numa jogada que ilustrou todas as dificuldades que os leões iam tendo, Lookman isolou Matteo Ruggeri na esquerda e o italiano deixou Fresneda e Diomande para trás antes de atirar rasteiro, com Adán a defender a primeira tentativa mas a permitir o golo na recarga (43′). Ao intervalo, o Sporting estava a perder com a Atalanta em Alvalade depois de uma primeira parte em que não rematou à baliza, não teve qualquer aproximação perigosa à baliza de Juan Musso e não realizou uma única jogada completa.

Rúben Amorim fez três alterações ao intervalo e trocou Hjulmand, Nuno Santos e Paulinho por Coates, Geny Catamo e Marcus Edwards, com Matheus Reis a ocupar o corredor esquerdo e Pedro Gonçalves a recuar para o meio-campo para abrir espaço para o jovem moçambicano no setor mais ofensivo. As mudanças práticas e táticas obrigaram a Atalanta a estudar o novo posicionamento do Sporting, com Edwards a entrar particularmente inspirado e a provocar problemas que os italianos ainda não tinham tido, e Gonçalo Inácio ficou desde logo muito perto de marcar com um cabeceamento que passou ao lado (53′).

Gian Piero Gasperini respondeu ao novo contexto com uma dupla substituição, lançando Rafael Tolói e Gianluca Scamacca, e a Atalanta acabou por conseguir controlar e suster o ímpeto inicial dos leões ao juntar os setores e restringir o momento ofensivo às transições. Amorim voltou a mexer, tirando Fresneda para lançar Esgaio no corredor direito, mas o tempo ia escasseando e o Sporting não conseguia sequer encurtar a desvantagem — até que apareceu um golo quase oferecido

Diomande rematou à baliza, Scalvini desviou a bola com a mão e o árbitro da partida assinalou grande penalidade depois de analisar as imagens do VAR, com Gyökeres a reduzir a desvantagem na conversão do penálti (76′). O Sporting agigantou-se depois do golo, com Edwards (77′) e Catamo (78′) a ficarem muito perto do empate em lances consecutivos, e Gasperini procurou dar experiência à defesa ao trocar o jovem Scalvini pelo veterano José Luis Palomino. Daniel Bragança ainda entrou nos descontos, mas os leões já não conseguiram chegar ao empate.

O Sporting perdeu com a Atalanta em Alvalade e sofreu a primeira derrota da temporada, ficando agora com os mesmos três pontos que o Sturm Graz (que venceu o Raków na Polónia) no Grupo D da Liga Europa. Num dia em que a equipa de Rúben Amorim só apareceu para jogar ao intervalo, Gonçalo Inácio foi o único que acreditou num resultado positivo desde o apito inicial: entre desarmes, recuperações de bola, passes progressivos e até uma das melhores oportunidades leoninas. Sozinho, porém, não conseguiu o milagre.