Foi entre os alunos que, durante a pandemia, estavam no 3.º e no 4.º ano — anos considerados de consolidação do 1.º ciclo — e entre os que estavam a passar para o 2.º ciclo, ou seja, no 5.º ano, que mais se notam fragilidades nas aprendizagens. Estes terão sido os mais afetados pelo fecho das escolas e pela passagem do ensino presencial para o ensino à distância. As conclusões são do IAVE — Instituto de Avaliação Educativa e estão publicadas na segunda edição do Estudo Diagnóstico das Aprendizagens,

O IAVE voltou assim a avaliar o impacto da suspensão das atividades presenciais nas escolas durante a pandemia, depois da primeira edição em 2021.

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Realizado entre janeiro e fevereiro, o estudo, que envolveu mais de 50 mil alunos do 3.º, 6.º e 9.º anos de escolaridade, atualiza o estado das aprendizagens em três áreas: literacia matemática, literacia científica e literacia de leitura e informação.

A comparação dos resultados com o primeiro volume do estudo permite concluir que, entre os três grupos, os alunos com piores resultados face a 2021 foram os do 6.º ano, cujo desempenho baixou a todos os níveis de proficiência na literacia científica.

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Literacia matemática: desempenhos “muito similares”

No caso da literacia matemática, os desempenhos são “muito similares”, mas em alguns níveis da literacia da leitura e da informação pioraram os resultados. Estes alunos, sublinha o relatório, frequentavam o 3.º ano de escolaridade em 2020 e o 4.º ano em 2021, ou seja, precisamente os anos de consolidação do 1.º ciclo, durante os quais enfrentaram dois períodos de confinamento.

Na mesma altura, estavam a passar do 2.º para o 3.º ciclo aqueles que frequentavam o 9.º ano quando foi realizado o estudo e que, à semelhança dos colegas mais novos, também revelaram algumas dificuldades.

Literacia científica: “Decréscimo muito acentuado”

Apesar de manterem um desempenho semelhante em alguns dos quatro níveis de proficiência de cada literacia avaliada, noutros obtiveram piores resultados face à edição anterior do estudo. Por exemplo, a respeito da literacia científica, o relatório aponta para um “decréscimo muito acentuado” no primeiro nível.

Nesse sentido, o Ministério da Educação assume, em comunicado enviado às redações, que aqueles anos, de consolidação de um ciclo e de transição, foram “anos em que as dificuldades de aprendizagem causadas pelo contexto pandémico podem ter assumido maior impacto”.

Por outro lado, olhando para os resultados dos alunos do 3.º ano, as variações entre as edições de 2021 e 2023 foram positivas em todas as literacias.

“O momento do percurso de aprendizagem em que os alunos se encontravam, no período da crise pandémica, poderá contribuir para uma explicação das diferenças registadas”, refere a notado gabinete do ministro João Costa, recordando que, durante a pandemia, aqueles alunos estavam a frequentar o pré-escolar e o 1.º ano.

No global, a percentagem de alunos que conseguiram realizar, com sucesso, pelo menos dois terços das tarefas por nível de desempenho manteve-se “baste idêntica” face à primeira edição do estudo diagnóstico.

Ainda assim, no que respeita aos níveis de proficiência de maior complexidade, a percentagem de alunos que realizam com sucesso apenas até um terço das tarefas “é ainda muito elevada” em todas as literacias e anos de escolaridade, refere o relatório.

No âmbito do estudo foram ainda colocadas aos alunos questões de contexto e, entre os dados revelados pelas respostas, o Ministério da Educação sublinha que o gosto pela leitura parece ter tendência a diminuir ao longo do seu percurso académico.

Por outro lado, mostram ainda que os sentimentos dos alunos em relação à escola são tendencialmente positivos e que os professores desenvolvem estratégias didáticas e de avaliação que “denotam uma maior preocupação com o trabalho prático e experimental”.