O Centro Cultural de Belém (CCB) recebeu cerca de 40 candidaturas, na maioria de candidatos estrangeiros, para a direção do Museu de Arte Contemporânea (MAC/CCB), que inaugura na sexta-feira com novas exposições, revelou esta segunda-feira esta entidade.

Contactada pela agência Lusa sobre o ponto da situação do concurso internacional aberto a 23 de junho para a direção artística, fonte do museu indicou que “das cerca de 40 [candidaturas] que deram entrada no CCB, 3/4 são [de] candidatos estrangeiros”.

“O processo de seleção está em curso, e mantém-se o calendário previsto para poder anunciar o diretor artístico para o MAC/CCB, em dezembro deste ano”, depois da seleção e realização de entrevistas, acrescentou a mesma fonte do gabinete de comunicação e imprensa do museu.

Em junho, quando o concurso abriu, foram apresentados os critérios com o perfil pretendido para o cargo, nomeadamente formação superior, com valorização de doutoramento em História de Arte, Curadoria, Museologia e/ou Teoria da Arte, experiência curatorial comprovada em ambiente internacional, além de experiência de direção de uma instituição museológica ou expositiva.

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Também exigia “visão estratégica no sentido da construção de uma programação nacional e internacional ambiciosa” e “bom conhecimento do panorama artístico português” para a liderança do MAC/CCB.

A direção terá como funções definir e propor uma programação anual, coordenar a equipa e o orçamento do museu, em articulação com a “estrutura CCB”, gerir as diferentes coleções em depósito, em articulação com o “acervo CCB”, e estabelecer contactos e projetos de colaboração, de âmbito nacional e internacional.

Para a direção do anterior Museu Coleção Berardo — que celebrou o 15.º aniversário com mais de 10 milhões de visitantes no ano passado — foram convidados pelo empresário e colecionador José Berardo o curador francês Jean-François Chougnet, sucedido pelo historiador de arte e curador Pedro Lapa e, depois, pela curadora Rita Lougares.

O museu abre oficialmente portas na sexta-feira, às 21h30, tendo em depósito as coleções Berardo — do qual o CCB se mantém fiel depositário —, Ellipse, adquirida pelo Estado em 2022, e a Teixeira de Freitas, estando prevista uma exposição sobre esta última coleção e uma individual da artista belga Berlinde de Bruyckere.

Nos três dias de abertura, que inclui o fim de semana, o MAC/CCB vai realizar uma programação especial com entrada gratuita, como anunciado pelo CCB, que se inicia na sexta-feira, às 21:30, com uma performance musical de João Pimenta Gomes (sintetizador modular) com voz de Carminho, e a atuação do DJ Jonathan Uliel Saldanha.

No sábado e domingo, entre as 10h00 e as 19h00, o museu será ainda palco de concertos, visitas guiadas e atividades pensadas para o público adulto e famílias, nomeadamente para a nova exposição “Atravessar uma ponte em chamas”, da artista belga Berlinde de Bruyckere.

O museu abrirá com a exposição permanente “Objeto, Corpo e Espaço — A revisão dos géneros artísticos a partir da década de 1960” e “Coleção Berardo do Primeiro Modernismo às Novas Vanguardas do Século XX”, num percurso com núcleos dedicados às principais vanguardas históricas da primeira metade do século XX, como o cubismo, o dadaísmo e o surrealismo.

Criado depois da extinção da Fundação de Arte Moderna e Arte Contemporânea — Coleção Berardo, o MAC/CCB foi anunciado após a denúncia de um protocolo de comodato assinado entre o Estado e o colecionador de arte José Berardo, que passou a vigorar a partir de 1 de janeiro deste ano, sempre com a oposição do empresário.

A Coleção Berardo reúne os desenvolvimentos artísticos no mundo ocidental, no decurso do século XX, e inclui, entre outras obras, artistas estrangeiros de renome como Jean Dubuffet, Joan Miró, Yves Klein, Piet Mondrian, Duchamp, Chagall, Picasso e Andy Warhol, e de portugueses como Rui Chafes, Fernanda Fragateiro e Julião Sarmento.

As obras estão arrestadas pela justiça desde julho de 2019, na sequência de um processo interposto em tribunal pelo Novo Banco, pela Caixa Geral de Depósitos e pelo BCP, para recuperarem uma dívida de cerca de 1.000 milhões de euros.