Milhares de pessoas protestam em Madrid, esta terça-feira, pelo segundo dia consecutivo, contra a amnistia aos independentistas da Catalunha, uma condição essencial para que Pedro Sánchez forme governo. As concentrações em frente de sedes do partido socialista espanhol (PSOE) estão a ser convocadas diariamente por grupos de extrema-direita e têm sido apoiadas pelo Vox, a terceira força política no parlamento.
As maiores manifestações têm sido em Madrid, em frente da sede nacional do PSOE, na rua Ferraz, onde esta terça-feira se concentraram cerca de 7.000 pessoas, depois de na segunda-feira terem estado no mesmo local mais de 3.000, segundo números das autoridades.
Um grupo de mais de 500 pessoas, que estavam concentradas em Ferraz, deslocaram-se também para as imediações do Congresso, tendo cortado a Gran Vía, uma das principais artérias do centro de Madrid. Após alguns minutos perto do Congresso, o grupo regressou à concentração em frente da sede do PSOE.
A manifestação em Madrid foi dispersada pela polícia, por elementos de forças antidistúrbios, após pouco mais de duas horas de concentração, quando parte dos manifestantes já tinha abandonado o local e quando um grupo começou a atirar objetos às forças de segurança e começou a tentar forçar as barreiras que haviam sido colocadas na rua.
Ao longo do percurso dos protestos, os manifestantes pedem a prisão do líder do Junts per Catalunya, Carles Puigdemont, deixaram insultos ao chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, e gritaram: “Espanha não se vende, Espanha defende-se”.
Também em Valência, centenas de pessoas saíram às ruas para protestar.
Así ha sido el paso por Gran Vía del grupo de manifestantes que se ha escindido de la protesta principal https://t.co/eldGTFjkVR pic.twitter.com/i7IJn1BCca
— EL PAÍS (@el_pais) November 7, 2023
Esta segunda-feira, também milhares de pessoas saíram às ruas e três pessoas acabaram detidas. Temendo a repetição deste cenário, o PSOE suspendeu esta terça-feira a atividade nas sedes que tem pelo país por causa da possibilidade de concentrações violentas. As autoridades espanholas também fortaleceram o dispositivo policial em frente às sedes do PSOE e também do Congresso dos Deputados.
PSOE fecha sedes por causa de manifestações contra amnistia de independentistas catalães
Polícia justifica carga policial de segunda, criticada pelo Vox
Também esta terça-feira, as autoridades explicaram que a atuação policial na segunda-feira teve como alvo um grupo de 200 pessoas que lançaram objetos aos agentes e tentaram também forçar barreiras.
Essas 200 pessoas infiltraram-se entre os manifestantes pacíficos e tinham “o rosto coberto e estética ultra”, segundo um documento da polícia citado pelos meios de comunicação social. A polícia assegurou que a atuação contra estas 200 pessoas ocorreu já depois de a maioria dos manifestantes ter abandonado o local.
O Governo, através da ministra porta-voz, Isabel Rodríguez, considerou que a atuação policial em Madrid na segunda-feira foi proporcionada.
Já o presidente do Vox (extrema-direita), Santiago Abascal, que esteve na concentração de Madrid na segunda-feira, disse que o Governo ordenou uma carga policial perante uma manifestação “pacífica e legal” e pediu à polícia para “não cumprir ordens ilegais caso se voltem a repetir”. Abascal prometeu na segunda-feira que as “mobilizações contra o golpe vão ser constantes e crescentes”.
Além do Vox, também na segunda-feira o presidente do Partido Popular espanhol (PP, direita), Alberto Núñez Feijóo, prometeu contestação aos acordos do PSOE com os independentistas catalães “com todos os recursos, em todas as instâncias e em todos os âmbitos”, incluindo nas ruas, e convocou manifestações em 52 cidades no próximo domingo.
No entanto, esta terça, o PP realçou que não está por trás das manifestações convocadas para as imediações das sedes do PSOE.