O coordenador do Conselho Estratégico Nacional (CEN) do PSD disse quinta-feira que o partido já tem “trabalho muito avançado” sobre o programa eleitoral, sendo agora necessário “reprogramar a calendarização” prevista se forem convocadas eleições antecipadas.

No próximo sábado, haverá uma reunião de coordenadores do CEN, em Fátima (distrito de Leiria), que contará com a presença do presidente do PSD, Luís Montenegro.

Em declarações à Lusa, o coordenador do CEN, Pedro Duarte, afirmou que a reunião “já estava marcada há algum tempo”, no quadro das reuniões regulares que juntam os coordenadores das 25 áreas temáticas deste órgão consultivo do partido, que tem entre as missões a preparação do programa eleitoral do PSD.

É evidente que agora assumiu uma relevância diferente e a própria agenda tem de ser um pouco adaptada, vamos ter de reprogramar a calendarização”, disse, salvaguardando que será necessário aguardar pela comunicação, quinta-feira, do Presidente da República ao país e saber se haverá eleições antecipadas.

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Pedro Duarte remeteu para a direção do partido a decisão sobre quando poderá ser divulgado o programa eleitoral do PSD, mas admitiu que, da reunião de sábado, possa sair um compromisso temporal do CEN de entregar esse documento à Comissão Política Nacional, caso a opção de Marcelo Rebelo de Sousa seja antecipar o calendário eleitoral.

O coordenador do CEN, que também tem assento na Comissão Permanente do partido, assegurou que o PSD tem “a vantagem de já estar a trabalhar para ter uma proposta de programa consolidado no primeiro trimestre do próximo ano”, já que o presidente do PSD assumiu esse compromisso para o seu primeiro mandato.

“Vamos ter de acelerar algumas conclusões, mas não há uma diferença gigantesca. Um partido como o PSD tem de estar sempre em pré-motivação para avançar com um programa, o esforço será mais de sistematizar e dar alguma coerência ao programa como um todo, já estamos numa base muito avançada”, assegurou.

Pedro Duarte adiantou que, na última reunião plenária do CEN, que se realizou no verão no Porto, os coordenadores das várias áreas já apresentaram “um esboço muito claro” a Luís Montenegro, com “as principais prioridades e medidas”.

“Temos um trabalho já muito avançado”, assegurou.

O coordenador do CEN referiu que, se for necessário acelerar o trabalho, o que pode prejudicado será um “ainda maior envolvimento de personalidades da sociedade civil e o alargamento do debate sobre o programa”.

“A maioria dos 25 coordenadores das áreas temáticas são independentes, há um grande esforço cívico e as pessoas sentem que estão num momento do país em que estão a ser convocadas”, disse.

Em janeiro, na primeira reunião plenária do CEN durante o mandato de Luís Montenegro, o líder do PSD tinha fixado como objetivo que antes do final do seu mandato, no verão de 2024, o PSD tivesse “um programa eleitoral completamente formatado em termos de princípios”.

“Isto para que, nos dois anos seguintes da legislatura, haja o tempo suficiente para o amadurecer, esclarecer e difundir junto das pessoas”, justificou o líder social-democrata, referindo-se às legislativas previstas para 2026.

O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou.

António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo sobre negócios de lítio e hidrogénio terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos projetos investigados.

O Presidente convocou na quarta-feira os partidos para uma ronda de audiências no Palácio de Belém, em Lisboa, e reúne quinta-feira Conselho de Estado, depois do qual falará ao país.

António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça “em tudo o que entenda necessário”.