A ideia de que a suspensão da Assembleia-Geral Extraordinária do FC Porto traria ondas de choque, até pelo contexto de violência física e verbal em que toda a reunião magna esteve envolvida, era praticamente uma certeza. Começou com as críticas acesas do putativo candidato André Villas-Boas, continuou com os testemunhos de vários associados high profile e terminou com uma petição que pretende a destituição de sócio de Fernando Madureira, líder dos Super Dragões.

“Venho, por este meio, apresentar formalmente um pedido de destituição do sócio número 17949, Sr. Fernando Madureira, com base em fundamentos que considero prejudiciais aos interesses e à integridade do clube. Entendo que a preservação dos valores éticos, morais e desportivos é essencial para a prosperidade e reputação do Futebol Clube do Porto. Infelizmente, as ações do Sr. Fernando Madureira têm levantado sérias preocupações em relação a esses princípios”, pode ler-se no início do texto da petição, lançada já durante esta terça-feira e já com mais de 1.600 assinaturas (às 17h desta terça-feira).

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O autor da petição apresenta três motivos para a destituição do líder dos Super Dragões, que é protagonista de vários dos vídeos divulgados a partir do interior da Assembleia-Geral. “1. Conduta Inadequada: O Sr. Fernando Madureira tem sido recorrentemente associado a comportamentos e declarações que não condizem com os padrões éticos e morais que o Futebol Clube do Porto preconiza; 2. Prejuízo à Imagem do Clube: As atitudes públicas do Sr. Fernando Madureira têm contribuído para uma imagem negativa do clube, o que pode prejudicar parcerias, patrocínios e a reputação junto aos adeptos e à sociedade em geral; 3. Desrespeito a outros sócios: O sócio em questão tem, em várias ocasiões, demonstrado desrespeito por outros sócios, injuriando os mesmos”, enumera.

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“Com base nos motivos expostos, solicito a Vossa Excelência José Lourenço Pinto, Presidente da Mesa da Assembleia-Geral do FC Porto, que convoque uma Assembleia-Geral Extraordinária para que os sócios possam deliberar sobre a destituição do Sr. Fernando Madureira como membro do Futebol Clube do Porto. Agradeço a atenção e a diligência na análise deste assunto, esperando que as medidas cabíveis sejam tomadas para preservar a integridade e os valores do nosso querido Futebol Clube do Porto”, termina a petição.

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Através do Instagram, Fernando Madureira desvalorizou o pedido de destituição, publicando um vídeo em que mostra o cartão de sócio e partilhando a notícia em conjunto com emojis a rir. Já esta terça-feira, em declarações ao jornal Público, o líder dos Super Dragões defendeu que o caos gerado na Assembleia-Geral foi “inevitável”.

“No dia anterior, [André] Villas-Boas convocou os apoiantes dele dizendo que ia lá estar. Depois, para espanto deles, dá uma entrevista e foge para casa. Não é digno de um homem… Se ele pensa ser candidato, tem de dar a cara e estar com os apoiantes. O que potenciou tudo isto foram as redes sociais. Hoje vivemos nesta era, o insulto é muito fácil através destes meios e percebi que houve uma certa caça às bruxas. Pessoas que insultavam outras nas redes sociais… Ainda tentei apagar alguns fogos, mas foi inevitável”, atirou.

Entretanto, nas últimas horas, também Jorge Costa criticou o que aconteceu na noite de segunda-feira no Dragão Arena. “Este não é o FC Porto que defendi com alma e coração durante anos. Respeito pelos sócios e pelo clube!”, comentou o atual treinador do AVS e antigo capitão dos dragões numa publicação de André Villas-Boas no Instagram.

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