Nos videojogos é algo normal. O Football Manager — o conhecido simulador que permite ao jogador desempenhar o papel de um treinador, bem como um pouco de todas as funções inerentes à componente técnica da gestão de um plantel — possibilita escolher a equipa da aldeia e levá-la, em meia dúzia de épocas, à Liga dos Campeões e reunir os melhores jogadores do mundo num balneário fictício. Urs Fischer estava a fazer o mesmo, mas na vida real. Até acordar do sonho e cair no desemprego.

O treinador suíço de 57 anos não resistiu ao último lugar da Bundesliga e a uma série de 14 jogos sem ganhar (13 derrotas), motivo que levou à rescisão com o Union Berlin. A ponta final do percurso não representa o que Urs Fischer fez na capital alemã. Nas seis temporadas à frente da equipa, o técnico levou o clube desde a Bundesliga 2 até à Liga dos Campeões, uma ascensão relâmpago que muitos consideraram milagrosa e que apanhou o próprio clube desprevenido — ou não estivesse a jogar os encontros da liga milionária num estádio que não o seu devido às limitações da infraestrutura que costuma usar como casa.

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Logo no primeiro ano ao leme do Union, o suíço conseguiu pela primeira vez a promoção à Bundesliga. Depois de uma temporada a garantir a estabilidade do clube no principal escalão do futebol alemão, o guarda-redes polaco Rafal Gikiewicz comparou Urs Fischer aos melhores treinadores do mundo. “Ele é uma ótima pessoa. É o nosso arquiteto, quando se trata de jogar sem bola é tão bom quanto Guardiola ou Mourinho”, atirou.

O emblema de Berlim acabaria por terminar no 7.º lugar em 2020/21, de forma surpreendente, e garantir a qualificação para a Liga Conferência da época seguinte. A partir daí foi sempre a subir. Seguiu-se uma temporada onde o Union atingiu a Liga Europa, faltando um pequeno passo para chegar ao topo. Na época passada, a equipa bateu o pé aos gigantes alemães e terminou no 4.º lugar, garantindo assim o apuramento para a Liga dos Campeões, onde ficou no grupo do Sp. Braga e do Real Madrid.

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“Urs Fischer conquistou coisas extraordinárias no Union e levou o clube a um nível desportivo totalmente novo. Gostaria de agradecer a Urs pelo seu empenho e pela cooperação sempre respeitosa e de confiança que nos uniu no negócio do futebol durante muito tempo”, disse Oliver Ruhnert, diretor desportivo do Union Berlim.

Depois de ter atingido o topo, o Union atravessa um momento negativo. A equipa tem apenas seis pontos na Bundesliga e arrisca a descida de divisão. No mercado de verão, o plantel de Urs Fischer recebeu investimentos relevantes, um deles a aquisição a título definitivo de Diogo Leite que obrigou ao pagamento de 7,5 milhões de euros ao FC Porto. Além do português, também Leonardo Bonucci, Robin Gosens, Kevin Volland, Brenden Aaronson, Datro Fofana, Lucas Tousart ou Alex Král passaram a ser opções.

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O Union tem apenas duas vitórias na Bundesliga, diante do Mainz e do Darmstadt, ambas por 4-1. A derrota por 4-0 em casa do Bayer Leverkusen acabou por ser o último jogo de Urs Fischer no cargo. “As últimas semanas consumiram-me muita energia. Tentámos muito, a equipa esforçou-se muito, mas não conseguimos resultados. Estou muito grato pela confiança que sempre senti aqui. Às vezes, uma cara diferente ou uma forma diferente de abordar uma equipa ajuda ao desenvolvimento. No Union conheci e desfrutei de um clube extraordinário”, referiu Urs Fischer na hora da despedida. “Desejo ao Union o melhor e estou convencido de que conseguirão permanecer na Bundesliga”.