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A Moody’s avalia esta sexta-feira dívida soberana portuguesa, de acordo com o calendário da agência de notação financeira, numa altura em que o país atravessa uma crise política.
Os analistas consultados pela Lusa preveem que a agência mantenha inalterada a avaliação a Portugal em “Baa2” com perspetiva positiva, devido ao desempenho da economia e das finanças públicas.
Na última avaliação, em maio, a Moody’s manteve o “rating” de Portugal em “Baa2”, mas subiu a perspetiva de estável para positiva.
“O atual momento político que se vive em Portugal não deverá ter impacto na análise da Moody’s. A economia continua com um dinamismo muito grande, para este ser afetado por questões de origem política”, considera o diretor de investimentos do Banco Carregosa, Filipe Silva, em declarações à Lusa.
Também o presidente da IMF — Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia, acredita que a Moody’s não irá baixar a notação ou a perspetiva de Portugal.
“Na verdade, do ponto de vista da evolução dos indicadores relativos à dívida, défice e crescimento, e tendo como pressuposto que o Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) vai ser aprovado na especialidade, a situação atual mereceria a subida do rating de Portugal pela Moody’s, de “Baa2” para “Baa1”, refere em declarações à Lusa.
Filipe Garcia admite que “a crise política, que implica uma maior incerteza para o futuro governativo do país”, mas sublinha que “o facto de mesmo perante a demissão do primeiro-ministro de Portugal mostrar que privilegia a aprovação de um Orçamento que prevê equilíbrio entre receitas e despesas e aponta para uma redução significativa do rácio dívida/Produto Interno Bruto (PIB), terá de ser visto como algo positivo”.
O “rating” é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.
Os calendários das agências de “rating” são, no entanto, meramente indicativos, podendo estas optar por não se pronunciarem nas datas previstas ou avançarem com uma avaliação não calendarizada.
Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro.
António Costa é alvo de um inquérito no Ministério Público (MP) junto do Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo que investiga tráfico de influências no negócio de um centro de dados em Sines terem invocado o seu nome como tendo tido intervenção para desbloquear procedimentos.
O MP considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus, responsável pelo centro de dados, de acordo com a indiciação.
No dia da demissão, Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável”.