Desta vez a proibição do consumo de carne de cão na Coreia do Sul vai mesmo avançar.  O governo preparou uma lei nesse sentido que deve ser aprovada no parlamento até ao final deste ano, avança a agência noticiosa britânica Reuters.

“Está na altura de pôr fim aos conflitos sociais e às controvérsias em torno do consumo da carne de cão através da promulgação de uma lei especial”, disse o líder do Partido Popular (que está no governo), Yu Eui-dong, numa reunião com autoridades e ativistas, conta a Sky News.

No encontro, o ministro da Agricultura demonstrou o seu  forte apoio à medida, tendo Yu Eui-dong referido que o acordo bipartidário vai garantir que o projeto-lei passe pelo crivo dos deputados, continua a mesma fonte. Além disso, o Presidente da Coreia do Sul já se manifestou a favor desta lei.

A medida culmina a luta de anos de vários movimentos de defesa dos animais. A opinião pública sul-coreana (com destaque para a das camadas mais jovens) tem progressivamente contestado este costume antigo — há uma crença na península coreana que defende que a carne de cão ajuda a suportar o calor do verão.  Uma sondagem do instituto Gallup Coreia, de 2022, revelou que 64% dos sul-coreanos se opunham ao consumo de carne de cão, e apenas 8% confessavam tê-la comido nesse ano — um valor abaixo dos 27% registados em 2015; recorda a Sky News.

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A causa chegou mesmo a mobilizar a primeira dama sul coreana Kim Keon Hee. Aliás, o casal presidencial acabou por adotar cães abandonados. E já o antigo Presidente Mon-Jae Yin, se apresentara, durante o seu mandato, como um grande defensor destes animais, revelando ter tido vários cães de companhia.

Presidente da Coreia do Sul abre a porta à proibição do consumo de carne de cão

Não admira pois que a Humane Society International tenha reagido com entusiasmo à notícia da iniciativa. “Um sonho que se tornou realidade para todos nós que fizemos campanha tão arduamente para acabar com esta crueldade”, disse à Reuters.

No entanto, a medida não terá efeitos imediatos. O mesmo setor que tem impedido outras tentativas legislativas de avançarem pesou agora na decisão de criar um período de transição de três anos para a indústria e o comércio se adaptarem. Por outras palavras: a proibição só será real em 2026.

Tendo em conta que na Coreia do Sul há 1.150 quintas de criação de cães, 34 matadouros, 219 empresas de distribuição e cerca de 1.600 restaurantes que têm esta carne nas ementas, de acordo com os dados da Reuters, o projeto-lei estipula ainda um apoio financeiros do governo para os afetados por esta medida.