O PS criticou, esta segunda-feira, o executivo da Câmara de Coimbra, que se recusa a entregar um relatório financeiro detalhado dos gastos com os concertos dos Coldplay, com os socialistas a admitirem recorrer “às instâncias competentes”.

No final de outubro, no período antes da ordem do dia de uma reunião do executivo, o vice-presidente da Câmara de Coimbra, Francisco Veiga, mostrou uma apresentação com os gastos associados aos quatro concertos da banda britânica Coldplay, que decorreram em maio.

Na altura, o vice-presidente referiu que a promotora dos concertos Everything is New tinha investido 545 mil euros na recuperação do Estácio Cidade de Coimbra, mas não apresentou qualquer documento a detalhar tal investimento.

“Pedi formalmente por escrito o relatório e recusa-se a entregar, remetendo para a apresentação que [o vice-presidente] fez numa reunião de Câmara”, afirmou a vereadora do PS Regina Bento, considerando que essa apresentação não é suficiente e é necessário um relatório financeiro detalhado de toda a operação, nomeadamente todo o investimento feito pela promotora no Estádio Cidade de Coimbra, que “é um equipamento municipal público”.

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A vereadora na oposição acusou o executivo liderado pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD/CDS/Nós/Cidadãos!/PPM/Aliança/RIR e Volt) de não estar a ser transparente quanto aos gastos da promotora no estádio. “Estão a violar a Constituição, o Código do Procedimento Administrativo e a norma de controlo interno, que este executivo aprovou. Reitero os pedidos já feitos para que seja disponibilizado o relatório financeiro dos concertos dos Coldplay e agendá-lo para uma reunião de câmara para poder ser analisado e discutido”, defendeu.

Regina Bento salientou que, caso tal não seja feito, o PS irá recorrer “às instâncias competentes para tornar o relatório público”. Em resposta à agência Lusa, a vereadora esclareceu que o PS poderá recorrer à Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA) e à Inspeção-Geral das Finanças.

O vice-presidente da Câmara de Coimbra afirmou que as intervenções no Estádio Cidade de Coimbra foram feitas no âmbito de um acordo autónomo entre a promotora e Associação Académica de Coimbra — Organismo Autónomo de Futebol (AAC/OAF), clube que gere aquele equipamento desportivo. “Aquilo que se passou entre a Everything is New e a AAC/OAF não nos diz respeito”, vincou Francisco Veiga.

Já o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, acusou o PS de “mentalidade aldeã”, referindo que, caso a oposição tenha dúvidas das contas da Everything is New, que peça diretamente à promotora o investimento detalhado. “Não tem a ver com menor ou maior transparência”, salientou, acusando o PS de “demagogia”, por o estádio ser gerido pela AAC/OAF.