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Daniel voltou a mostrar que são poucos mas bons (a crónica do Tondela-Sporting)

Este artigo tem mais de 6 meses

Sporting encheu o campo de criatividade quando precisava e esvaziou o jogo de ideias quando tinha a passagem garantida numa vitória em Tondela que deu um "reforço" a Rúben Amorim para janeiro (1-2).

Daniel Bragança inaugurou o marcador e fez a assistência para o 2-0 de Paulinho numa grande primeira parte do Sporting em Tondela que não teve depois continuidade
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Daniel Bragança inaugurou o marcador e fez a assistência para o 2-0 de Paulinho numa grande primeira parte do Sporting em Tondela que não teve depois continuidade

LUSA

Daniel Bragança inaugurou o marcador e fez a assistência para o 2-0 de Paulinho numa grande primeira parte do Sporting em Tondela que não teve depois continuidade

LUSA

A vitória do Sporting frente ao FC Porto deixou os leões na liderança do Campeonato no Natal mas funcionou como algo bem maior do que isso. Por um lado, a equipa verde e branca conseguiu quebrar o histórico de derrotas seguidas com os dragões que começava a ter algum peso entre uma final da Taça da Liga perdida e outros encontros com polémica à mistura. Depois, o conjunto leonino continuava sem ganhar nenhum jogo contra os primeiros classificados, entre o empate em Braga e as derrotas na Luz e em Guimarães. Por fim, o primeiro lugar era quase um reforço extra de confiança não só na prova mas para o resto da época, sendo que o próximo mês de janeiro será mais um teste à capacidade da equipa tendo em conta as ausências esperadas de Diomande, Geny Catamo e Morita. Antes, havia Taça da Liga, uma prova “ao jeito” de Rúben Amorim.

Sporting vence em Tondela por 2-1 e vai defrontar Sp. Braga na Final Four da Taça da Liga

“Valorizo todos os troféus, o ano passado não ganhámos nenhum. Esta é uma oportunidade para ganhar e nós valorizamos muito a Taça da Liga, como equipa técnica temos um grande carinho porque foi o primeiro que ganhámos. Depois, temos jogado contra grandes rivais, valoriza muito. A nossa grande preocupação é vencer o jogo e meter todos os jogadores ao mesmo nível. Há paragem do Natal, damos sempre um dia extra depois. Temos de ter uma equipa muito competitiva e testar coisas novas para o que aí vem. Queremos aproveitar cada minuto, ganhar o jogo e colocar todos os jogadores no mesmo patamar. Olhamos com muita atenção para todos, para preparar o futuro”, destacara o técnico, deixando a ideia de que iria fazer várias mudanças na equipa sem tirar competitividade no jogo em Tondela onde o empate seria suficiente.

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“Mas essa obrigação de ganhar. Existem vários resultados possíveis mas só pensamos na vitória e em não relaxar. Vamos ter um mês de janeiro difícil e temos de preparar o futuro garantindo a Final Four. Alguns jogadores da formação vão jogar mas já estão no plantel principal, não haverá novidades da equipa B ou dos Sub-23. Sabemos que temos que ganhar sempre, não neste caso em específico, mas no jogo a seguir porque todas as equipas grandes têm de ganhar para ganhar títulos. Não jogando bem poderão pôr em risco a sua utilização no jogo a seguir”, alertara também o técnico do Sporting, fazendo quase um aviso geral à navegação no que toca às oportunidades que se vão abrir a breve prazo por lugares que estavam “tapados”.

Era esse o tom principal que Rúben Amorim queria deixar não só para o encontro em Tondela mas também para os seguintes, a começar pela viagem ao Algarve para defrontar o Portimonense no último compromisso do ano civil e passando depois para um mês de janeiro cheio com a possível Final Four da Taça da Liga ainda à mistura. “Acho que o mais difícil será substituir os jogadores que vão para as competições das seleções. O Coates e o St. Juste estão lesionados também, o que é uma preocupação porque temos jogado sempre com três centrais. O Morita também pode ser um problema. Sabemos que não podemos comprar jogadores para substituir esses que daqui a um mês estarão aqui de volta. Quando voltarem ficará tudo mais calmo e tranquilo. Estamos preocupados com os jogadores que vão estar fora naquele mês e meio. Num mês e meio pode decidir-se tudo porque temos a Taça de Portugal e a Final Four da Taça da Liga. Vai ser um mês complicado e tentaremos arranjar soluções”, frisou, não se mostrando preocupado com possíveis saídas de Gyökeres ou Gonçalo Inácio na janela de mercado de inverno “porque será sempre pela cláusula”.

Se Rúben Amorim queria um presente, o encontro em Tondela, na primeira parte não podia ter sido melhor. O resultado por si só seria suficiente para deixar o técnico satisfeito, tendo em conta que o Sporting carimbou pela sétima temporada consecutiva a presença na Final Four da Taça da Liga, mas tão ou mais importante do que isso foi mesmo a forma comprometida com que a equipa entrou em campo. A ter prazer em jogar, a seguir à risca o plano gizado para o encontro, a aproveitar os equívocos táticos sem bola do Tondela para mostrar a sua melhor versão – que foi tudo aquilo que depois não aconteceu no segundo tempo, também pelas alterações que foram feitas. Dentro dessa ideia, o destaque foi para Daniel Bragança, médio que soube perceber de forma exemplar o jogo, as suas características e as necessidades da equipa para, pela primeira vez na carreira, marcar e assistir no mesmo encontro. O plantel do Sporting pode ser curto em alguns setores, sobretudo no meio-campo, mas o jogador formado na Academia que foi durante largos anos o capitão e líder de várias equipas de categorias diferentes provou que podem ser poucos mas são bons.

Ficha de jogo

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Tondela-Sporting, 1-2

3.ª jornada do grupo C da Taça da Liga

Estádio João Cardoso, em Tondela

Árbitro: David Rafael Silva (AF Porto)

Tondela: Ricardo; Tiago Almeida, Bebeto (Xavier, 60′), Abdoulaye Ba, Ricardo Alves, Lucas Barros; Yaya Sithole (Hélder Tavares, 72′), Lucas Mezenga, Ceitil (Costinha, 82′); Luan Farias (Rui Gomes, 60′) e Daniel dos Anjos (Gustavo França, 60′)

Suplentes não utilizados: Léo, Luís Rocha, Cuba e Pedro Maranhão

Treinador: Tozé Marreco

Sporting: Franco Israel; Luís Neto (Eduardo Quaresma, 63′), Gonçalo Inácio, Matheus Reis; Ricardo Esgaio (Geny Catamo, 85′), Hjulmand, Daniel Bragança (Dário Essugo, 63′), Nuno Santos (Afonso Moreira, 85′); Francisco Trincão, Pedro Gonçalves (Marcus Edwards, 46′) e Paulinho

Suplentes não utilizados: Adán, Diomande, Morita e Gyökeres

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Daniel Bragança (18′), Paulinho (32′) e Hélder Tavares (76′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Ricardo Alves (12′), Luan Farias (16′), Luís Neto (45′), Lucas Mezenga (54′) e Abdoulaye Ba (85′)

O encontro começou com o Sporting a não querer perder tempo a resolver a questão. Assumiu o controlo do jogo, foi tentando variar rápido entre corredores, deu largura em momento ofensivo, esteve sempre atento nas tentativas de saída do Tondela. Até o golo esteve perto de surgir numa fase mais madrugadora depois de um canto de Pedro Gonçalves à direita com o arco para fora a encontrar Paulinho para o desvio de cabeça que bateu na trave já depois de um corte de Lucas Mezenga que por pouco não virou autogolo (5′). Logo a seguir, após uma diagonal de Francisco Trincão da direita para o meio, Daniel Bragança testou a meia distância à entrada da área mas Ricardo Silva defendeu de forma segura (7′). Até as nuances táticas nas movimentações, com as subidas de Matheus Reis como se fosse um ala para que Pedro Gonçalves jogasse mais por dentro, iam provocando problemas a um Tondela que preferia não pressionar alto para não se desorganizar.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Tondela-Sporting em vídeo]

O golo era um cenário quase inevitável, também por “culpa” dessa postura dos beirões que permitia outra liberdade para as subidas dos centrais e para o aparecimento dos médios centro em zonas mais próximas da baliza. Foi assim que o Sporting conseguiu inaugurar o marcador, numa jogada coletiva de qualidade a passar por Paulinho, a ter Nuno Santos na assistência e a ser concluída por Daniel Bragança, a parar no peito e a rematar de primeira de pé esquerdo na área (17′). A própria linguagem corporal dos jogadores do Sporting e a forma como iam comunicando de forma descontraída entre sorrisos ilustrava da melhor forma a fase que a equipa atravessa, com grande confiança e conforto na partida tendo em vista um novo golo que pudesse praticamente fechar a questão do apuramento para a Final Four. E não demorou.

Em mais uma fantástica jogada coletiva daquelas que se fazem nos treinos mas que poucas vezes conseguem sair em jogo, Matheus Reis viu a desmarcação de Pedro Gonçalves por dentro, combinou com Paulinho antes de colocar em Daniel Bragança à entrada da área e o médio assistiu para o remate na passada de Paulinho de pé direito para o 2-0 (32′). Mais uma vez, o jogo interior de Pote e as movimentações de Bragança faziam a diferença, com o Tondela desprovido de referências de marcação e sem perceber como travar as investidas verde e brancas como se viu uns minutos depois numa assistência de Pedro Gonçalves em balão por cima da defesa visitada para o cabeceamento de Paulinho que ficou nas mãos de Ricardo Silva (37′). O intervalo iria chegar com 2-0 num encontro de sentido único mas com Paulinho a voltar a ameaçar o golo, desta vez num lance que acabaria por ser anulado por fora de jogo do avançado no início da jogada.

Ao intervalo, também a pensar na normal gestão física para o encontro em Portimão da próxima jornada do Campeonato onde além dos lesionados Coates, Fresneda e St. Juste não estarão os castigados Gonçalo Inácio e Hjulmand, Rúben Amorim retirou de campo Pedro Gonçalves e apostou em Marcus Edwards, colocando o inglês à esquerda para fazer as mesmas movimentações interiores para o meio. No entanto, num plano geral, a intensidade coletiva do Sporting baixou no arranque do segundo tempo. A capacidade de controlar o jogo era mesma, a agressividade e velocidade nos ataques aos movimentos no meio-campo contrário colocaram uma mudança abaixo e com isso os minutos foram passando sem remates ou oportunidades de golo apesar dos cânticos atrás da baliza para onde atacavam onde estavam concentrados muitos dos adeptos leoninos, sempre prontos para levantarem-se a aplaudir quando Gyökeres seguia para a zona de aquecimento.

Foi preciso esperar 20 minutos para o jogo “recomeçar” com balizas, com Francisco Trincão a surgir na área para um remate que saiu fraco para defesa de Ricardo Silva (65′). Logo no minuto seguinte, Paulinho saiu da sua zona de conforto na área, ganhou espaço para a meia distância e atirou para nova intervenção do guarda-redes dos beirões (66′). E ainda houve um cabeceamento sem aparente perigo mas que poderia ter dado o 3-0, com Dário Essugo a surgir ao segundo poste após canto a desviar de cabeça ao lado (69′). A chegada do golo parecia inevitável, a baliza acabou por ser uma surpresa: numa das raras chegadas à baliza contrária, Matheus Reis teve uma má abordagem a um cruzamento da esquerda e Hélder Tavares aproveitou para fazer o 2-1 num remate acrobático (76′). A partir daí, Trincão viu Abdoulaye tirar um golo feito, Nuno Santos falhou de baliza aberta, Rui Gomes ainda atirou às malhas laterais mas o resultado estava feito, sendo que a própria reaçao do Tondela foi mais permitida pelo Sporting do que “conseguida” pelos beirões.

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