A vitória com o Nápoles permitiu recuperar o fôlego depois da derrota frente ao Bolonha, novo desaire com a Juventus em Turim deixou a posição na Serie A mais complicada tendo em vista esse objetivo mínimo do top 4 do Campeonato para o regresso à Liga dos Campeões. A Roma não tinha propriamente um final de ano de “favas contadas” mas acabou por vacilar nos jogos grandes, virando para 2024 na sétima posição da Serie A tendo pela frente o playoff de acesso aos oitavos da Liga Europa e ainda a Taça de Itália, outro dos caminhos para os giallorossi voltarem aos títulos. E confiança não faltava a José Mourinho, que deixou uma mensagem para dentro no início do ano antes de fazer um balanço positivo a tudo o que se passou em 2023.
“Em condições normais teria sido um ano histórico para a Roma. Teria conquistado um título europeu pelo segundo ano consecutivo, teria disputado a Supertaça Europeia e teria garantido a presença na Liga dos Campeões. Os deuses do futebol assim não quiseram. Não foram os deuses do futebol, foi uma noite infeliz de uma equipa de arbitragem da elite europeia. Desejo ser feliz e fazer felizes os outros. Garantir a presença na Liga dos Campeões seria muito bom, tendo em conta as nossas limitações. Se não sonhas, nunca alcanças. Sonhamos e trabalhamos arduamente para o conseguir”, comentara o português na mensagem de Fim de Ano, recordando o trabalho de Anthony Taylor na final da Liga Europa com o Sevilha.
“Nós, apenas nós, avançamos juntos. É pelas pessoas que devemos ir além dos nossos limites. Não devemos abrir mão de nenhum objetivo: lutar até ao fim por um lugar na Liga dos Campeões e chegar à fase final das taças”, terá enviado numa mensagem a todos os jogadores na passagem de ano, como que deixando o mote para a segunda metade da temporada que poucos ou nenhumas alterações trará no plantel, tendo em conta as necessidades de cumprir o fair-play financeiro da UEFA que dá pouco mais de 1,5 milhões de euros aos responsáveis do clube para tentarem reforçar a equipa (tendo ainda de sair alguém nesse cenário).
Já esta semana, de acordo com o Corriere dello Sport mas sem qualquer confirmação de alguma das partes em causa, José Mourinho terá também recusado uma abordagem indireta da Confederação Brasileira de Futebol para poder treinar a seleção depois da renovação de contrato de Carlo Ancelotti com o Real Madrid, mostrando-se focado nos últimos seis meses de vínculo com a Roma para poder cumprir todos os objetivos e abrir a porta de uma renovação. E não foi o início que o português “sonhava”, com a Cremonese a sair para o intervalo em vantagem até lançar Kristensen e Zalewski para as alas e Dybala para o ataque ao lado de Lukaku, com o argentino a marcar um golo e a fazer uma assistência para a reviravolta que apurou a Roma para os quartos da Taça de Itália onde irá encontrar a Lazio para um eletrizante dérbi da capital.
A Cremonese entrou com a lição bem estudada em relação às melhores formas de travar o ataque da equipa da casa, que apostou na artilharia pesada (à exceção de Dybala, a começar no banco depois de um período de lesão) para resolver cedo a partida, e foi adiando o provável golo inaugural da Roma entre quarto amarelos em 25 minutos que iam condicionando a defesa e o meio-campo. Ainda assim, e dentro desse colete de forças que tinha pela frente, o conjunto de José Mourinho teve duas oportunidades flagrantes no mesmo lance em que Belotti desviou de forma atabalhoada para defesa de Andreas Jungdal para a frente e Pellegrini, na recarga, acertou com estrondo na trave (27′). A Roma controlava mas bastou um erro defensivo para que tudo mudasse, com a Cremonese a aproveitar a apatia dos visitados para inaugurar o marcador por Frank Tsadjout num remate na área que culminou um lance com insistências e segundas bolas (37′).
Mourinho sentava-se no banco para começar a desenhar um plano B de resgate da equipa para o segundo tempo, lançando Kristensen e Zalewski para dar largura ao jogo coletivo pelas laterais e trocando Belotti por Dybala em busca de outro tipo de desequilíbrio que não surgissem quase sempre na exploração das bolas em profundidade. O argentino não demorou a fazer a diferença, isolando Lukaku com uma linha de passe que só ele conseguiu ver (47′), mas a desvantagem mantinha-se entre uma bola em cheio no poste de El Shaarawy após diagonal da esquerda para o meio (54′) e um susto evitado por Svilar após um passe longo do guarda-redes contrário mas o empate acabou por chegar no último quarto de hora, com Dybala a combinar com Lukaku para o 1-1 do belga que deixou Mourinho ainda mais interventivo na zona técnica e a pedir o apoio dos adeptos (77′) antes da grande penalidade que fez a reviravolta convertida por Dybala (85′).