Há uma certeza: a meio desta semana — terça, quarta e quinta-feira — vai fazer muito frio. As mínimas podem descer até -7ºC no interior, onde as máximas não devem ir além dos 0ºC. E mesmo no litoral, como é o caso de Lisboa, as noites vão ser geladas, com os termómetros a não passarem dos 3º a 4ºC, e é bem provável que em todo o país, a partir de quarta-feira, durante o dia, não haja temperaturas acima dos 10º/11ºC. Mas há também ainda algumas dúvidas: até onde vai chegar mesmo esta massa de ar frio e quão gelada ela será?

Os modelos meteorológicos começaram a prever este frio logo no início da semana passada, mas com todos os ‘ses’ que a meteorologia inclui. Porque, como o próprio IPMA avisa, no comunicado em que alerta para o tempo gelado que se aproxima, basta um pequeno desvio para que todas as previsões se alterem. E esse desvio passa essencialmente pela mudança do anticiclone dos Açores, que neste momento se expandiu até quase às ilhas britânicas e está a causar um bloqueio em Ómega, permitindo que cheguem à Península Ibérica frentes frias (e húmidas) vindas quer do Polo, pelo Atlântico Norte, quer do Ártico, pelo Continente Europeu, neste caso da Escandinávia.

O frio deste fim de semana, com valores ligeiramente abaixo do normal para a época do ano, deveu-se a uma massa de ar com origem polar, vinda precisamente pelo Atlântico Norte. A partir deste segunda-feira, as temperaturas sobem muito ligeiramente, mas voltaremos a ter chuva, porque a massa de ar frio dará lugar uma massa de ar marítimo, trazendo uma depressão que entrará a oeste da Península. A chuva será mais provável no centro e no sul, e menos no norte.

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Por isso, mesmo com o ar um pouco mais quente, sobretudo no litoral e no centro e sul, não é de excluir que neve nos pontos mais altos, como a Serra da Estrela e no nordeste transmontano. Há, aliás, avisos amarelos para neve em dois distritos, Vila Real e Bragança, entre as 18h00 desta segunda-feira e as 3h00 da madrugada de terça.

A partir do fim da tarde de terça-feira, dia 9, há como que um choque de massas. Porque a massa de ar frio polar que passou por nós, e a marítima, que transporta a chuva, haverão de cruzar-se algures com a bolsa de ar frio que aí vem, em altitude, desde a região da Escandinávia (onde se têm batido recordes de temperaturas negativas) em direção a nós. Essa bolsa de ar frio irá, à partida, ficar localizada no norte da Península Ibérica. E será ela que mandará então no tempo a partir do meio da semana: só que todos estes movimentos poderão fazer com que ela se desvie, mais para norte ou mais para sul, sendo impossível para já determinar quão grande será e que efeitos pode provocar.

De qualquer forma, parece garantido que a partir de terça à noite as temperaturas, em especial as mínimas, caem a pique. Segundo as primeiras previsões do IPMA, que já emitiu o tal comunicado para o tempo frio, até terça-feira esperam-se temperaturas mínimas entre -5 e 0°C no interior norte e centro, de até 1 a 5°C no interior sul e litoral norte e centro e de até 8°C no litoral sul. Depois, na quarta e quinta, prevê-se uma descida generalizada de 2 a 5°C em relação a estes valores por causa da tal bolsa de ar frio escandinavo.

As mínimas podem assim chegar até aos tais -7°C em alguns locais do nordeste transmontano e Beira Alta, e perto de 0°C em vários locais do litoral do norte e centro, com formação de gelo ou geada. Já as máximas devem variar entre 4 e 8°C no interior norte e centro e em alguns locais da região centro, incluindo a Grande Lisboa, onde não deverão ultrapassar os 10°C.

O IPMA colocou os distritos de Bragança, Viseu, Guarda e Vila Real sob aviso amarelo de tempo frio da 1h53 até às 10h desta segunda-feira, prevendo que as temperaturas possam chegar aos -3°C em Bragança e -2ºC em Vila Real e na Guarda.

Há ainda um detalhe: o vento. Que será moderado a forte (nas terras altas), fazendo com que a sensação térmica desça, ou seja, que pareça que esteja mais frio. E como este é um frio continental, é aquele frio seco, que, com o vento, parece que se entranha pela roupa dentro.

Se chover, e há alguma probabilidade disso acontecer nesses dias, ainda que abaixo de 40%, é de esperar neve em cotas muito baixas — 800 metros —, nas zonas do norte e centro.

Até lá, é continuar com algum frio, com chuva e esperar para ver se os movimentos meteorológicos se mantêm. Depois, se assim for, nada a fazer: é janeiro, tempo dele. Agasalhos e evitar mais gripes.