Morreu Franz Beckenbauer, histórico jogador alemão que conquistou o Campeonato do Mundo e a Liga dos Campeões e foi galardoado com a Bola de Ouro em duas ocasiões. A notícia foi confirmada pela família em comunicado. O antigo central tinha 78 anos.

“É com profunda tristeza que anunciamos que o meu marido e o nosso pai, Franz Beckenbauer, faleceu pacificamente enquanto dormia ontem, domingo, rodeado pela família”, pode ler-se na nota emitida pela mulher e pelos filhos. A ideia de que o estado de saúde do alemão era delicado já tinha surgido nos últimos dias do ano, através do irmão Walter, que tinha referido que “estaria a mentir” se dissesse que o antigo jogador estava bem.

Nascido em setembro de 1945, em Munique, Frank Beckenbauer integrou as camadas jovens do Bayern no final da década de 50. Depois de começar a jogar no ataque, depressa passou para o setor intermédio, espaço que ainda ocupava quando se estreou pela equipa principal num playoff de acesso à Bundesliga, em 1964. Fez parte do grupo do Bayern Munique que tornou o clube numa das potências da Alemanha, subindo rapidamente a capitão, conquistando a Taça das Taças em 1967 e recuando no terreno até à posição de central onde se tornou um dos melhores de sempre. Pelo meio, ficou com a alcunha Der Kaiser, “O Imperador”, que acabou por acompanhá-lo até ao fim da carreira.

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Nas 13 temporadas que passou no Bayern Munique, de 1964 a 1977, ganhou a Bundesliga em três anos consecutivos e também foi campeão europeu três vezes, conquistando a Taça dos Campeões Europeus em 1974, 1975 e 1976. Foi galardoado com a Bola de Ouro em 1972 e 1976, sendo ainda um dos poucos defesas a receber a distinção, e ainda ficou no segundo lugar da votação em 1974 e 1975.

Ao mesmo tempo, ao serviço da RFA, somou 103 internacionalizações e marcou 14 golos. Conquistou o Europeu 1972 e o Mundial 1974, participando ainda nas finais perdidas no Mundial 1966, contra Inglaterra, e no Europeu 1976, contra a Checoslováquia. Retirou-se da seleção nacional em 1977, aos 31 anos, na mesma temporada em que decidiu deixar o Bayern Munique e rumar aos Estados Unidos para assinar pelo New York Cosmos — tornando-se num dos primeiros jogadores a apostar na chamada “reforma dourada”.

Passou três anos em Nova Iorque, onde foi colega de equipa de Pelé e do português Seninho, conquistando o Soccer Bowl nas três temporadas. Regressou à Alemanha para representar o Hamburgo, vencendo uma última Bundesliga, e terminou a carreira em 1983 e com uma derradeira época nos Estados Unidos e no Cosmos. Ao todo, somou 754 jogos oficiais por clubes, um número assinalável numa altura em que ainda não existiam tantas competições.

Começou a carreira de treinador logo no ano seguinte, em 1984, quando foi o eleito para substituir Jupp Derwall como selecionador nacional da RFA. Levou a equipa até à final do Mundial 1986, que perdeu para a Argentina de Diego Armando Maradona, e liderou a vingança do Mundial 1990, com a RFA a conseguir derrotar os argentinos na final de Roma. Com esse triunfo e em conjunto com Mario Zagallo e Didier Deschamps, Beckenbauer é um dois apenas três homens que conseguiram vencer o Campeonato do Mundo como jogador e treinador e é um de apenas dois (também com Deschamps) a tê-lo feito como capitão e selecionador.

Passou ainda pelo Marselha, onde só ficou um ano mas conseguiu conquistar a Ligue 1 e chegar à final da Taça dos Campeões Europeus, e voltou à Alemanha para orientar o Bayern Munique e vencer a Bundesliga noutras duas ocasiões. Foi depois presidente dos bávaros e vice-presidente da Federação Alemã de Futebol, ficando muito ligado à candidatura vencedora à organização do Mundial 2006.