Em condições normais, Sporting e Benfica iriam apenas defrontar-se no início de abril, quando Alvalade for palco do dérbi da segunda volta para o Campeonato. Por questões de cruzamento, até podem chegar à final do primeiro troféu oficial de 2024 caso vençam as respetivas meias-finais da Taça da Liga. E caso o sorteio e os sucessos desportivos assim o digam, podem ainda jogar não só na Taça de Portugal como na própria Liga Europa (num cruzamento entre conjuntos portugueses como não acontece há mais de uma década). Todavia, uma “guerra” de comunicados esta sexta-feira acabou por antecipar fora de campo os duelos entre rivais lisboetas nos relvados, com os leões a abrirem hostilidades e os encarnados a responderem de imediato.
“No seguimento das notícias divulgadas recentemente, em que dois ex-jogadores do Rio Ave confirmaram em tribunal ter recebido propostas para perder jogos contra o Benfica, a Sporting SAD reitera que a verdade desportiva não pode ser deturpada por comportamentos criminosos. Este é mais um processo cujos graves contornos colocam em causa o bom nome, o funcionamento e a reputação do futebol português. A corrupção e o aliciamento de jogadores mancham a verdade desportiva das competições”, começa por dizer o texto lançado no site oficial do clube, recordando aquilo que foram os depoimentos do guarda-redes Cássio e do central Marcelo (que passou por Alvalade) sobre uma alegada tentativa de aliciamento feita por parte do agente César Boaventura em nome das águias para que facilitasse o triunfo dos lisboetas em 2015/16.
“A Sporting SAD considerou, após a devida análise, que o inquérito do Ministério Público continha factos sobre a relação próxima de César Boaventura com a Benfica SAD que deveriam ter sido investigados em sede de inquérito, tendo requerido a intervenção hierárquica. O Ministério Público manteve a posição inicial em que sustentou o arquivamento do processo quanto à Benfica SAD, insistindo na falta de prova. É fundamental que a justiça faça o seu trabalho e que os crimes – e todos os seus intervenientes – sejam exemplarmente punidos. A bem da verdade e a bem da perceção pública que os adeptos têm do futebol e das instituições. Há que legitimar, de uma vez por todas, o desporto nacional e lutar contra os crimes que continuam a envergonhar as instituições”, acrescentou o comunicado emitido pelo Sporting.
Quase de imediato, o Benfica respondeu às acusações feitas pelo rival, apontando não só a casos de justiça que envolveram os leões mas ainda o recente acordo anunciado pelo conjunto verde e branco com o Novo Banco para recompra dos VMOC. “O Benfica lamenta e repudia a posição pública assumida pelo Sporting que, num aproveitamento gratuito e sem qualquer fundamento ou substância, procurou colar ao Benfica um manto de suspeição em nome da verdade desportiva. Num processo que já teve tantas contradições públicas, há pelo menos uma certeza sublinhada pelo Ministério Público: o que quer que se tenha passado em nenhum momento teve a intervenção do Benfica. O que espera o Sporting com isto? Expiar o passado? Retirar ganhos desportivos? Qualquer das opções se afigura lamentável”, começa por questionar.
“Ninguém se vai esquecer de que o Sporting escapou entre os “pingos da chuva” ao processo Cashball. Ninguém se vai esquecer de que um vice-presidente do Sporting depositou 2.000 euros na conta de um árbitro antes de um jogo da sua equipa principal na Madeira. Ninguém se vai esquecer que o Sporting, apesar de a toda a hora apregoar princípios e valores (como se fosse algo que se apregoasse), por manifesto incumprimento sucessivo do clube, impeliu Bancos a concederem-lhe um perdão bancário que ultrapassou os 100 milhões de euros, com claros prejuízos para os contribuintes portugueses e, simultaneamente, com claros benefícios desportivos para o Sporting que, desta forma, numa flagrante concorrência desleal, desfrutou de uma evidente vantagem competitiva face aos outros clubes”, completou a missiva.