O Presidente Nicolás Maduro disse, esta segunda-feira, que a Venezuela foi alvo de “ações de guerra” que fez de 2023 um ano dos mais exigentes para a economia local, que sofreu o impacto das sanções internacionais que, insistiu, devem ser levantadas.
“2023 foi um dos anos mais exigentes, complexos e laboriosos da última década (…) O nosso objetivo central é e será, e vamos conseguir, o levantamento total das sanções contra a República Bolivariana da Venezuela. A Venezuela não é uma colónia que se conforma com autorizações parciais”, disse.
Maduro falava na Assembleia Nacional (parlamento) durante o ato anual de apresentação de “memória e contas” correspondente ao ano de 2023, onde insistiu que, apesar das sanções, a Venezuela regista sete trimestres consecutivos de crescimento económico, 5% do PIB nos últimos 12 meses.
“Desde 2015, quando começou a agressão, a guerra económica e os primeiros sinais de um bloqueio mundial, a produção de petróleo caiu 87%. Não havia financiamento em nenhum lugar do mundo. Fecharam-se as portas aos equipamentos petrolíferos e peças de reposição (…) atingindo o seu nível mais baixo no duríssimo ano de 2020, com 339.000 barris por dia, em comparação com os 2,5 milhões de barris que produzíamos em janeiro de 2015”, explicou.
Maduro sublinhou que “a Venezuela deixou de produzir 3.993 milhões de barris de petróleo devido às sanções, à perseguição e ao bloqueio, o que significou uma perda para o país de 323 mil milhões de dólares [aproximadamente 295 mil milhões de euros]” e que a produção das empresas privadas, que estava entre 80 e 90%, caiu para 5 e 10%.
Maduro atribuiu “o genocídio e o massacre económico” aos que “pediram, exigiram e justificaram” as sanções e estimou em 642 mil milhões de dólares (aproximadamente 586 mil milhões de euros) as perdas por produtos que não foram fabricados, vendas que não efetuadas, serviços não prestados e salários diminuídos.
“Tiraram-nos, roubaram e congelaram 22 mil milhões de dólares [sensivelmente 11,88 mil milhões de euros] que tínhamos nos bancos do mundo, incluindo 32 toneladas de ouro que estão sequestradas em Londres, no Reino Unido. (…) Verdadeiras ações de guerra”, disse.
Maduro precisou que 40 aeronaves da empresa estatal venezuelana Conviasa estão sancionadas e acusou a Argentina de violar as normas da aviação civil internacional ao “sequestrar” um grande avião de carga da Emtrasur, a pedido dos EUA.
“Trinta e nove navios da PDVSA [empresa petrolífera estatal], responsáveis pelo comércio externo da nossa indústria petrolífera, foram sancionados. Os bancos públicos continuam bloqueados. Há mais de 150 empresas públicas e privadas estrangeiras sancionadas por operarem na Venezuela e com a Venezuela”, frisou.
O governante precisou que continuam as sanções à Venezuela para a compra de medicamentos no mercado internacional, matérias-primas e equipamentos para a prestação de serviços públicos e sublinhou que em 2023 o país teve de “continuar a triangular (…) o que triplica ou quadruplica o preço a pagar”. “Qualquer transação financeira internacional efetuada pelo Governo venezuelano continua a correr o risco de ser apreendida, detida, e os fundos congelados, devido à ameaça de sanções”, frisou.
Explicou que importantes líderes políticos, civis e militares do país, estão sancionados, e que “continua ridiculamente em vigor” a ordem do Departamento de Justiça dos EUA, “que atribui um preço irrisório, à minha cabeça como chefe de Estado e outros altos funcionários”.
Apesar dos efeitos das sanções, Maduro insistiu que o esquema imperial norte-americano não tem sucesso no país e que os venezuelanos não nasceram no dia dos covardes. “O nosso objetivo central é e será o levantamento total de todas as sanções (…) A Venezuela não é uma colónia que se conforma com concessões parciais (…). Está unida, firme e determinada a lutar até conseguir o grande objetivo de que sejam levantadas todas as sanções ilegais contra o nosso país”, disse.