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Zalazar e a ditadura que é essa coisa da eficácia (a crónica do Sp. Braga-Sporting)

Este artigo tem mais de 6 meses

Durante 65', Sporting dominou, teve três bolas nos ferros, falhou inúmeras oportunidades e expôs as dores de crescimento do Sp. Braga. Aí, entrou Abel Ruíz, apareceu Zalazar e jogo virou de vez (1-0).

Abel Ruíz entrou para marcar o golo decisivo do jogo após assistência de Zalazar, que cresceu no jogo após aposta no avançado espanhol
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Abel Ruíz entrou para marcar o golo decisivo do jogo após assistência de Zalazar, que cresceu no jogo após aposta no avançado espanhol

LUSA

Abel Ruíz entrou para marcar o golo decisivo do jogo após assistência de Zalazar, que cresceu no jogo após aposta no avançado espanhol

LUSA

Oito encontros, quatro competições distintas, um resultado comum de vitória. Era difícil o Sporting chegar à Final Four da Taça da Liga em melhor momento perante a resposta às derrotas na Liga frente a Benfica e V. Guimarães e ao empate em Bérgamo com a Atalanta que diluiu a possibilidade de chegar ao primeiro lugar da Liga Europa, era difícil encontrar melhor contexto para reagir também às muitas ausências pelas provas internacionais em África e na Ásia e pelas lesões. No entanto, e à exceção do triunfo caseiro com o FC Porto, os leões tinham quase contas a “acertar” nos encontros grandes, que começaram na presente temporada com um empate na Pedreira diante do Sp. Braga. Agora, havia o reencontro. E um reencontro que valia o acesso à primeira final do ano civil de 2024, contra o vencedor da partida entre Benfica e Estoril.

Sp. Braga vence Sporting com golo de Abel Ruíz e está na final da Taça da Liga

“Estivemos um ano sem vencer, neste caso são dois mas refiro-me a temporadas desportivas. Tornou-se obrigatório vencer títulos esta época. Sp. Braga? É uma competição diferente, basta olharmos para a época passada. O Sp. Braga estava muito bem, nós não, tínhamos sido eliminados da Taça de Portugal, da Liga dos Campeões, mas como era uma prova diferente conseguimos vencer. Vai ser uma espécie de final por toda a envolvência à volta da cidade de Leiria e tudo o que aconteceu no campeonato não vai entrar em campo na Taça da Liga. É um adversário que pode mudar alguns jogadores e isso muda a forma de jogar. São jogadores internacionais, um plantel muito bom e um dos melhores treinadores da história do clube. É um jogo muito difícil e as duas equipas querem chegar à final para ganharem um título. Para nós é obrigatório vencer títulos este ano e queremos começar já”, apontara Rúben Amorim, recordando os sucessos recentes dos leões diante dos minhotos na Taça da Liga entre os quartos de 2022/23 (5-0) e a final de 2020/21 (1-0).

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Do outro lado, o Sp. Braga apostava muito nesta Final Four. Por um lado, estava em causa a possibilidade de voltar à decisão de uma prova depois da final da Taça de Portugal perdida frente ao FC Porto na derradeira temporada; por outro, a possibilidade de inverter de vez aquele que tem sido o principal calcanhar de Aquiles dos minhotos na presente época e que passa pelos encontros diante dos três “grandes”, com um empate ante os leões e três derrotas com FC Porto e Benfica (neste caso a valer também a eliminação da Taça de Portugal). Depois de uma série de três encontros consecutivos sem vitórias, a deslocação a Famalicão na última ronda valeu um precioso triunfo para o Campeonato nos descontos que o conjunto arsenalista queria agora prolongar frente a um adversário a quem ganhara apenas por uma vez em cinco partidas na Taça da Liga.

“Temos de fazer muito e muito de tudo. Vamos ter pela frente um Sporting que é uma equipa que tem mostrado a sua qualidade, muito motivada, candidata a vencer todos os troféus em Portugal. Temos de fazer o nosso papel e sermos mais fortes, tendo ambição em fazer um bom jogo, disputá-lo de forma intensa. Sabemos que vamos ter um mês de grande dificuldade e tendo nós num curto espaço de tempo os resultados que não queríamos era extremamente importante entrar rapidamente no caminho das vitórias. Foi dentro desse espírito, de capitalizar a vitória em Famalicão e estarmos mais confortáveis”, comentara Artur Jorge, que apesar de vários feitos alcançados no comando do Sp. Braga ainda procurava o primeiro troféu no clube.

A presença na final, essa, está garantida. E se é verdade que o resultado fica sempre como o mais importante, a forma como o Sp. Braga chegou a esse triunfo é um momento de festa em forma de “alerta”. Até de forma mais acentuada do que tinha acontecido na Luz e no Dragão, os minhotos pensaram pequeno, foram completamente dominados por um Sporting que teve três bolas nos ferros entre inúmeras oportunidades desperdiçadas no primeiro encontro da temporada em que terminou em branco. Depois, entrou Abel Ruíz. Mais do que isso, Álvaro Djaló saiu do eixo central e Zalazar andou a pisar outros terrenos. Foi essa a chave do golo que fez toda a diferença, em mais uma grande exibição do médio uruguaio que fez a assistência para o 1-0. Segue-se Benfica ou Estoril, com muitas ilações a retirar porque jogos assim são no mínimo raros…

Ficha de jogo

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Sp. Braga-Sporting, 1-0

Meia-final da Taça da Liga

Estádio Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria

Árbitro: Nuno Almeida (AF Algarve)

Sp. Braga: Matheus; Victor Gomez, José Fonte, Paulo Oliveira, Borja; Vítor Carvalho, João Moutinho, Rodrigo Zalazar (Serdar, 87′); Pizzi (Abel Ruíz, 60′), Ricardo Horta e Alvaro Djaló (Roger, 79′)

Suplentes não utilizados: Lukas Hornicek, Joe Mendes, Diogo Fonseca, Chissumba, Rony Lopes e Djibril Soumaré

Treinador: Artur Jorge

Sporting: Franco Israel; Eduardo Quaresma, Coates (Matheus Reis, 68′), Gonçalo Inácio; Ricardo Esgaio (Paulinho, 68′), Hjulmand, Pedro Gonçalves, Nuno Santos; Francisco Trincão, Marcus Edwards (Daniel Bragança, 76′) e Gyökeres

Suplentes não utilizados: Adán, Rafael Pontelo, Neto, St. Juste, Dário Essugo e Afonso Moreira

Treinador: Rúben Amorim

Golo: Abel Ruíz (65′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Eduardo Quaresma (15′), Gyökeres (45+1′) e João Moutinho (81′)

Artur Jorge quis surpreender face ao que tem sido a matriz de jogo do Sp. Braga nos últimos encontros, com a introdução de Zalazar para reforçar o corredor central e ganhar maior capacidade de posse e a saída de Abel Ruíz, deixando assim Álvaro Djaló mais solto no meio para explorar situações de profundidade nas costas de Coates. E até foram os minhotos a beneficiar da primeira ameaça junto da baliza de Franco Israel, com Pizzi a ganhar espaço na linha de fundo antes do cruzamento rasteiro para o desvio de calcanhar com pouco ângulo de Ricardo Horta que ficou nas mãos do uruguaio (2′). Depois, e aos poucos, o Sporting foi conseguindo ter o seu jogo habitual, desta vez com Marcus Edwards de início mais descaído na direita para Francisco Trincão descair sobre a esquerda (e Paulinho no banco). Seria o português que defrontava a equipa de formação a ter o primeiro remate da partida defendido por Matheus (11′) após grande combinação ofensiva pela esquerda entre Nuno Santos e Pedro Gonçalves, que pouco depois acertaria com estrondo no poste (13′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Sp. Braga-Sporting em vídeo]

Rúben Amorim gostava do que via da equipa, ficando apenas com uma cara de poucos amigos no dobrar do primeiro quarto de hora quando Eduardo Quaresma ficou cedo “tapado” com amarelo após um lance em que chegou atrasado e pisou Álvaro Djaló (15′). A resposta do jovem central foi positiva, com dois grandes cortes logo a seguir para ganhar confiança, mas essa seria sempre uma condicionante para o resto de uma partida que começava a ter mais tentativas de saída do Sp. Braga sem grandes efeitos práticos e mais num lance de perigo para o Sporting, desta feita com Edwards a abrir bem na esquerda em Nuno Santos e Trincão a surgir para o remate na área após cruzamento para nova defesa de Matheus (23′). Assim, os minutos iam passando sem golos e com as duas equipas mais preocupadas em nunca perderem o controlo do jogo com e sem bola entre mais uma tentativa de Pedro Gonçalves, agora na área em jeito mas que saiu ao lado (29′).

Os minhotos entravam então numa fase em que tentavam ter mais posse, com uma troca de bola ao primeiro toque a partir da zona do meio-campo a encontrar o espaço que faltava nas costas de Pedro Gonçalves para Zalazar acionar a meia distância que saiu forte mas ao lado (34′). Contudo, essa seria uma exceção dentro da regra de domínio do Sporting que marcou toda a primeira parte, com Nuno Santos a aproveitar uma segunda bola após canto para disparar uma autêntica “bomba” que sofreu ainda um ligeiro desvio de Matheus com a ponta dos dedos para a trave (37′). A toada iria manter-se até ao intervalo, com Eduardo Quaresma a ter mais uma jogada a fintar tudo e todos a partir de trás até ao remate cruzado que saiu ao lado (43′), Trincão a tentar também a meia distância que não teve melhor resultado (44′) e Nuno Santos a acertar mais uma vez no poste, neste caso após assistência de Pedro Gonçalves ao meio num grande remate de trivela (45+1′).

Se o Sporting tinha sobretudo de corrigir a mira na hora de finalizar, sobrava trabalho para Artur Jorge ao intervalo. Porque o Sp. Braga nunca conseguiu ter muita bola mesmo percebendo que quando tinha causava problemas relativos aos leões. Porque se a marcação a Gyökeres com Vítor Carvalho a recuar muitas vezes para um falso terceiro central estava a resultar mas deixava inúmeros espaços para os outros fantasistas verde e brancos. Porque se Álvaro Djaló tinha vantagem na profundidade, nunca foi lançado nessa ação para “ferir” o adversário. Porque a ala esquerda leonina ganhava de forma constante a melhor com Trincão a vir muitas vezes para dentro para dar a largura a Nuno Santos. As correções que o técnico minhoto ia tentando fazer não resultavam e só mesmo com a ajuda dos postes se mantinha o nulo ao intervalo.

A opção dos minhotos passou por manter os mesmos jogadores e corrigir posicionamentos com essa ideia de que alguns dos objetivos traçados na antecâmara da partida, como travar Gyökeres, estavam a resultar até ao momento. E foi notório logo desde início que havia indicações para haver mais posse mesmo que fosse em zonas mais recuadas, por forma a colocar “gelo” no jogo e deixar que os minutos fossem passando sem golos até ao momento das decisões. No entanto, à mínima falha, o perigo aparecia. Foi assim que, na sequência de um canto para o Sp. Braga, Gyökeres ganhou pela primeira vez a profundidade, acelerou e rematou de pé esquerdo muito perto do poste (54′). Foi assim que, após uma recuperação de bola em zonas mais altas, Edwards devolver o passe ao sueco mas a assistência para o remate do inglês acabou por ser cortada (55′). Foi assim que, numa combinação em tabela muito simples pelo meio à entrada da área, Pedro Gonçalves recebeu o passe devolvido por Francisco Trincão e atirou também muito perto do poste (59′).

Ainda houve mais um lance falhado por Nuno Santos sozinho na área após cruzamento de Gyökeres a partir da direita mas, contra a corrente do jogo, foi mesmo o Sp. Braga a inaugurar o marcador por Abel Ruíz, a desviar de cabeça na área acabado de entrar um cruzamento da direita de Zalazar para o 1-0 (65′). Logo de seguida, após um erro de Franco Israel, os minhotos ficaram a pedir uma grande penalidade por corte com a mão de Matheus Reis num remate de Zalazar mas o VAR mandou seguir perante o desespero do banco dos arsenalistas (70′), ficando assim tudo em aberto para um final de nervos mas com uma versão bem melhor dos bracarenses após a troca de Ruíz por Pizzi. Israel iria redimir-se pouco depois com duas grandes defesas a remate de Zalazar e recarga de Ricardo Horta (75′) mas o Sporting não mais voltou a ter a qualidade de jogo que apresentara até sofrer o golo, com mais passes falhados e demasiado jogo afunilado.

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