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Rúben e a melhor forma de curar um coração partido (a crónica do Sporting-Casa Pia)

Este artigo tem mais de 6 meses

Sporting marcou quatro em meia-hora, foi a ganhar por cinco ao intervalo, acabou nos oito. Leões atropelaram Casa Pia em Alvalade (8-0), esqueceram desgosto da Taça da Liga e mantiveram liderança.

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Os leões chegaram ao intervalo já a vencer por cinco golos de diferença

AFP via Getty Images

Os leões chegaram ao intervalo já a vencer por cinco golos de diferença

AFP via Getty Images

Diz a sabedoria popular que não se esquece um desgosto de amor com uma nova paixão. A sabedoria popular, porém, tem o hábito de se esquecer do futebol. E no futebol, quase sempre, a melhor forma de esquecer um desgosto de amor é mesmo com uma nova paixão. Ou seja, trocando por miúdos, a melhor forma de esquecer uma derrota é mesmo com uma vitória.

E era precisamente um coração partido que o Sporting procurava remendar esta segunda-feira. Depois da eliminação na meia-final da Taça da Liga, contra o Sp. Braga e falhando a possibilidade de discutir o troféu, a equipa de Rúben Amorim recebia o Casa Pia em Alvalade e já sabia que estava obrigada a vencer se quisesse manter a liderança isolada da Liga — porque instantes antes, na Reboleira, o Benfica tinha acabado de golear o Estrela da Amadora.

Ficha de jogo

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Sporting-Casa Pia, 8-0

19.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Hélder Carvalho (AF Santarém)

Sporting: Adán, Gonçalo Inácio (Matheus Reis, 73′), Coates, Eduardo Quaresma, Ricardo Esgaio (Geny Catamo, 58′), Nuno Santos, Hjulmand (Daniel Bragança, 86′), Pedro Gonçalves (Daniel Bragança, 45′), Trincão, Marcus Edwards (Paulinho, 58′), Gyökeres

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Diogo Pinto, Rafael Pontelo, Luís Neto

Treinador: Rúben Amorim

Casa Pia: Ricardo Batista, Gaizka Larrazabal (André Geraldes, 86′), João Nunes (Fernando Varela, 35′), Duplexe Tchamba, Leonardo Lelo, Neto, Beni Mukendi (Rafael Brito, 86′), Tiago Dias (Yuki Soma, 45′), Rúben Lameiras (Fernando Andrade, 72′), Pablo Roberto, Clayton

Suplentes não utilizados: Lucas Paes, Benaissa-Yahia, Felippe Cardoso, Isaac

Treinador: Pedro Moreira

Golos: Coates (14′ e 81′), Gyökeres (23′ e 32′, gp), Pedro Gonçalves (25′), Trincão (43′ e 90+4′), Geny Catamo (64′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a João Nunes (13′), a Hjulmand (38′)

“Sentimos muito as derrotas e não sentia o grupo em silêncio há muito tempo. Sentiram muito a derrota. Sei que ainda estão a pensar no jogo, porque eu sou o mais rápido a passar para o jogo seguinte e até a mim me custou, imaginem aos jogadores. Acho que não vai deixar marcas, porque senti a equipa muito concentrada, mas foi uma das derrotas que sinto que se alongou mais no tempo. É óbvio que, se não ganharmos títulos, sairei pelo meu pé. Mas isso é a conversa de sempre. Não por não conseguirmos ganhar, mas porque dois anos seguidos sem ganhar títulos não pode acontecer. Não muda nada, simplesmente estamos preparados para o jogo e sabemos bem o que o Casa Pia quer fazer. Nós precisamos de que a bola comece a rolar para entrarmos naquilo que queremos fazer”, atirou o treinador leonino na antevisão da partida.

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Neste contexto, em Alvalade e já a contar com Geny Catamo no banco de suplentes — o jogador regressou da CAN depois da eliminação de Moçambique –, Amorim mantinha o onze inicial que tem tido maior regularidade e mantinha a titularidade de Trincão e Marcus Edwards, deixando Paulinho novamente de fora. Do outro lado, sem contar com o indiscutível Zolotić e vindo de apenas uma vitória nos últimos quatro jogos, Pedro Moreira apostava em Tiago Dias no setor intermédio.

Gyökeres teve a primeira aproximação às balizas adversárias, com um cabeceamento que saiu direitinho para as mãos de Ricardo Batista (4′), e Clayton até respondeu do outro lado também de cabeça e também para as mãos de Adán (13′). O Casa Pia colocava as linhas muito recuadas, apostando por inteiro no contra-ataque e até recuando Tiago Dias para uma espécie de lateral esquerdo na hora de defender, e o Sporting pouco ou nada demorou a explorar as fragilidades defensivas do adversário.

Na sequência de um livre cobrado por Nuno Santos na esquerda, Coates subiu mais alto do que todos os outros na grande área e cabeceou para abrir o marcador (14′). Pouco depois, o segundo golo. Gonçalo Inácio soltou Pedro Gonçalves em velocidade na esquerda e o médio português colocou rasteiro na área, com Gyökeres a encostar para aumentar a vantagem (23′). Dois minutos depois, o terceiro golo. Hjulmand tirou da manga um passe perfeito a isolar Pedro Gonçalves e o médio leonino, na cara de Ricardo Batista, atirou para dilatar o resultado (25′).

Mas ainda nada tinha parado. À passagem da meia-hora, Gyökeres desequilibrou na esquerda e foi carregado em falta por João Nunes na grande área, com o árbitro da partida a assinalar grande penalidade: na conversão, o avançado sueco bisou, carimbando não só a melhor temporada da carreira (23 golos) como o estatuto de melhor marcador da Liga (15 golos, mais um do que Simon Banza). Com o jogo a fugir-lhe completamente das mãos, Pedro Moreira decidiu tirar João Nunes, que já tinha cartão amarelo, e lançar Fernando Varela.

O Sporting ainda desperdiçou duas oportunidades para marcar, com Trincão a rematar ao lado de fora de área (34′) e Hjulmand a cabecear para uma enorme defesa de Ricardo Batista (37′), mas o quinto golo acabou mesmo por chegar. Edwards surgiu em velocidade na direita, perdeu a bola na área e o lance sobrou para Trincão, que atirou de primeira para aumentar a goleada (43′). Ao intervalo, os leões estavam a atropelar o Casa Pia em Alvalade e tinham a manutenção da liderança isolada do Campeonato praticamente assegurada.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sporting-Casa Pia:]

De forma natural, Rúben Amorim aproveitou o resultado e começou a gerir logo ao intervalo, trocando Pedro Gonçalves por Daniel Bragança no meio-campo, enquanto que Pedro Moreira também voltou a mexer e tirou Tiago Dias para colocar Yuki Soma. E tal como tinha acontecido na primeira parte, a primeira oportunidade também pertenceu ao Casa Pia, com Clayton a cabecear novamente para as mãos de Adán na sequência de um cruzamento de Soma na esquerda (49′).

O encontro caiu em ritmo e intensidade, como era expectável, e o Sporting ia controlando a posse de bola no setor intermédio e aproveitando apenas a exploração da profundidade para chegar mais perto da baliza de Ricardo Batista. O treinador leonino voltou a mexer já perto da hora de jogo, lançando Geny Catamo e Paulinho nos lugares de Ricardo Esgaio e Marcus Edwards, e o moçambicano demorou pouco tempo a aumentar a goleada com um belo remate em jeito de fora de área (64′).

Com o resultado ainda mais avolumado, Amorim poupou Gonçalo Inácio e lançou Matheus Reis no trio de centrais, com Coates a aparecer ainda a bisar ao desviar um cruzamento de Catamo na sequência de um canto (81′). Até ao fim, Dário Essugo ainda teve tempo para substituir Hjulmand e despedir-se de Alvalade, já que muito provavelmente vai seguir por empréstimo para o Desp. Chaves, e Trincão fechou as contas já nos descontos com um grande golo de fora de área (90+4′).

O Sporting atropelou o Casa Pia em Alvalade, mantendo a liderança isolada do Campeonato com mais um ponto do que o Benfica e garantindo que o desgosto de amor da Taça da Liga ficou mesmo arrumado no passado. Afinal, Rúben Amorim sempre soube mostrar a melhor forma de curar um coração partido.

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