A vice-presidente do partido Sinn Fein na Irlanda do Norte, Michelle O’Neill, tornou-se hoje a primeira líder republicana do governo local, ou seja, a favor da unificação da Irlanda. Esta nomeação representa um ponto de viragem histórico na província britânica com um passado marcado por três décadas de conflito sangrento.

O’Neill foi nomeada pelo Parlamento Stormont em Belfast, na Irlanda do Norte, que reiniciou hoje funções após dois anos de impasse ligado ao descontentamento sindical sobre os acordos comerciais pós-Brexit. Em 2022, levou à vitória eleitoral o Sinn Fein, antigo braço político do grupo paramilitar Exército Republicano Irlandês (IRA), algo inédito na Irlanda do Norte. Contudo, foram necessários quase dois anos para que Michelle O’Neill assumisse o comando do governo local porque os sindicalistas, ligados ao elementos da Irlanda do Norte alinhados com o Reino Unido, bloquearam a assembleia local em Belfast.

Unionistas recusam levantar boicote político na Irlanda do Norte

O executivo de Belfast estava sem funcionar desde fevereiro do ano passado devido a um boicote imposto pelo Partido Democrata Unionista (DUP) para pressionar Londres e Bruxelas a renegociarem os termos do acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) que mantêm o território alinhado com as regras do bloco comunitário para evitar uma fronteira física com a Irlanda, o que, na opinião deste partido, dificulta a circulação de mercadorias da Irlanda do Norte com o resto do Reino Unido.

No discurso, citado pelo The Guardian, O’Neill considerou que a nomeação de um primeiro-ministro republicano representa “um novo amanhecer” inimaginável para as gerações anteriores que cresceram com a discriminação contra os católicos. Estará à frente do executivo juntamente com Emma Little-Pengelly, uma Unionista Democrática que foi nomeada vice-primeira ministra, um cargo com igual poder mas menos prestígio.

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