A Reitoria da Universidade de Lisboa vai acolher, entre 2 e 4 de maio, o Congresso Internacional 50 Anos do 25 de Abril, em que será discutido o futuro dos estudos sobre a revolução de 1974, foi esta terça-feira anunciado.
A iniciativa faz parte do programa apresentado, em Lisboa, pela Comissão Comemorativa do cinquentenário da revolução.
Também durante o primeiro semestre do ano será lançada uma nova linha de apoio à criação literária, o quarto concurso para atribuição de bolsas dedicadas à produção de ensaios sobre o 25 de Abril.
As bolsas têm a duração de seis meses e será atribuído um montante global de 60.000 euros, mediante concurso.
Haverá igualmente uma nova edição da iniciativa “Arte pela Democracia”, para apoiar projetos no âmbito das artes visuais, performativas e artes de rua, no valor de um milhão de euros.
A primeira edição teve uma dotação de um milhão de euros, tendo sido selecionados 45 projetos, já em curso por todo o país.
Os resultados dos concursos “Cinema pela Democracia” e “Ciência pela Democracia” serão conhecidos durante o primeiro semestre do ano. De acordo com a informação divulgada pela Comissão, a primeira linha atribui 790.000 euros e a segunda 500.00 euros.
Os programas foram criados em parceria com a Direção-Geral das Artes, o Instituto do Cinema e do Audiovisual, o Fundo de Fomento Cultural e a Fundação para a Ciência e Tecnologia, entre outras entidades. No total, está prevista a atribuição de 3,4 milhões de euros.
25 Abril: Projetos de artes, cinema e investigação já foram financiados em dois milhões
Durante o evento, a comissária executiva, Maria Inácia Rezola, sublinhou que o objetivo das comemorações é contribuir para “uma sociedade mais conhecedora da sua história recente” e também mais participativa, plural e democrática.
A comissão concebeu a exposição “50 Anos para a Liberdade: Portugal, da Ditadura ao 25 de Abril”, que retrata os últimos anos da ditadura e os primeiros momentos pós golpe de Estado, abrangendo um período que vai de 1968 a 1974. A exposição circulará pelo país no âmbito do Dia da Defesa Nacional.
Segundo a mesma fonte, o ano vai ficar ainda marcado por outras três grandes exposições, duas em Portugal e uma em Cabo Verde.
Uma das exposições é dedicada ao Movimento das Forças Armadas (MFA) e à construção da democracia. Ficará patente na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, entre abril e julho e inclui visitas guiadas, conferências, debates e espetáculos.
Já a mostra “De Abril a Abril: 50 Anos, 50 indicadores de mudança” tem um cariz itinerante e ilustra o caminho percorrido por Portugal desde o derrube da ditadura, através de indicadores económicos, num trabalho desenvolvido em parceria com o Instituto Nacional de Estatística. Será inaugurada no Porto, em abril.
O Campo de Concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, foi o local escolhido para uma exposição, a partir de 1 de maio, cujo objetivo é preservar a memória histórica da repressão vivida durante a ditadura. Durante mais de 30 anos, passaram por ali quase 600 presos políticos de Portugal, Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, que só foram libertados no dia 01 de maio de 1974.
A apresentação da programação oficial contou com a presença do presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, e da diretora do Museu Resistência e Liberdade, Aida Rechena.
As comemorações dos 50 anos da revolução dos cravos começaram em março de 2022 e decorrem até 2026, com cada ano a focar-se num tema em particular. A partir de 2024, os três “D” do programa do MFA “começam a ser revisitados”, em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.