O presidente do PSD/Açores e líder da coligação PSD/CDS-PP/PPM, que venceu as eleições regionais de domingo, disse esperar que o PS assuma o seu compromisso com a estabilidade e não exclui nenhum partido de conversações.

Em entrevista à RTP3, José Manuel Bolieiro fez um apelo ao “sentido de responsabilidade dos partidos”, sobretudo ao PS e ao Chega. Na sua opinião, o PS tem de ter “um sentido de responsabilidade pela estabilidade”, por ter governado os Açores durante 24 anos. Quanto ao Chega, tem “uma nova responsabilidade, porque cresceu, e tem de ser elemento da solução e não do problema” e, não pode “fazer chantagem”.

Bolieiro, que não alcançou a maioria absoluta nas eleições, referiu que está disponível para dialogar com todos os partidos, “para garantir as boas propostas de todos, no cenário parlamentar”. “E, obviamente, que não excluo nem o Chega, nem nenhum outro partido das conversações para, no quadro das políticas anuais, designadamente para planos e orçamentos, encontrar soluções”, declarou.

Questionado sobre a disponibilidade para uma negociação lei a lei, medida a medida, no parlamento, respondeu positivamente, “sobretudo no que diz respeito à aposta orçamental e, sim, também a iniciativas políticas e legislativas”. “Agora, este sufrágio também apela à responsabilidade dos partidos políticos com assento parlamentar para garantirem a normalidade de uma democracia que também aceita maiorias relativas”, rematou.

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O líder do PSD/Açores também foi questionado sobre o que espera da reunião que o PS/Açores vai ter na noite de quinta-feira, em Ponta Delgada, para analisar a situação política decorrente das eleições legislativas regionais de domingo.

“Que o PS, que é o partido do arco governativo, assumisse responsabilidade democrática e garantisse, sobretudo, o seu compromisso com a estabilidade”, respondeu, acrescentando: “O que a gente precisa é tudo menos uma crise política”.

Na sua opinião, não há “crédito” nem “reputação democrática” para “quem fizer a política da terra queimada”.

Confrontado sobre o que disse o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, se houver uma maioria relativa nas eleições nacionais, não haverá qualquer entendimento com o PSD, o social-democrata retorquiu: “Matar o interesse nacional da estabilidade governativa, de uma opção de cumprimento de legislatura por princípio, acho que isso é falta de maturidade democrática e política no país”.

Sobre a mobilização do eleitorado de domingo, reconheceu que não conseguiu alcançar uma maioria absoluta, mas disse sentir que “há uma tendência para isso”, ressalvando que não procura a perpetuação, mas a estabilidade, “porque é do interesse para os Açores”.

Quanto à crise política na Madeira, admitiu preocupação. “O pior que nos pode acontecer e à nossa democracia é uma crise reputacional das nossas instituições, todas elas, as políticas e judiciárias”, defendeu.