Há praticamente um ano, em março de 2023, Julian Nagelsmann foi despedido do comando técnico do Bayern Munique e substituído por Thomas Tuchel, que tinha ficado sem trabalho uns meses antes ao sair do Chelsea. Daí até ao final da temporada, os bávaros caíram nos quartos de final da Taça da Alemanha, caíram nos quartos de final da Liga dos Campeões e só ganharam a Bundesliga no último instante da última jornada devido a uma escorregadela do Borussia Dortmund.

2023/24, portanto, servia como uma espécie de tábua rasa para Thomas Tuchel. Com a chegada de Harry Kane, Kim Min-jae e Raphaël Guerreiro, o treinador alemão tinha a possibilidade de construir um projeto totalmente seu, recuperar a hegemonia nacional e voltar a lutar pela Liga dos Campeões. A ideia, porém, não chegou a saltar do papel para a realidade.

Atualmente, a meio de fevereiro e no início dos oitavos de final da Liga dos Campeões, o Bayern Munique está no segundo lugar da Bundesliga a cinco pontos da liderança do Bayer Leverkusen — sendo que no fim de semana perdeu precisamente com a equipa de Xabi Alonso –, perdeu a Supertaça para o RB Leipzig e foi eliminado da Taça logo na segunda ronda e por uma equipa do terceiro escalão da Alemanha. O abono de família tem mesmo sido a Liga dos Campeões: cinco vitórias e um empate na fase de grupos e o apuramento garantido rapidamente, com os alemães a visitarem esta quarta-feira a Lazio na primeira mão dos oitavos de final.

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A temporada algo agridoce tem vindo a alimentar os rumores de uma saída de Thomas Tuchel em junho — com o Mundo Deportivo a garantir nos últimos dias que o treinador se ofereceu ao Barcelona, de onde vai sair Xavi, e que José Mourinho está no topo da lista de sucessão no Bayern Munique e até já estará a aprender alemão. Por agora, Tuchel ainda está em funções. E arriscava grande parte da margem de erro contra uma Lazio de Maurizio Sarri que está no 7.º lugar da Serie A.

Assim, em Roma, Tuchel colocava Jamal Musiala, Müller e Sané nas costas de Harry Kane, com Raphaël Guerreiro a ser titular na esquerda da defesa e Eric Dier a começar no banco — assim como Matthijs de Ligt, que também já tinha ficado de fora do onze contra o Bayer Leverkusen e que parece ter perdido a confiança do treinador. Do outro lado, Sarri apostava no crónico Immobile, com Isaksen e Felipe Anderson, e teve de trocar Vecino por Cataldi instantes antes do apito inicial depois de o uruguaio se ter lesionado no aquecimento.

Numa primeira parte que terminou sem golos, o Bayern começou claramente a implementar uma pressão alta que empurrava a Lazio para o próprio meio-campo, com Harry Kane a ter a primeira oportunidade logo nos instantes iniciais e após assistência de Müller (7′). Os italianos responderam por intermédio de Luis Alberto, que rematou de fora de área e viu a bola passar pouco por cima da baliza de Neuer (22′), e a superioridade dos alemães era mais empírica do que pragmática, já que chegaram aos 35 minutos sem qualquer remate enquadrado.

Ao intervalo, já depois de tanto Sané (32′) como Musiala (40′) ficarem perto de abrir o marcador, Bayern Munique e Lazio estavam empatados sem golos e ficava a ideia clara de que, apesar de um domínio claro e quase absoluto, a equipa de Thomas Tuchel era demasiado previsível e permitia que o conjunto de Maurizio Sarri estivesse confortável e concentrado em não sofrer golos e explorar o contra-ataque.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e a primeira oportunidade da segunda parte pertenceu mesmo à Lazio, que viu Neuer evitar o golo de Isaksen (48′). Maurizio Sarri foi forçado à primeira substituição devido a problemas físicos de Hysaj, que saiu para deixar entrar Lazzari, e o Bayern parecia claramente surpreendido pela pressão alta que os italianos iam conseguindo implementar e que deixava Thomas Tuchel a levar as mãos à cabeça na linha técnica.

Mas tudo piorou para os alemães à passagem da hora de jogo. Na sequência de um ataque rápido da Lazio, Upamecano cometeu grande penalidade sobre Isaksen e viu o cartão vermelho direto, com Immobile a converter o penálti e a dar vantagem à Lazio (69′) contra um Bayern que iria jogar com menos um elemento até ao fim. Tuchel recompôs a defesa com De Ligt, Sarri respondeu com as entradas de Pedro e Taty Castellanos, mas já nada mudou até ao fim.

O Bayern Munique perdeu com a Lazio em Roma, somando a segunda derrota consecutiva, e está em desvantagem nos oitavos de final da Liga dos Campeões — ou seja, tem de dar a volta à eliminatória em casa para continuar em competição. E se a margem de erro de Thomas Tuchel já era reduzida, obrigando até o treinador alemão a fazer pela vida e a perceber se o Barcelona o quer, tornou-se praticamente nula.