Mais uma temporada, mais uma corrida do PSG atrás da Liga dos Campeões. Ultrapassada a fase de grupos, onde perdeu o primeiro lugar para o Borussia Dortmund e precisou da última jornada para garantir o apuramento, o clube francês defrontava esta quarta-feira a Real Sociedad na primeira mão dos oitavos de final da competição.

E, apesar dos 11 pontos de vantagem na liderança da Ligue 1 que já deixam antecipar a conquista do tricampeonato, existia a ideia de que a margem de erro de Luis Enrique é muito reduzida. Não só pela fase de grupos sofrível, com duas derrotas e dois empates em seis jornadas, mas também pela perceção clara de que uma equipa que tem Mbappé, Dembélé, Hakimi e muitos outros deveria ser uma clara favorita à conquista da Liga dos Campeões — algo que, atualmente, já não é propriamente verdade.

“Os jornalistas gostam muito de percentagens, mas o problema é que essas percentagens não existem. Podemos jogar um jogo a 100% e depois jogar outro a 20%. Os últimos meses foram um processo de aprendizagem e sentimos que estamos prontos. Criámos uma atmosfera com os adeptos e a Liga dos Campeões é sempre uma competição diferente, onde tens de ser melhor do que o teu adversário em dois jogos. Posso garantir que a equipa está preparada e que todos os jogadores estão comprometidos”, explicou o treinador espanhol na antevisão da partida, recordando que o PSG vinha de três vitórias consecutivas e não perdia desde o início de novembro.

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Do outro lado, porém, estava uma Real Sociedad que foi uma das grandes surpresas da fase de grupos. Integrada no grupo onde o Benfica caiu para a Liga Europa e o vice-campeão europeu Inter Milão também seguiu em frente, a equipa espanhola garantiu o primeiro lugar e foi mesmo a que menos golos sofreu ao longo das seis jornadas. De lá para cá, a vida tem sido mais complicada — e a Real Sociedad chegava o jogo desta quarta-feira vinda de quatro partidas consecutivas sem ganhar e sem marcar.

“O PSG tem uma grande equipa, um grande treinador. Mas não tenho dúvidas de que muitos deles estarão a pensar que a Real pode surpreender se tiver um bom dia. O PSG tem equipa para chegar à final e tem um treinador que nos conhece muito bem e que eu admiro. Sei que é um treinador que gosta de pressionar alto e de tomar a iniciativa, algo que também gosto de implementar”, indicou Imanol Alguacil, acrescentando que Luis Enrique é “o Mbappé que o PSG tem no banco”.

Assim, no Parque dos Príncipes, Luis Enrique lançava Danilo e Vitinha no onze inicial, com Dembélé e Barcola a fazerem companhia a Mbappé no ataque e Manuel Ugarte e Gonçalo Ramos a começarem ambos no banco. Do outro lado e sem o lesionado Oyarzabal, Imanol Alguacil tinha André Silva como referência ofensiva, apoiado por Barrenetxea e Kubo, e um meio-campo orquestrado por Zubimendi.

Numa primeira parte que terminou sem golos, André Silva teve o primeiro lance de perigo com um remate em jeito que passou ao lado (2′). O PSG respondeu por intermédio de Mbappé, que arrancou e atirou cruzado para uma boa defesa de Remiro (7′), e depressa ficou claro que os franceses iriam esperar pelos erros do adversário para lançar a velocidade e a profundidade dos homens da frente em transições ofensivas.

André Silva voltou a ficar perto de abrir o marcador com um cabeceamento que rasou o poste da baliza de Donnarumma (22′) e Merino, já nos descontos, acertou mesmo na barra com um pontapé em zona frontal (45+1′). Ao intervalo, ficava claro que a Real Sociedad estava a ser globalmente superior ao PSG — tinha as melhores oportunidades, criava mais perigo através de Kubo e André Silva e só permitia algum perigo francês sempre que Mbappé tinha espaço para acelerar.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e a lógica da partida manteve-se, com o PSG a atacar pelos pés de Mbappé e a Real Sociedad a tentar ter bola no meio-campo adversário. Já perto da hora de jogo, porém, a corda partiu: Dembélé cobrou um canto na direita, Marquinhos ganhou no ar e Mbappé, praticamente sozinho, apareceu junto ao poste a desviar para abrir o marcador (58′).

O PSG soltou-se depois do golo e encostou a Real Sociedad à própria baliza, acampando por completo no meio-campo adversário e procurando o segundo golo, com Mbappé a acertar na barra com um remate forte que Remiro ainda desviou (64′). Imanol Alguacil reagiu com a primeira substituição do jogo, trocando Barrenetxea por Zakharyan, mas os espanhóis não conseguiram continuar a resistir e permitiram o aumentar da vantagem francesa por intermédio de Barcola, que acelerou na esquerda e finalizou com um pontapé cruzado (70′).

Asensio e Kolo Muani ainda entraram no PSG, assim como Jon Pacheco, Umar Sadiq, Turrientes e Aramburu na Real Sociedad, mas já pouco mudou. No fim, os franceses venceram os espanhóis e colocaram-se em vantagem na eliminatória antes da complexa deslocação a San Sebastián, onde os bascos irão naturalmente procurar correr atrás do prejuízo. Imanol Alguacil tinha receio do Mbappé do banco — mas foi mesmo o Mbappé do campo a fazer a diferença.