O líder do CDS-PP/Madeira, Rui Barreto, confirmou esta segunda-feira que não vai recandidatar-se à presidência do partido, mas elogiou o desempenho dos centristas nos governos regionais de coligação com o PSD, entre 2019 e 2024.

“O legado do CDS é um legado muito bom para que, num próximo congresso, quem assumir a liderança, com novos protagonistas e, necessariamente, uma nova estratégia, possa pegar nesse legado e, com uma nova visão, imprimir uma nova esperança”, disse, realçando que o partido foi “um fator de estabilidade, de competência, de responsabilidade no Governo Regional da Madeira“.

Rui Barreto falava no âmbito de uma reunião da comissão política do CDS-PP, no Funchal, na qual informou a direção e os militantes de que não será candidato no próximo congresso, em abril.

O líder centrista lamentou, por outro lado, a postura do PSD, que já indicou que vai concorrer sozinho em caso de haver eleições antecipadas na sequência da crise política provocada pelo processo que investiga suspeitas de corrupção na Madeira, no qual o presidente do executivo, o social-democrata Miguel Albuquerque, foi constituído arguido e demitiu-se.

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Albuquerque diz estar “perfeitamente capaz” de concorrer a eleições antecipadas

A exoneração de Albuquerque levou à queda do Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP, com o apoio parlamentar do PAN.

“Nada faria prever que esta crise política e judicial findasse este acordo, mais a mais que estes dois últimos governos [entre 2019 e 2024] foram governos onde houve muita responsabilidade e houve estabilidade”, disse Rui Barreto, sublinhando que nesse período a região autónoma atingiu “os maiores indicadores económicos de sempre”.

“Nada faria esperar esta rescisão sem justa causa, porque os momentos de instabilidade que se viveram no quadro do Governo nunca foram provados pelo CDS”, reforçou.

Rui Barreto, que lidera o CDS-PP/Madeira desde 2018 e exerce o cargo de secretário de Economia, Mar e Pescas no Governo Regional, agora em gestão, disse que o seu comportamento durante a crise política foi sempre de “construtor de soluções”, mesmo quando exigiu que a demissão de Albuquerque tivesse efeitos imediatos, o que não aconteceu, pois o representante da República só a oficializou uma semana depois do pedido.

O líder centrista explicou que o objetivo era indicar outro presidente do Governo Regional e outro executivo, com base no apoio da atual maioria parlamentar PSD/CDS/PAN, estratégia que foi também aprovada por unanimidade no Conselho Regional dos social-democratas, mas que não foi executada.

“Se tivéssemos avançado com essa estratégia depois do pedido de demissão do Dr. Albuquerque junto do representante da República, já teríamos Orçamento aprovado para 2024”, assegurou.

Em 24 de janeiro, a Polícia Judiciária (PJ) realizou cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

Na sequência desta operação, a PJ deteve o então presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), que já renunciou ao cargo, o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.

Os três arguidos foram libertados com termo de identidade e residência, três semanas após as detenções.

Pouco dias depois, em 19 de fevereiro, Miguel Albuquerque indicou que seria novamente candidato à liderança do PSD/Madeira, nas eleições internas já agendadas para 21 de março, e, na sexta-feira, disse sentir-se “perfeitamente capaz” de concorrer a eleições legislativas antecipadas, caso o chefe de Estado dissolva a Assembleia Legislativa, o que só poderá ocorrer depois de 24 de março, seis meses após as últimas eleições legislativas regionais.