Todos sabiam que ali estava o arranque da maior e mais longa temporada da Fórmula 1 com um total de 24 corridas, ninguém conseguia prever ao certo se ali tinha início também a melhor temporada da Fórmula 1. Fora da pista, pelo menos, tinha todas as condições para isso. Pela expetativa para perceber o que vai fazer Lewis Hamilton no adeus à Mercedes, para entender até onde pode ir Carlos Sainz Jr. num ano em que sabe que vai sair da Ferrari mas ainda não tem uma alternativa fechada e o que renderão os grandes concorrentes da Red Bull a que se tentam ainda juntar McLaren e no limite a Aston Martin. Ainda assim, e para explicar o interesse que a modalidade foi capaz de gerar sobretudo depois do lançamento da série “Drive to Survive” da Netflix, olhemos para Fernando Alonso – mais um ex-campeão que pode voltar à reforma ou continuar.

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Um estudo recente com grande eco em Espanha feito pela Personality Media mostrava que o piloto da Aston Martin de 42 anos, além de ser um dos atletas mais reconhecidos no país, teve um boost em termos de fãs desde que voltou à Fórmula 1 em 2021 depois de dois anos a ganhar outras provas motorizadas. Mais: se o piloto é o desportista espanhol mais reconhecido a par de Rafa Nadal, Marc Márquez, Sergio Ramos e Andrés Iniesta (neste caso pelo golo que decidiu a final do Campeonato do Mundo de 2010), a grande diferença foi o número de jovens que começaram a acompanhá-lo mais de perto, sendo uma espécie de catalisador para o aumento do interesse na Fórmula 1, nas transmissões, nas notícias e nas redes sociais. “Há um novo público jovem que nunca o viu ser campeão mundial da Fórmula 1 mas a quem conseguiu despertar um interesse fora do comum na modalidade e no próprio desportista”, aponta o trabalho explicado pela Marca.

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O potencial de crescimento é evidente, não só de Alonso mas de todos os pilotos, equipas e da Fórmula 1, mas depois surgia a parte da competitividade desportiva à baila. Porquê? O interesse pode ser muito mas ganhar sempre o mesmo esfria essa parte de captação de um novo público. Era aqui que entrava a Red Bull, a brilhar em pista e cada vez mais “apertada” fora dele com as recentes notícias ainda em torno de Chris Horner.

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Alguns jornais ingleses publicaram este sábado o conteúdo dos dois emails enviados por anónimos para os funcionários da FIA e várias publicações mundiais que acompanham a Fórmula 1. Aí, são mostradas algumas das mensagens que o diretor da Red Bull terá enviado para a funcionária que apresentou queixa, num caso que teve desfecho conhecido esta semana com Horner ilibado de todas as acusações, entre selfies, conversas sobre roupa interior e até um episódio de “descontrolo” no jato privado a caminho do Dubai. Desta vez, ao contrário do que tinha acontecido na véspera, o responsável da equipa austríaca, que tem sofrido pressões para pedir a demissão do cargo, não fez qualquer comentário, ficando-se só pela corrida.

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Aí, Verstappen e a Red Bull dominavam de forma inquestionável. Porquê? Não era novidade para ninguém que a marca tinha novamente o melhor carro mas um dos principais fatores diferenciadores passava pela forma como o RB20 conseguia evitar o desgaste dos pneus em comparação com a concorrência, algo que não se tinha visto de forma tão notória na qualificação que deu a 33.ª pole position da carreira aos neerlandês mas que todos já tinham percebido. Ou seja, equipas como Mercedes, Ferrari, McLaren e Aston Martin já tinham dificuldades em chegar à velocidade e fiabilidade da Red Bull mas competiam agora com um carro que, pela forma como foi construído, evitava um maior peso naquilo que é a chave em todas as provas. O passeio da Red Bull, para já, é mais do mesmo. E foi mais do mesmo no Bahrain.

Logo na saída, Max Verstappen mostrou a tudo em todos quem manda: bom arranque, linha paralela, curva inicial a fechar qualquer tipo de pressão, manutenção da primeira posição. Os primeiros lugares ficaram na volta de arranque quase iguais, a não ser a troca entre Carlos Sainz Jr. e Sergio Pérez no quinto posto com os receios do espanhol em sair pelo lado sujo da pista a confirmarem-se. Lá atrás, Hulkenberg teve um toque com Lance Stroll que danificou a asa dianteira e passou pelas boxes, caindo para 20.º; na frente, o neerlandês abriu a tal vantagem de mais de um segundo para Leclerc que ia aumentando de volta a volta. O grande interesse estava um pouco mais atrás, com George Russell a fazer uma ultrapassagem em tesoura a Leclerc para subir à segunda posição e Lando a forçar andamento para tirar o sexto posto a Alonso.

Verstappen voava na frente, Pérez percebia que os pontos de travagem de Leclerc eram quase um convite para saltar para terceiro, os Mercedes tentaram surpreender com uma paragem mais rápida que acabou por não ter o efeito pretendido tendo em conta que Russell foi parar a 12.º no fim do “comboio” de carros que iam rodando próximos uns dos outros. À 13.ª volta, Verstappen já levava mais de 12 segundos de vantagem sobre Carlos Sainz Jr., que rodava à condição em segundo, sendo que Pérez conseguiu sair melhor e superou Russell naquilo que funcionava então como uma espécie de “virtual” segundo lugar. Com uma curiosidade: o neerlandês fazia a diferença onde na qualificação não tivera um grande registo, no segundo setor.

Só mesmo na paragem para a primeira troca de pneus e na volta inicial houve algo que causou surpresa em relação a Verstappen, mas essa “lentidão” nos dois momentos rapidamente passou a melhor volta da corrida para um avanço acima de oito segundos sobre Pérez, Sainz Jr. melhor do que Leclerc a passar por Russell na luta pelo último lugar do pódio, Hamilton e Alonso aquém do esperado atrás dos dois McLaren e os dois Alpine de Ocon e Pierre Gasly a continuarem como principais deceções do fim de semana. A meio da prova, à exceção da tentativa de Leclerc em entrar na zona de DRS para lutar pela quarta posição com Russell, os dez primeiros classificados rodavam com lugares estabilizados e já com alguma distância entre todos.

Voltavam as paragens nas boxes, o que no caso de Valtteri Bottas não foi uma boa notícia tendo em conta que um dos pneus novos ficou encravado e tirou vários segundos até à 19.ª posição, com Hamilton a aproveitar uma manobra menos firme de Piastri para se colocar entre os McLaren. Com 39 voltas, Alonso, entretanto já passado por Lando Norris, era o único que não tinha feito a segunda paragem, ao passo que Leclerc parecia ter conseguido outro controlo em curva e tinha a volta mais rápida… até Verstappen “chatear-se” de toda a monotonia e pulverizar o melhor tempo. As últimas dez voltas chegavam com quase tudo na mesma a não ser a subida de Lance Stroll para nono, à frente do companheiro de equipa Fernando Alonso.

Aí, Leclerc teve o seu momento de glória no Bahrain, aproveitando um erro de Russell para subir à quarta posição e deixar os dois Ferrari atrás dos dois Red Bull, com Verstappen a gerir a vantagem depois de mais um “safanão” que valeu a volta mais rápida, Pérez a conseguir controlar as tentativas de Carlos Sainz Jr. e Alonso a passar de novo o companheiro Lance Stroll para o nono posto. Até ao final, Russell mostrou que já não tinha capacidade para chegar aos Ferrari mas Norris não tinha terceiro setor para tentar lutar pelo quinto lugar, Carlos Sainz Jr. aproximou-se sem efeitos práticos de Pérez e Verstappen fez o Grand Slam (qualificação, volta mais rápida, vitória e liderança em todas as voltas), naquela que foi a 42.ª corrida seguida a pontuar e que terminou praticamente com margem para ir às boxes, voltar e continuar na frente. Pérez foi segundo, Sainz Jr. acabou em terceiro, Leclerc segurou o quarto, Russell fechou o top 5 da classificação do primeiro Grande Prémio de 2024, seguindo-se Lando Norris, Hamilton, Piastri, Alonso e Lance Stroll.