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A noite do adeus ao título de uma equipa perdida por extensão do seu treinador (a crónica do Estoril-FC Porto)

Este artigo tem mais de 6 meses

Após uma primeira parte onde deveria ter marcado, FC Porto foi uma equipa em ebulição anímica pelas decisões de arbitragem que andou aos tiros nos pés por ter perdido a estabilidade emocional (1-0).

Diogo Costa foi expulso após um erro num atraso de Otávio, Cláudio Ramos entrou e Estoril marcou na sequência do livre direto por Cassiano
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Diogo Costa foi expulso após um erro num atraso de Otávio, Cláudio Ramos entrou e Estoril marcou na sequência do livre direto por Cassiano

Gualter Fatia

Diogo Costa foi expulso após um erro num atraso de Otávio, Cláudio Ramos entrou e Estoril marcou na sequência do livre direto por Cassiano

Gualter Fatia

Não fosse o caso que envolveu Sérgio Conceição na final de um torneio internacional de Sub-9 onde estava o filho mais novo, José, em representação do FC Porto e a equipa azul e branca chegava este sábado ao Estoril quase como se não “existisse” durante duas semanas. Sim, é certo que houve dados importantes com impacto direto no plantel como as estreias de Francisco Conceição pela Seleção A e de Galeno pelo Brasil, mas cada vez mais o universo dos dragões gira em torno dos planetas Pinto da Costa e André Villas-Boas com os seus respetivos satélites circundantes. Gira em torno de ataques pessoais ou às listas, da nova Academia, da situação financeira, de promessas por cumprir, de sonhos impossíveis cumpridos. Esta é uma espécie de “nova realidade”, algo que nunca se tinha visto ao longo de quatro décadas mas que agora veio para ficar.

FC Porto perde no Estoril, acaba reduzido a nove jogadores e diz adeus definitivo ao título

Há um ponto apesar de tudo “positivo” para a equipa de futebol: se o clima por vezes tóxico que de quando em vez se gera nas múltiplas trocas de palavras entre candidatos não chegar aos adeptos, o grupo tem um contexto mais desanuviado para trabalhar e juntar peças entre um caminho ziguezagueante que penalizou em demasia aquilo que é a pontuação na Primeira Liga. Numa perspetiva “negativa”, há quase um desligar do percurso até que se perceba como serão os próximos quatro anos no Dragão. Entre uma e outra realidade, a questão não deveria passar ao lado: pela primeira vez desde que Sérgio Conceição assumiu o comando dos azuis e brancos, o FC Porto estava em risco de não conseguir sequer chegar à terceira pré-eliminatória da Champions, com tudo o que isso poderia arcar em termos financeiros e de impacto no projeto desportivo.

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“Não dependemos de nós, temos de fazer o nosso trabalho. Não adianta fazer futurologia porque isso só prejudica. Temos de olhar para uma equipa difícil, que fez golos em todos os jogos, que tem uma perspetiva positiva, que joga a olhar a baliza do adversário…. Temos de nos focar no Estoril e em nós, para não termos qualquer dissabor. Paragem? É sempre complicado dentro de um clube que liberta 12 jogadores para as seleções mas há outros aspetos a trabalhar com os jogadores que ficam cá. Em relação às estreias, não só do Francisco mas também do Galeno, tem a ver com trabalho de todos cá no FC Porto. Mas temos de estar preparados para estas ausências, quando há jogos três vezes por semana há também uma preparação, por isso não estamos a pensar muito nesse pouco tempo e nas ausências”, apontara o técnico, naquele que era o quarto encontro frente a um Estoril de Vasco Seabra que ganhara duas das três anteriores ocasiões.

“Os jogos são todos diferentes e a prova disso são os três jogos que fizemos, que tiveram sempre ingredientes diferentes. Vai ser um jogo depois de uma pausa para as seleções, onde o Estoril tem o seu objetivo de conseguir três pontos importantes para eles e nós também temos o objetivo de ganhar”, acrescentara sobre o adversário que não atravessava a melhor fase da época (longe disso, o que fez com que se aproximasse de forma perigosa dos lugares de despromoção apesar do último triunfo com o Portimonense que travou uma série de apenas um ponto em cinco jogos) mas que ganhara no Dragão para o Campeonato e na Amoreira para a Taça da Liga antes de ser goleado em casa pelos azuis e brancos para a Taça de Portugal.

Foi nesse encontro da prova rainha que Sérgio Conceição apresentou pela primeira vez aquela que ficaria como a melhor e mais proveitosa face da equipa em 2023/24, com um 4x2x3x1 que abdicava de Taremi na frente para colocar Pepê por dentro no apoio a Evanilson com dois alas capazes de dar largura ao jogo com Francisco Conceição à direita e Galeno na esquerda. E foi com esses que o técnico foi para a “guerra”, sendo que há mais de duas décadas que um onze do FC Porto não repetido cinco vezes seguidas. No entanto, a noite acabou por ficar marcada pelo adeus definitivo do FC Porto ao título e, possivelmente, à Liga dos Campeões. Em termos matemáticos é possível mas a missão torna-se agora demasiado complicada para uma equipa que, pelas reações às decisões de arbitragem, se foi perdendo como uma extensão do seu treinador em campo. Mais do que conseguiram ou não fazer no jogo, o maior pecado foi a falta de estabilidade anímica, sendo que essa acabou por ser a principal falha da noite de Sérgio Conceição em relação à sua equipa.

Ficha de jogo

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Estoril-FC Porto, 1-0

27.ª jornada da Primeira Liga

Estádio António Coimbra da Mota, no Estoril

Árbitro: António Nobre (AF Leiria)

Estoril: Marcelo Carné; Bernardo Vital, Basso, Mangala; Wagner Pina, Mateus Fernandes, Vinícius Zanocelo (Fabrício, 86′ e Volnei, 90+4′), Tiago Araújo; Rodrigo Gomes (João Marques, 81′), Heriberto (Ndiaye 86′) e Cassiano (João Carlos, 81′)

Suplentes não utilizados: Daniel Figueira, Raúl Parra, Marqués e Michel

Treinador: Vasco Seabra

FC Porto: Diogo Costa; João Mário (Jorge Sánchez, 75′), Pepe, Otávio, Wendell; Alan Varela (Iván Jaime, 75′), Nico González (Eustáquio, 85′); Francisco Conceição, Pepê (Danny Namaso, 85′), Galeno (Cláudio Ramos, 67′) e Evanilson

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Fábio Cardoso, Eustáquio, Grujic, Jorge Sánchez, Iván Jaime, Danny Namaso, Toni Martínez e Gonçalo Borges

Treinador: Sérgio Conceição

Golo: Cassiano (69′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a João Mário (37′), Vinícius Zanocelo (45+4′), Heriberto (46′), Pepê (66′), Nico González (77′), Francisco Conceição (78′ e 89′), Marcelo Carné (81′), João Marques (81′), Evanilson (88′), Wagner Pina (89′), Pepe (90+1′) e Otávio (90+1′); cartão vermelho por acumulação a Francisco Conceição (89′) e direto a Diogo Costa (65′), Bernardo Vital (90+2′) e Luís Gonçalves (após o final do jogo)

O FC Porto teve uma entrada em campa a emanar confiança por todos os poros, por todos os corredores e por todas as formas. Entre um jogo mais direto entre Pepe e Evanilson, a exploração dos flancos com as subidas dos laterais e os ataques organizados a começarem na construção com as decisões de Nico González, os azuis e brancos tentavam acercar-se da baliza de Marcelo Carné mas foi o Estoril que conseguiu criar a primeira grande oportunidade da partida, com Francisco Conceição a perder uma bola na direita, Tiago Araújo a ter uma boa arrancada em ataque rápida e o cruzamento rasteiro para a área a ter um desvio de primeira de Cassiano para grande intervenção de Diogo Costa (7′). Se a entrada tinha sido de “peito feito”, o susto que só não trouxe males maiores pela defesa do internacional português teve o condão de colocar o FC Porto mais em sentido perante o pragmatismo com que os canarinhos se desdobravam nas transições ofensivas.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Estoril-FC Porto em vídeo]

Ainda houve mais um lance com algumas semelhanças a esse, com o remate na passada de Wagner Pina a ficar prensado na defesa azul e branca, mas o FC Porto foi conseguindo novamente estabilizar o encontro e a criar desta feita espaços para visar a baliza do Estoril, primeiro com Francisco Conceição num trabalho da direita para ao meio até ao remate com pouco força para defesa de Marcelo Carné (20′) e depois com Wendell a surgir na zona pouco à frente do limite da área em corredor central para nova defesa do guarda-redes da casa (25′). A pressão começava a acentuar-se e os espaços que iam abrindo eram aproveitados também pelos médios portistas, com Alan Varela a tentar a meia distância que sofreu um pequeno desvio e passou muito perto do poste da baliza dos canarinhos (28′). O golo parecia uma questão de tempo mas não aparecia.

Nem mesmo com a baliza mais ou menos aberta o FC Porto conseguiu contrariar esse último obstáculo que tantas vezes se tornou o principal opositor dos dragões esta temporada chamado eficácia: Galeno foi para o meio, lançou Evanilson pelo corredor central, o avançado passou Marcelo Carné mas, após adiantar um pouco mais a bola, permitiu que o guarda-redes ainda evitasse o golo com um carrinho, sendo que também Francisco Conceição não conseguiu marcar na recarga com a tentativa a sair a rasar a trave (33′). Apesar de toda a insistência, nem mesmo num dos raros erros de Mateus Fernandes os visitantes chegaram ao golo e o intervalo chegaria com um nulo que se começava a tornar curto para resumir aquilo que se tinha passado em campo mas que mantinha o Estoril vivo como tinha acontecido nos duelos que ganhou aos portistas.

Perante os bons sinais deixados depois de uma entrada com um susto à mistura, Sérgio Conceição optou por não mexer na equipa no início do segundo tempo. Mais uma vez, quase num prolongamento do que se tinha passado antes do intervalo, foi o FC Porto que começou com mais presença no último terço do Estoril com Galeno a tentar um remate em arco que saiu ao lado (48′) e um par de cruzamentos feitos na direita por Francisco Conceição a caírem em terra de ninguém. No entanto, e tal como tinha acontecido no arranque da partida, foram os canarinhos que beneficiaram da primeira grande oportunidade após o reatamento, com Rodrigo Gomes a ter uma grande arrancada pela esquerda do ataque, a cruzar rasteiro e atrasado para a área e Heriberto a falhar isolado depois de um ligeiro desvio de Cassiano (52′). Ficava mais um “aviso”.

Estavam a chegar os dois casos do jogo que teriam interferência direta naquilo que seria o desfecho final da partida. Primeiro, o penálti que se tornou não penálti: António Nobre assinalou falta de Mangala sem bola na área sobre Francisco Conceição, Tiago Martins deu indicações no VAR para que fosse rever o lance e o árbitro da Associação de Futebol de Leiria acabou mesmo por reverter a decisão perante um banco do FC Porto à beira de um ataque de nervos (57′). Depois, o vermelho que não ofereceu dúvidas a ninguém: Otávio fez um atraso em balão para Diogo Costa, guarda-redes não conseguiu dominar bem a bola e acabou por rasteirar Cassiano quando se podia isolar (66′). Os azuis e brancos ficavam reduzidos a dez prescindindo de Galeno e em desvantagem no marcador, com o próprio Cassiano a marcar o livre direto, a bola a desviar em Wendell na barreira e a trair Cláudio Ramos, que já não conseguiu inverter o movimento para a defesa (69′).

Sérgio Conceição tinha de fazer algo para resgatar algo da partida e começou por lançar Jorge Sánchez e Iván Jaime no jogo antes de Danny Namaso e Eustáquio. Resultados práticos? Poucos ou nenhuns. É certo que o período de compensação seria sempre extenso perante tantas paragens mas os minutos iam passando sem que o FC Porto conseguisse sequer criar uma oportunidade a não ser um cabeceamento bombeado de Pepe após livre. Mais: o estado anímico dos jogadores azuis e brancos era uma autêntica panela de pressão, com vários jogadores a verem amarelo e Francisco Conceição a ser mesmo expulso por acumulação, após colocar a mão na cara de Nidaye antes de um lançamento (89′). O encontro tornara-se um autêntico caos, sendo que Bernardo Vital ainda veria também vermelho direto por travar Namaso quando seguia isolado para a área (90+2′). Em relação ao resultado, esse, continuava na mesma e Sánchez teve o único remate com perigo nos descontos mas que saiu por cima da trave de Marcelo Carné, naquele que foi o último suspiro portista.

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