O quarto árbitro já tinha mostrado o tempo de compensação, reinava uma completa anarquia no encontro com médios a fazer trabalhos de defesas e defesas a arriscar missões de avançados. De um lado, os suplentes estavam sentados no banco com um olhar perdido. Do outro, tudo de pé já aos saltos para tentar acelerar o passar dos minutos. A certa altura, Varela conseguiu recuperar uma bola a meio-campo e Kelvin abriu em Liedson na esquerda respeitando o princípio dos livros e abrindo mais à frente uma linha de passe que valeu mesmo a entrada do passe nesse sentido. O resto ficou na história: Kelvin recebeu com a perna direita mas a ajeitar para o pé esquerdo, Roderick Miranda não foi a tempo e esse remate cruzado acabou em golo.

FC Porto e Benfica tinham equipas recheadas de craques em 2013, num Campeonato que seria decidido na penúltima jornada no Dragão com um encontro onde o empate beneficiaria os encarnados por continuarem na frente com apenas uma ronda por disputar. Havia Otamendi, Fernando, Alex Sandro, James Rodríguez, Moutinho, Lucho González ou Jackson Martínez num lado, havia Garay, Maxi Pereira, Matic, Enzo Pérez, Gaitán, Salvio, Aimar e Cardozo no outro. Depois dos golos de Lima e Silvestre Varela, Kelvin saiu do banco para dar o triunfo aos dragões e escrever uma imagem que ficou na história, com Jorge Jesus a cair de joelhos no relvado e Vítor Pereira a correr sem rumo pelo relvado. 11 anos depois, havia o reencontro.

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Depois do bicampeonato nos dragões, Vítor Pereira sagrou-se campeão na Grécia e na China entre passagens variadas por outros países como Arábia Saudita, Turquia, Alemanha e Brasil. Já Jorge Jesus, a seguir a essa desilusão, foi bicampeão nos anos seguintes pelos encarnados, mudou-se para o Sporting, esteve na Arábia Saudita, ganhou tudo o que havia para ganhar no Flamengo incluindo uma Taça dos Libertadores, voltou ao Benfica sem sucesso e esteve na Turquia antes de voltar à Arábia Saudita. Pontos comuns? As passagens pelo Fenerbahçe e pelo Flamengo. Agora, encontravam-se em contextos diferentes no Médio Oriente.

Contratado para a segunda metade da temporada pelo Al Shabab, que ainda tentou antes José Mourinho sem sucesso, Vítor Pereira demorou até conseguir o primeiro triunfo. Perdeu com o Al Nassr de Ronaldo, não foi além do nulo com o Al-Khaleej de Pedro Emanuel, perdeu na receção ao Al-Fayha e ganhou finalmente fora ao Al-Hazm por 3-0 antes da paragem para as seleções, continuando assim no 11.º lugar. Já o Al Hilal de Jorge Jesus vinha num autêntico passeio digno de recorde de Guinness, com 29 vitórias consecutivas que correram o risco de ser travadas no último jogo com o Damac resolvido nos descontos mas que nem por isso beliscou a série que vinha desde o final de setembro e que colocou a equipa com mão e meia no título.

O encontro começou praticamente com o primeiro golo da equipa da casa, com Musab Fahz Aljuwayr a fazer o 1-0 logo aos três minutos e a dar uma imagem de que o Al Shabab poderia surpreender. No entanto, e ainda dentro da primeira meia hora, o Al Hilal recolocou no resultado a lei do mais forte com um bis de Mitrovic, que empatou de grande penalidade (20′) e fez o 2-1 na sequência de uma jogada de Milinkovic-Savic após segunda bola que sobrou de um canto que mostrou bem todas as fragilidades do conjunto de Vítor Pereira em termos defensivos (27′). Tudo corria de feição ao Al Hilal, que chegou ao 3-1 antes do intervalo por Milinkovic-Savic depois de ter sofrido uma grande contrariedade com a lesão na coxa de Mitrovic (42′). No segundo tempo, Salem Aldawsari voltou a marcar para o conjunto de Jorge Jesus (57′) mas o Al Shabab ainda conseguiria “assustar”, reduzindo para o 4-3 final por Hussain Al-Sibyani (64′) e Romain Saïss (78′).