Parecia que ia ser apenas mais um jogo entre tantos outros jogos. No entanto, e com o Al-Tai reduzido a dez, tudo mudou na segunda parte. Cristiano Ronaldo não tinha particularmente muitas razões para sorrir, tendo em conta o encontro sem golos que fizera por Portugal na Eslovénia e a falta de objetivos desportivos tirando a Taça do Rei saudita, tendo em conta a distância de 12 pontos para o Al Hilal no Campeonato e a eliminação com o Al Ain nos quartos da Liga dos Campeões asiática, tendo em conta até a forma como tudo lhe estava a correr no plano pessoal apesar da vantagem por 2-1 do Al Nassr com golos de Otávio e Ghareeb. A seguir, lá chegou o tal sorriso. Um, dois, três. Sete meses depois, o avançado voltava a fazer um hat-trick.

Ronaldo volta a sorrir com o que mais gosta: 64.º hat-trick da carreira, goleada do Al Nassr e a barreira dos 900 golos mais próxima

A época pode não estar a correr de feição ao conjunto de Riade, que após conquistar a Taça dos Campeões Árabes se viu arredado dos principais objetivos da temporada, mas nem por isso os números do capitão de Portugal desaceleram aos 39 anos e a caminho da sexta fase final consecutiva do Campeonato da Europa de seleções. Ao todo, em 40 jogos realizados entre Liga, Taça do Rei, Champions asiática e Taça dos Campeões Árabes, Ronaldo leva 39 golos, podendo voltar a fazer uma média de um golo por jogo como aconteceu no ano de estreia na Arábia Saudita. No entanto, e a par disso, havia mais um ponto relevante em causa.

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Como escrevia o Al Nassr esta semana, na reação ao prémio de Melhor Jogador do Mês para o número 7, “os recordes continuam a seguir o G.O.A.T.”. “Apresentamos o melhor jogador de março, o capitão do Al Nassr Cristiano Ronaldo”, acrescentou. Próxima meta? Tornar-se o melhor marcador do Campeonato, numa luta com Mitrovic, do Al Hilal, onde levava quatro golos a mais e a “vantagem” de saber que o sérvio vai ter de parar mais de um mês por uma lesão muscular. Com isso, o português poderia tornar-se o primeiro jogador da história a ser o melhor marcador de quatro ligas diferentes, após ter ganho esse troféu na Premier League pelo Manchester United em 2007/08 (31 golos), na La Liga pelo Real Madrid em 2010/11 (40) e 2013/14 (31) e na Serie A pela Juventus em 2020/21 (29). Esse feito ficava assim mais próximo.

O próximo “obstáculo” era o Abha, atual penúltimo classificado do Campeonato que conseguir tirar dois pontos na primeira volta ao Al Nassr com um empate a dois e que não era propriamente grande “cliente” do português, que marcara apenas um golo em três partidas realizadas frente à formação que conta com nomes como Krychowiak, Tatarusanu ou François Kamano. No entanto, essa barreira não demorou a cair.

Num encontro que foi quase sempre de sentido único nos minutos iniciais, bastaram dois livres diretos para Ronaldo bisar e chegar aos 41 golos noutros tantos jogos: no primeiro, mais perto do limite da área, arriscou o remate em força quase ao meio da baliza e acabou por surpreender Tatarusanu (11′); no segundo, um pouco mais longe e descaído sobre o lado esquerdo como gostam os batedores destros, bateu a bola mais com a parte lateral do pé e não deu hipóteses ao romeno para o 2-0 (21′). O triunfo estava encaminhado, o jogão do português ainda não ia sequer a meio: o avançado assistiu Sadio Mané para o 3-0 com cruzamento rasteiro da esquerda (33′), chegou ao hat-trick depois de um passe em profundidade para as costas da defesa contrária que acabou com um chapéu a Tatarusanu (42′) e assistiu de novo Al-Sulaiheem para o 5-0 (44′).

As facilidades eram tantas que Luís Castro, que já não tinha Brozovic em relação à equipa habitual, não teve dúvidas em poupar mais jogadores, deixando assim Ronaldo e Sadio Mané no banco para a segunda parte, com o português a ter agora sete golos de avanço de Mitrovic na lista dos melhores marcadores da Liga e 42 golos em 41 jogos na presente temporada com o 65.º hat-trick da carreira. No entanto, ainda havia mais história por contar sem o português em campo, com Ghareeb a fazer o 6-0 depois de uma assistência de Otávio (51′) e Al Elewai a aproveitar mais dois erros defensivos do Abha para marcar o 8-0 (63′ e 86′).

Apesar da goleada, as contas do Al Nassr em relação ao título continuam complicadas (ou mais complicadas) depois da 31.ª vitória consecutiva do Al Hilal de Jorge Jesus frente ao Al Akhdoud por 3-0 com golos de Saleh Alshehri, que substituiu na frente de ataque o lesionado Mitrovic (16′), Malcolm (66′) e Salem Aldawsari (73′). Com mais um triunfo, a formação do técnico português reforçou a liderança na Liga saudita com 74 pontos, mais 12 do que o Al Nassr quando faltam apenas oito jornadas para o final da prova.