Não havia propriamente dúvidas, os sinais eram mais do que muitos, falta apenas uma confirmação oficial. A confirmação que, em forma de comunicado à CMVM, detalhou aquilo que todos sabiam que ia acontecer sem avançar ainda o que todos estão à espera para saber: Artur Jorge está de saída mas não tem sucessor.

“A Sporting Clube de Braga – Futebol, SAD, nos termos do artigo 29º Q do Código dos Valores Mobiliários, vem informar o mercado que confirma a transferência do treinador principal Artur Jorge Torres Gomes Araújo Amorim para o S.A.F. Botafogo mediante a contrapartida garantida de dois milhões de euros. A transferência não implica para a Sporting Clube de Braga – Futebol, SAD encargos com serviços de intermediação. O novo treinador principal da Sporting Clube de Braga – Futebol, SAD será anunciado oportunamente”, avançou a sociedade minhota em comunicado à CMVM na manhã desta quarta-feira.

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A possível saída de Artur Jorge, que no fim de semana parecia consumada, esteve algumas horas “suspensa” na segunda-feira depois da tentativa de acordo falhada entre os minhotos e o Arouca para a contratação do treinador Daniel Sousa (que está referenciado por outros clubes, o que motivou também o avanço do clube arsenalista) mas, ainda nesse dia, John Textor, dono do Botafogo, assegurou que o negócio estava feito. E foi isso que se viu também na vitória do Sp. Braga no Algarve frente ao Portimonense por 5-3, com vários sinais de que aquele poderia mesmo ser o último encontro do técnico como o próprio viria a confirmar.

“A situação é clara, sei que há acordo entre clubes, houve negociação e intenção para contar com os meus serviços. Há acordo entre clubes para poderem falar comigo, coisa que só faríamos depois deste jogo. Nesta altura, o acordo estando assinado, será por mim analisado para vermos se o que conversámos agrada. É muito provável que tenha feito aqui o meu último jogo pelo Sp. Braga. Fica um trajeto incrível”, admitiu o técnico após o triunfo em Portimão e antes de viajar para Lyon com a restante equipa técnica, onde esteve reunido com John Textor e aproveitou para ver o encontro das meias-finais da Taça de França do clube que também é propriedade do empresário norte-americano (e que ganhou ao Valenciennes).

A saída foi confirmada esta manhã, com Artur Jorge, que ganhou pelo Sp. Braga uma Taça da Liga e levou a equipa à fase de grupos da Liga dos Campeões, a ser o terceiro treinador português do conjunto do Rio de Janeiro depois de Luís Castro (que saiu a meio como líder para o Al Nassr) e Bruno Lage. Fica por saber quem será o sucessor, com Rui Duarte, treinador da equipa Sub-23, a assumir pelo menos de forma provisória o comando da equipa que volta agora a jogar no sábado, em casa, frente ao Arouca (18h).

“É um desfecho que não desejávamos, mas cujo enquadramento devo partilhar, sobretudo para informação dos nossos sócios e adeptos. Quando, no dia 10 de novembro do ano passado, acertámos a renovação de contrato com o Artur Jorge até 2025, tínhamos o objetivo de dar continuidade a uma ligação que nos unia desde 2017 e que nos permitiu desenvolver um trabalho conjunto que foi desde os escalões de formação até à equipa principal. Era minha intenção que fosse clara, para dentro e para fora, uma mensagem de grande confiança e estabilidade. Não ignoro que houve, nos meses que se seguiram, focos externos de insatisfação, pressão e contestação, que internamente sempre soubemos bloquear, por estarmos convictos do caminho traçado”, referiu António Salvador em conferência de imprensa após a saída de Artur Jorge.

“Apesar de estranhar a recorrência com que, a partir de determinado momento, o treinador se começou a referir à sua saída, devo reconhecer que foi com enorme surpresa que soube, por via indireta e sem qualquer solicitação nesse sentido, que na passada segunda-feira, dia 25 de março, o treinador Artur Jorge se encontrava a jantar, em Matosinhos, com o empresário John Textor, dono do Botafogo, tendo chegado a um princípio de acordo para a sua transferência imediata. Não querendo alongar-me em detalhes sobre os eventos dos dias e da semana que se seguiram, devo apenas referir que se tornou claro para mim e para todos, no seio do plantel e da estrutura do Sp. Braga, que a posição de liderança que um treinador deve assumir num clube desta dimensão e desta responsabilidade se encontrava comprometida, ameaçando o sucesso da temporada em curso e a visão de médio e longo prazo que sempre nos orientou”, acrescentou.