Não era bem uma “vingança”, também não precisava ser nenhum tipo de “última superação”. As meias-finais da Supertaça da Arábia Saudita acabaram por transformar-se numa final antecipada, com as duas melhores equipas da temporada no país a defrontarem-se no acesso à decisão naquele que era o terceiro encontro entre as formações esta época. No primeiro, a contar para a final da Taça dos Campeões Árabes, foi o Al Nassr que levou a melhor após prolongamento; no segundo, na primeira volta da Liga, foi o Al Hilal que ganhou e de forma categórica. Com as contas do Campeonato quase resolvidas a favor da equipa de Jorge Jesus (que tem ainda a Liga dos Campeões da Ásia contra o Al Ain, que afastou o conjunto de Luís Castro), era nas taças que as atenções mais se centravam no plano interno e com um encontro de “tripla” em Abu Dhbai.

“Não tivemos tempo para treinar, tal como o nosso adversário. Já não há segredos entre as duas equipas. São duas equipas fortes e com grandes jogadores. Estamos orgulhosos por termos nesta fase uma série de 32 vitórias seguidas e vamos continuar a tentar prolongar esse feito, sabendo que não há equipa imbatíveis. É a disputa de um titulo e por isso é importante. Queremos estar na final e tudo faremos para lá estar. Já ganhei este título em 2018, sabendo que não é tão importante quanto a Liga, a Champions ou a Taça do Rei. O resultado deste jogo não vai nem pode condicionar o que ainda temos pela frente”, comentara Jorge Jesus, que vinha do 32.º triunfo com nova goleada ao Al Khaleej por 4-1 já com a figura Mitrovic de fora por lesão.

“Os jogos grandes envolvem sempre os maiores jogadores e é uma pena que agora Talisca e Mitrovic não participem. Momento do adversário? Não nos sentimos em nada intimidados pela série de vitórias do Al Hilal. Esperamos que as três equipas, o Al Nassr, o Al Hilal e também a equipa de arbitragem, façam um trabalho satisfatório para toda a gente”, dissera também Luís Castro na antevisão de um encontro que se seguia a uma vitória pela margem mínima nos descontos frente ao Damac com quase todos os jogadores não sauditas fora da equipa inicial após duas goleadas que tiveram a marca de um hat-trick de Ronaldo.

Se dúvidas ainda existissem, o barulho que se ouviu no estádio quando as câmaras passaram pelo capitão do Al Nassr dizia tudo. Naquele que era um autêntico desfile de estrelas, com Bono, Koulibaly, Rúben Neves, Milinkovic-Savic, Michael e Malcolm de um lado e Ospina, Alex Telles, Laporte, Otávio, Brozovic, Sadio Mané e Ronaldo do outro, todas as atenções estavam centradas no capitão da Seleção, que procurava chegar a mais uma decisão na Arábia Saudita quando levava tantos golos como jogos na época (42 em 42). Voltou a falhar. Pior do que isso, acabou mesmo expulso numa imagem que acabou por resumir a autêntica panela de pressão em que se encontra o Al Nassr por continuar a ver objetivos desportivos a caírem…

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O Al Hilal entrou de forma mais afirmativa no jogo, com Rúben Neves a tentar a meia distância logo a abrir para defesa apertada de David Ospina antes da recarga de Michael que saiu muito por cima (3′). A seguir, na primeira oportunidade do Al Nassr, Ronaldo bateu em velocidade Ali Albulayhi pela direita mas o remate que foi feito quase sem ângulo saiu ao lado (8′). O jogo ia andando assim, com uma oportunidade de um lado e a resposta de seguida, numa segunda versão que teve uma grande defesa de Ospina para canto num desvio de Al Dawsari após lançamento lateral (14′) e outra intervenção ainda mais complicada de Bono com Ronaldo isolado pela frente (17′). Apesar das tentativas dos dois conjuntos, o intervalo chegaria mesmo com um nulo e com um momento curioso de conversa entre Rúben Neves e Otávio, ex-companheiros no FC Porto e internacionais portugueses, após mais um lance de falta em que o jogador do Al Nassr foi atingido na cara.

Antes de ir tudo para o descanso, o jogo teria ainda um lance com alguma polémica à mistura mas que foi bem avaliado pelo árbitro saudita após confirmação do VAR: Sadio Mané cruzou na direita, Ronaldo fez-se ao lance apesar de ter ficado longe de conseguir desviar a bola na área e Otávio apareceu ao segundo poste para marcar numa jogada que seria anulada por fora de jogo entre muitos protestos do Al Nassr (45+4′).

Um golo nessa fase do encontro poderia ter feito a diferença mas o que poucos poderiam antever era o total domínio do Al Hilal durante o segundo tempo, um pouco à semelhança do que já tinha acontecido na partida a contar para o Campeonato. Já depois de alguns “avisos”, nomeadamente um cabeceamento de Alhamddan na pequena área que saiu por cima (48′), Al Dawsari foi lançado na profundidade descaído sobre a esquerda para rematar cruzado e inaugurar o marcador (61′) e Malcolm, já depois de um míssil ao poste (66′), surgiu no meio dos centrais a desviar de cabeça um cruzamento na direita de Michael para o 2-0 (72′). Só dava Al Hilal mas havia mais história por contar, neste caso negativa: após embrulhar-se com um central contrário, Ronaldo atingiu o adversário e viu cartão vermelho direto num lance em que muitos outros jogadores se começaram a embrulhar mas que acabou por ser cortado pela realização. O que se viu, mais tarde, foi o português a pedir a todos os adeptos para baterem palmas ao árbitro pela sua expulsão… Nos descontos, Sadio Mané ainda reduziu a desvantagem mas não havia tempo para reagir à desvantagem.

Na outra meia-final, o Al-Ittihad, campeão da prova em título, já tinha garantido antes a presença na decisão após vencer o Al Wehda por 2-1. O encontro começou praticamente com o primeiro golo do conjunto de Marcelo Gallardo, com Romarinho a trabalhar bem na frente, Jota a tocar no meio da confusão e Benzema a rematar sozinho na área ainda no primeiro minuto, e o intervalo chegaria já com 2-0 com um golo do outro avançado da equipa, Abderrazak Hamdallah. Tudo parecia estar arrumado mas o período de descontos ainda trouxe alguma história aos acontecimentos, com o Al Wehda a falhar uma grande penalidade aos 90+2′ e a conseguir reduzir o resultado para 2-1 por Hussain Ahmed Al Eisa no sétimo minuto de compensação.