O segundo processo que deu origem às buscas judiciais à Câmara de Cascais realizadas durante esta quarta-feira é um caso antigo: remonta ao ano de 2020.

O caso partiu de uma denúncia de Clemente Alves, vereador da CDU, após ter sido publicada uma notícia no semanário Expresso que relatava o facto de a empresa de comunicação Next Power, que trabalhava habitualmente com a Câmara de Cascais e respetivas empresas municipais, estar igualmente a fazer a campanha de Miguel Pinto Luz como candidato à liderança do PSD — eleição essa cuja primeira volta se realizou a 11 de janeiro de 2020, com o então vice-presidente da Câmara de Cascais a ficar em terceiro lugar, atrás de Luís Montenegro e do vencedor Rui Rio.

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O vereador da CDU ligou os serviços de comunicação prestados a Pinto Luz com um contrato que a Next Power assinou com a empresa municipal Cascais Próxima após o então número 2 cascalense ter apresentado a sua candidatura à liderança do PSD. E enviou uma denúncia formal para o Ministério Público.

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Segundo essa suspeita, o contrato com a empresa municipal serviria para alegadamente pagar os serviços prestados pela Next Power à candidatura de Pinto Luz.

Documentos comprovam que serviço de comunicação foi pago por Pinto Luz

Fonte próxima de Miguel Pinto Luz disponibilizou ao Observador vários documentos que comprovam que o atual ministro das Infraestruturas recebeu a fatura da Next Power e procedeu ao seu pagamento.

A fatura da Next Power é datada de 31 de dezembro de 2019, foi emitida às 15h49m desse dia em nome de Miguel Pinto Luz, tem o número de contribuinte do atual ministro das Infraestruturas e o seguinte descritivo: “Assessoria de imprensa – campanha Miguel Pinto Luz”. O valor da fatura é de 4.100 euros, acrescido de IVA a 23%, o que perfaz um total de 5.043 euros.

O Observador teve igualmente acesso a um extrato bancário de Miguel Pinto Luz que contém a informação registada de uma transferência de 5.043 euros no dia 21 de janeiro de 2020.

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Existiram igualmente serviços de telemarketing, relacionados com o envio de SMS, que terão sido pagos igualmente pela campanha de Pinto Luz. Mauro Xavier, diretor financeiro da campanha, explicou então ao Expresso que tais serviços foram pagos pela campanha, e não pela Next Power e mostrou dois talões de multibanco que comprovavam a realização de transferências bancárias de um total de 1.968 euros para uma empresa de telemarketing.

Por outro lado, após ter sido criticado então em reunião da autarquia por Clemente Alves, Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, anunciou igualmente que tinha ordenado o cancelamento do contrato estabelecido entre a Cascais Próxima e a Next Power.

“Perante a notícia veiculada pelo Expresso, e sobretudo pelas leituras que a notícia induzia, desfez-se o contrato para que se desfizessem as dúvidas”, afirmou então o autarca.