Depois de uma curta interrupção em ações de convívio com sócios e adeptos do FC Porto, que coincidiu com o dia em que também André Villas-Boas voltou a ter um momento de campanha com a apresentação dos três nomes com que contará na Comissão Executiva da SAD em caso de eleição a par de José Pedro Pereira da Costa, Pinto da Costa, acompanhado pelo administrador Vítor Baía e o também candidato a vice-presidente João Rafael Koehler, voltou à “estrada” e marcou presença na Escola Secundária de Vila Verde, em Braga, onde o irmão chegou a dar uma aula há uns anos. Também por isso, era um local especial para o presidente dos azuis e brancos e ainda mais especial se tornou quando voltou a reforçar os motivos que levaram a uma 16.ª candidatura à liderança – e a primeira em que tem “verdadeiramente” um rival na corrida.
“Porque é que me recandidatei? Se sou o presidente mais titulado do mundo, se o FC Porto venceu perto de 2.600 títulos nos meus mandatos, sete deles internacionais [neste caso, só no futebol], porque é que me candidatei? A minha família achava que não o devia fazer. Admiti que podia não fazê-lo. Mas quando vi, na apresentação de outro candidato, as pessoas que estavam na primeira fila, pensei assim: ‘Isto é uma OPA ao FC Porto’. Quando vi na primeira fila a pessoa que mais odeia o FC Porto, o senhor Joaquim Oliveira, com camarote em Alvalade, pensei e vi logo o que estava por trás dessa candidatura”, voltou a comentar.
“Não sei se viram um documentário que fizeram sobre a minha vida. Foram ouvidas muitas pessoas, vi tantos elogios que cheguei a pensar que já tinha morrido. Curiosamente, dos maiores elogios foi o candidato Villas-Boas. Fê-lo espontaneamente nesse programa. Depois, na apresentação, disse que eu era o presidente dos presidentes, que merecia todas as mordomias, que ficava na história… A partir do momento em que me candidatei, já não servia de nada, tudo o que fiz foi mal feito. Não fizemos nada, 68 títulos [no futebol] não é nada, deviam ser 200… Tudo é criticado. As pessoas que estiveram sempre comigo são ofendidas, entram nas vidas pessoais com mentiras e a denegrir as pessoas. Vi e pensei que realmente tenho uma obrigação perante o FC Porto”, acrescentou, em mais uma ideia que já partilhara nesta campanha.
Ao fim de 42 anos pensava que já tinha cumprido a minha missão mas quando vi quem estava por trás da candidatura… Não são os escolhidos para os cargos, esses são peões para o jogo. Quando vi quem estava por trás percebi que o meu destino ainda estava por cumprir. Percebi que sacrificando a minha vida pessoal e familiar, agora que tenho três netinhos e pensei que ia aproveitar, que tenho um compromisso com o meu destino de servir o FC Porto. Tenho uma equipa remodelada para este futuro, é necessário novo fôlego e entusiasmo. O FC Porto nasceu em 1893 mas será eterno. É uma grande corrida, uma maratona que se iniciou a 28 de setembro de 1893 mas que não terá fim. Durante a corrida, vamos pegando no testemunho que o nosso antecessor nos entregou para levá-lo até ao próximo com o dever cumprido. Como entendi que não havia essas condições, remodelei a minha equipa. Da Direção ficam apenas o Vítor Baía, o Alípio Jorge, o António Borges do andebol, o Eurico Pinto do hóquei. Têm vencido muitas provas nas modalidades, estão a disputar o título e são uma garantia de que as modalidades vão continuar a ganhar”, apontou Pinto da Costa.
“Tinha o objetivo da nossa Academia, que é um orgulho para o FC Porto, vai ser um orgulho para o clube e era uma necessidade premente que o FC Porto tinha. Não vos vou contar os entraves que nos têm sido postos para tentar que não levemos a obra a bom porto… Mas não interessa, a determinação é tal que as máquinas estão lá a trabalhar. Foi interrompido 24 horas, não se sabe bem porquê, e vai ser uma realidade. Tentam denegrir a nossa equipa mas há jogadores da seleção do Brasil, de Portugal, da Argentina, dos Sub-21 de Espanha. Se isto não é um bom plantel… Mas queremos mais e melhor. Temos ambições que podem achar impossíveis mas em 1982 pus no programa que íamos a uma final europeia. Acreditei e fomos. Perdemos em 1984, mas em 1987 fomos e ganhámos”, recordou sobre uma das quatro grandes promessas que colocou no programa eleitoral de 1982 e que muitos dos seus pares consideravam ser muito ambicioso.
Mais tarde, voltaram as críticas a Villas-Boas. “Na outra campanha dizem mal de tudo e todos. Na minha campanha, só lembro isto: FC Porto acima de tudo. Por isso, não responderei a insultos, porque tenho sido insultado. Não vou responder. Para mim, o que interessa é o FC Porto. Se vencer, no dia a seguir, a minha preocupação será de imediato voltar a unir a massa associativa e os adeptos. Não vamos ofender ninguém, isso era dar importância a quem não merece. Eu e os meus parceiros temos sido difamados miseravelmente. Esse candidato não me serve a mim e não servirá a vocês, claramente. Esses insultos e difamações não vêm da cabeça deles, vêm dos ideólogos da Cofina e da Olivedesportos, mas os que votarem em mim e os que não votem, serão todos a alma do FC Porto. Dedico a minha vida a quem tem paixão pelo FC Porto, não é para quem tem a ganância dos direitos televisivos e essas coisas”, comentou noutra resposta.
Também como já tinha acontecido noutras ocasiões, Pinto da Costa foi questionado por Sérgio Conceição. “Se fosse por mim, ficava até morrer”, garantiu, antes de fazer uma inconfidência. “Se posso garantir que vai ficar? Garantias não posso dar. Confiante e convencido de que será ele [o treinador], estou. Hoje estive com o Sérgio no Museu para fazermos uma fotografia com as dez taças que o FC Porto conquistou com ele e ele disse-me ‘Ainda falta aqui mais uma’. Eu disse-lhe: ‘Não, faltam muitas mais'”, contou.
No mesmo espaço, entre o anúncio do acordo com uma equipa para que o futebol feminino possa entrar de imediato na Primeira Liga, a promessa de que haverá futsal mas não no primeiro ano e a garantia que, numa fase com todos os problemas resolvidos, o ciclismo poderá voltar ao clube, Pinto da Costa falou também da razão pela qual não será possível as Casas do FC Porto receberem mesas de voto. “Tentámos com a revisão de Estatutos que se pudesse votar nas Casas e no voto eletrónico mas a nossa Assembleia Geral para isso foi boicotada e não conseguimos. Se for reeleito, lutarei por isso”, salientou o líder dos azuis e brancos.
“Antes do começo de época haverá reunião com as Casas para que cada um diga daquilo a que precisa de domingo a domingo, para não andar a pedir cunhas e a telefonar semanalmente. Depois disso, haverá a distribuição. Mantemos o senhor Alípio Jorge como responsável das Casas, vamos ter colaboração da doutora Cristina Azevedo, temos o nosso Jorge, que é incansável, e vamos ter com todos os presidentes das Casas reuniões trimestrais, para que nos digam o que está a correr bem, mal e do que precisam. As casas são as veias que levam o sangue ao coração do FC Porto”, concluiu Pinto da Costa sobre o tema.