Primeiro uma passagem por Argoncilhe, depois uma paragem em Seia, por fim a ida a Viseu. E com muitos companheiros de listas ao lado, de Vítor Baía a João Rafael Koehler passando por António Oliveira. Pinto da Costa foi sempre dizendo que nunca fez nem iria fazer campanha nas eleições do FC Porto mas este domingo, à luz dos encontros promovidos com sócios e adeptos sob o título de “Conversas com o presidente”, teve um dos dias mais preenchidos desde que anunciou a sua recandidatura. E houve um pouco de tudo depois do terceiro encontro consecutivo sem vitórias no Campeonato, com um empate no Dragão frente ao Famalicão que deixou os azuis e brancos a lutarem apenas pelo terceiro lugar, em particular a defesa do papel de Sérgio Conceição entre mais “farpas” a André Villas-Boas que chegaram a… Raúl Costa e Antero Henrique.
Pinto da Costa: "Vamos resolver o desafio financeiro em três anos, temos soluções para isso sem o clube deixar de pertencer aos seus sócios. Vamos continuar a investir no futebol e em todas as modalidades para lutarmos sempre e ganharmos a maioria dos títulos nacionais". pic.twitter.com/5NaKek0WLT
— Todos Pelo Porto (@todospeloporto) April 15, 2024
“Muitos de vós terão ouvido aquele programa que fizeram sobre a minha vida. Nele muitas pessoas deram o seu testemunho e o outro candidato fez-me elogios que, de certeza, no meu funeral não vou ter tantos. Depois afirmou que me escrevia coisas que não escrevia ao seu pai. Fazia os maiores elogios e terminava sempre dizendo ‘Um abraço do seu André’. Eu nunca tive o André. Já tive um Dragão, já tive um Lucho, agora tenho mesmo uma Viena, mas André nunca tive”, atirou em Argoncilhe, numa alusão aos cães. “Mas ele dizia que era o meu André. Ouviram a apresentação da sua candidatura, que eu era o presidente dos presidentes e tinha um legado fantástico. No momento em que decidi avançar, porque vi para onde estava a resvalar essa candidatura, tudo aquilo foi esquecido, o que escreveu, o que disse e o que eu fiz. Passou a estar tudo mal, passou a criticar tudo o que de bom termos para fazer”, prosseguiu o presidente dos dragões.
“Raúl Costa, um dos mentores da outra candidatura, que é empresário, fez a venda do Luiz Díaz para o Liverpool. Quando ia receber uma comissão de cerca de quatro milhões, pediu para dividir por três. Não vimos mal nenhum e aceitamos. Sabem o que aconteceu? Um dos parceiros pôs-nos um processo na FIFA que seria impeditivo de participarmos em competições nacionais”, apontou ao agente FIFA.
“Quero ser candidato pelo futuro do FC Porto. Sou candidato porque por mais que tentassem boicotar a nossa Academia na Maia, não conseguiram. Vai ser uma realidade. Vai ser o nosso orgulho e a melhor de Portugal. Não é uma utopia, nem um chorrilho de mentiras, como disse o outro candidato. Se tiverem vergonha, vão ter de engolir tudo o que disseram. Renovei a minha equipa, quase completamente, num desejo de reforçar entusiasmo, de conseguir realizar os projetos que temos. Queremos fazer muito mais do que Academia e reforçar a equipa de futebol para nos dar alegrias que têm sido frequentes. No dia 28 de abril, a primeira preocupação será unir massa associativa do FC Porto. No dia 27, votem todos pelo FC Porto para afastar os que nos querem mal e unirmos todos os que são pelo FC Porto”, destacou, entre críticas ao facto de Villas-Boas ter feito a apresentação do seu projeto de Academia em Lisboa: “É uma vergonha. Nós não somos contra Lisboa mas somos pelo FC Porto, pela nossa terra e pela nossa independência”.
Também nessa primeira paragem em Argoncilhe, Vítor Baía tomou a palavra com dois objetivos: defender a posição de Sérgio Conceição e visar um dos “mentores” da campanha de André Villas-Boas, Antero Henrique. “Tem sido difícil todo este chorrilho de mentiras que temos ouvido. É difícil bloquear, com contas que não são verdadeiras. Não são portistas, são contratados com efeito de desestabilizar o FC Porto. Pessoas sem rosto, torna-se difícil atuar juridicamente. O que temos feito é tentar bloquear, blindar a nossa equipa. O nosso treinador é extraordinário, tem uma capacidade incrível, ama o FC Porto. A partir do momento que deu abraço ao presidente, passou a ser o principal alvo a abater”, referiu o antigo capitão.
“Se fosse o Pepe a colocar a cabeça na testa de um auxiliar era quase irradiado”, aponta Vítor Baía
“Saí do FC Porto em 2011, incompatibilizado com o mentor da campanha do André [Villas-Boas], chama-se Antero Henrique. É o mesmo que é apelidado de cancro pela claque do PSG. Insurgi-me contra isso e segui o meu caminho. O presidente estava com problemas de saúde, não era ele que estava à frente dos destinos do clube, foi aproveitado por essa pessoa. Transformou o FC Porto no que querem transformar, um entreposto de compra e venda de atletas”, criticou citado pelo O Jogo, entre elogios à formação dos dragões.
Mais tarde, em Seia, Pinto da Costa voltou a repetir alguns dos temas com os associados e adeptos presentes, fazendo uma confidência de uma conversa que teve até ao local. “Quando vinha para aqui a minha filha enviou-me uma mensagem com uma imagem das minhas netinhas na piscina a dizer: ‘Podias estar aqui. Não achas que já deste muito ao FC Porto?’. Respondi: ‘Acho que não. Gostaria de estar aí mas acho que não’. Ao fim de 42 anos de presidente, porquê continuar se ouço todos os dias e vejo no estrangeiro constantemente reconhecerem o mérito das minhas gerências e o facto de ser o presidente mais titulado do mundo? Pensei muitas vezes, estive quase a anunciar que não me recanditaria. Tive esperança que pudesse ter chegado a hora de descansar, de acompanhar o FC Porto com amor, paixão e responsabilidades. Mas quando comecei a ver as pessoas que rodeavam o candidato Villas-Boas, parei no tempo para pensar. Como posso ver, numa apresentação da candidatura, na primeira fila, os inimigos do FC Porto?”, questionou.
“Não é para viver à custa dos 2.600 troféus que o FC Porto venceu na minha gerência, nem do estádio que construímos, do pavilhão ou do museu. É um passado respeitado mas candidato-me pelo futuro, para que o FC Porto não caia nas mãos de quem só vê negócios. Para que não aconteça como num clube rival e amigo que já está nas mãos dos árabes. Não viemos para vender o FC Porto a árabes ou a quem quer que seja, viemos para procurar que a SAD do FC Porto seja do FC Porto, dos sócios do FC Porto. Vamos resolver o problema financeiro e temos soluções para isso. Vamos continuar a investir no futebol e em todas as modalidades para lutarmos sempre e ganharmos a maioria dos títulos nacionais. Pela cabeça, racionalmente, devia ter aceite ser o presidente dos presidentes, com o meu nome em não sei quanto sítios. Mas não, o coração falou mais forte que a razão. Por isso me candidatei”, prosseguiu Pinto da Costa no seu discurso.
Também Vítor Baía voltou a reforçar as críticas a Antero Henrique em Seia, sendo que João Rafael Koehler, candidato a vice-presidente e administrador da SAD, falou também aí aos portistas. “Sou uma pessoa livre. Podia fazer o que quisesse nestas eleições, sendo que quando me convidaram da outra lista era um mestre da gestão mas quando decidi apoiar Pinto da Costa começou uma campanha de difamação que não tem a ver comigo, mas com Pinto da Costa. Ele é que é alvo a abater. Queremos trazer seriedade para o clube. Estamos preparados para nos dedicarmos ao FC Porto, mesmo que não ganhemos um ordenado ou um euro. Estou disposto a deixar tudo para dar todo o meu tempo ao FC Porto, de manhã até à noite”, sublinhou.
João Rafael Koehler: "Nós estamos disponíveis para deixar tudo para nos dedicarmos de corpo e alma ao FC Porto" pic.twitter.com/D5kiOfik4D
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“O presidente pediu seriedade e vou dar um exemplo. Nem tudo correu bem, mas existe alguma família, empresa, país em que não se cometam erros? Obviamente que não. Mas isso não é motivo para que dentro da nossa casa existam mais erros. A equipa comete erros, os jogadores falham penáltis, mas queremos sempre que o FC Porto ganhe. Esta Direção avançou com um Academia na Maia. Esteve dois anos a aprovar os projetos e nunca pensei assistir na minha vida a sócios do FC Porto a ligarem para vereadores da Câmara da Maia para chumbarem porque queriam fazer um projeto em Gaia em terrenos comprados pelo Villas-Boas. Se são deles, como se podem fazer terrenos em algo que é dele, ainda por cima em reserva ecológica? É pão para burro. Está a enganar os sócios. Chegam com uma impreparação tal, que se eles ganhassem nos íamos rir muito. Mas como somos tão portistas, não podemos permitir”, acrescentou.
António Oliveira: "O pior do inimigos são sempre os que estão na nossa trincheira" pic.twitter.com/k6HqaZtDnE
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