A investigadora em tecnologia na área da educação Mary Burns defendeu esta terça-feira o uso da tecnologia na educação e nas escolas, salientando que o mais importante para o sucesso dos alunos continua a ser a excelência dos professores.

“É preciso focar menos na tecnologia e mais na educação e não esquecer que a tecnologia sozinha não vai ensinar os nossos alunos. Primeiro é preciso ter excelentes professores” defendeu Mary Burns, especialista nas áreas da tecnologia e da educação que há 27 anos trabalha com professores e alunos.

A investigadora, que participa na quarta-feira numa conferência no Conselho Nacional de Educação, vê a tecnologia como uma ferramenta que pode ajudar os alunos, em especial os que têm dificuldades de aprendizagem.

Através dos ecrãs, a escola pode tornar-se mais atrativa, uma vez que permite aprender também através de jogos ou vídeos.

No entanto, salientou, são os docentes que fazem a diferença nas aprendizagens: “É preciso investir para ter bons professores nas salas de aula a trabalhar com os alunos”, disse a professora da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti.

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O sucesso nas escolas está dependente de bons professores, desde o ensino pré-escolar até ao ensino superior, sendo preciso garantir a formação continua dos docentes e a existência de “bons diretores escolares” que motivem e orientem todos os profissionais, defendeu a autora do documento de reflexão “Tecnologia da Educação”, que serviu de base ao Relatório de Monitorização Global da Educação (GEM), de 2023.

O uso de computadores ou tablets para aprender pode ser uma mais-valia, defendeu. Sobre o programa, que está a ser implementado em Portugal, de substituição dos manuais em papel por digitais, Mary Burns sublinha que transportar um tablet é mais fácil do que “carregar cinco ou seis livros” e é uma opção mais barata e mais atrativa para os alunos.

No entanto, salienta, “ninguém lê bem através de um ecrã”. Para aprender a ler é preciso um livro, com folhas em papel, diz a investigadora que é uma das convidadas da conferência “Tecnologia, Professores e os Desafios da Qualidade e Equidade”, que vai decorrer esta quarta-feira no Conselho Nacional de Educação, em Lisboa.

Mary Burns também acompanha os pais que criticam o tempo excessivo em frente aos ecrãs, mas lembra que existem muitos outros encarregados de educação que recusam que os seus filhos estejam na escola longe dos seus telemóveis.

A investigadora é uma das conferencistas do evento coorganizado pelo Conselho Nacional de Educação e pela Organização de Estados Ibero-Americanos em Portugal.