“Jorge Nuno Pinto da Costa como nunca se viu”. Depois de uma passagem por Penafiel para um convívio com sócios e adeptos do FC Porto que terminou com uma declaração forte de António Oliveira e Pinto da Costa visivelmente emocionado com um novo cântico de apoio, o presidente portista teve como principal ponto do dia em termos de campanha a entrevista no programa “Alta Definição” da SIC. Falou dos dragões, falou de si, falou de si nos dragões, falou dos dragões em si. E entre uma carga muito pessoal ao longo da conversa, deu mais uma nota a todos os azuis e brancos em relação às eleições que se realizam na próxima semana.

“Como vai ser dia 27 de abril? Vai estar sol…”, ironizou. “A noite de dia 27? Vai ser de preocupação porque no dia seguinte temos um FC Porto-Sporting. Como costuma dizer o João Pinto, prognósticos só no fim”, disse. “Tenho consciência do trabalho que fiz. Candidatei-me quando, por interesse pessoal, não deveria candidatar-me, até para poder gozar os meus netos, a minha família. Candidatei-me porque vi que o clube poderia entrar num beco sem saída. Se os sócios se esquecerem destes últimos 42 anos e não quiserem ver os projetos que temos, a decisão é deles e as consequências serão deles também. Quem reconhecer o meu trabalho, quem tiver confiança no que quero fazer votará em mim, quem quiser esquecer o passado… não votará em mim. Isso é sempre da responsabilidade de quem votar”, reforçou o líder portista.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Se morrer durante o mandato não será problema? Não, não. Porque queria deixar o clube estruturado de maneira a que não dependa de uma pessoa. Acontecendo alguma coisa, seja a quem for, que continue normalmente. Não penso na morte, só penso naquilo que posso alterar. Como eu acredito que o dia está marcado… Alguns vão pôr foguetes de São João. Vão escrever que desta vez foi de vez, já não temos que o aturar, estão livres desta peça. Outros dirão aquilo que normalmente se diz depois de alguém morrer, que era uma pessoa fantástica, que tinha um coração de ouro. O que gostaria que dissessem? É-me indiferente. Quero é deixar que os meus amigos e família tenham uma recordação positiva de mim. De uma pessoa que amou viver, amou o FC Porto, a cidade e o país e que lutou para que a vida fosse melhor para todos. Se fiz isto ou ganhei Campeonatos, é-me indiferente”, referiu durante a conversa com Daniel Oliveira.

“Se Pinto da Costa perder, em 2028 estarei cá eu para ganhar”: António Oliveira admite avançar à presidência do FC Porto

“Estou-me a marimbar para o que vão dizer de mim quando morrer. Há pessoas que me incomodariam muito se fossem ao meu funeral. Já tenho escrito quem não quero que vá. Estou a escrever um livro e uma das coisas que estão lá é o quero para depois de morrer. Os meus filhos sabem quem eu gostaria de ver lá [no funeral] e quem não gostaria de lá ter. Também sabem que quero ser cremado e que as cinzas sejam depositadas na azinheira à beira da Capela da Nossa Senhora, em Fátima. Quero que todos vão ao meu funeral de gravata azul, não quero ver o luto da gravata preta. Esses depois vão contar anedotas cá fora enquanto o morto está lá dentro. Quero gravatas azuis em homenagem ao FC Porto”, contou depois.

Ao longo da entrevista, Pinto da Costa admitiu que não é fácil mudar de opinião (“mas se me fizerem ver que a minha opinião não é a melhor, mudo”, acrescentou), falou de uma liderança de “consenso, conversa e de mostrar o melhor caminho”, salientou que às vezes até confia demais “porque é fácil confiar” e abordou os “inimigos”. “Para quem me odeia ou odeia o que for, respondo com desprezo. Há muita gente que me admira e são esses que contam, são muitos, não preciso de mais. Como lido? Depende se é adversário ou inimigo… Adversário com cordialidade e respeito, se for inimigo, a esses não se mandam flores, só se for uns cravos com muitos espinhos. Tenho alguns inimigos que se tornaram amigos, também tive alguns amigos que se tornaram inimigos, entendem que têm lugar nas minhas equipas ou isto e aquilo, eu entendo que não e aí passam para inimigos. Mas se não serviam para amigos não há problema”, destacou.

“Se me dá gozo irritar oponentes? Eles irritam-se mas não é com a intenção de os irritar. Tenho muitos amigos noutros clubes. Não sou capaz de ir para Lisboa com a equipa e não ir para o Altis, porque considero uma traição ao meu amigo. O Benfica chegou a querer ir para lá e ele ‘não senhor, o FC Porto é que está aqui’. Um dia que saiam de lá terei muita pena, porque estarão a desrespeitar a memória de Fernando Martins. Jogador à Porto? Quando se diz jogador à Porto é um jogador que sente a camisola, a cidade, a região. A luta não é o Porto contra Lisboa, mas contra o centralismo de Lisboa”, voltou a defender.

Por fim, Pinto da Costa abordou também a sua parte familiar e o peso do FC Porto na mesma. “A minha filha diz que [o FC Porto] é o irmão mais velho. Ela tem três filhos e queixam-se que o avô não vai lá. Os fins de semanas estão sempre ocupados com o FC Porto, sempre gostei de acompanhar as modalidades e prejudica um bocado, tenho pena de não acompanhar o crescimento dos meu netos. Se a minha vida prejudicou os meus filhos? Ao meu filho prejudicou, porque teve de abdicar de coisas que queria fazer, senão era o filho do presidente. A minha filha sente alguns ciúmes do FC Porto pelo tempo que dedico, porque acha que devia dedicar a ela e aos netos. É o destino”, concluiu o presidente dos azuis e brancos há 42 anos.