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Mais dois Potes para Gyökeres fazer a festa anunciada do título (a crónica do Sporting-V. Guimarães)

Este artigo tem mais de 6 meses

V. Guimarães entrou bem, dificultou vida do Sporting com bola mas sem remates mas instinto de Pedro Gonçalves voltou a fazer a diferença em mais um dia de festa em que Gyökeres voltou aos golos (3-0).

Pedro Gonçalves marcou e assistiu Gyökeres na primeira parte para os golos que desbloquearam o triunfo do Sporting frente ao V. Guimarães antes do bis do sueco no início da segunda parte
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Pedro Gonçalves marcou e assistiu Gyökeres na primeira parte para os golos que desbloquearam o triunfo do Sporting frente ao V. Guimarães antes do bis do sueco no início da segunda parte

PATRICIA DE MELO MOREIRA

Pedro Gonçalves marcou e assistiu Gyökeres na primeira parte para os golos que desbloquearam o triunfo do Sporting frente ao V. Guimarães antes do bis do sueco no início da segunda parte

PATRICIA DE MELO MOREIRA

Ali em campo, dentro das quatro linhas e numa extensão do banco até à tribuna, ninguém podia dizer. Ali no estádio, fora das quatro linhas e apenas nas bancadas, não se dizia outra coisa. Ponto comum? A expressão facial e corporal de todo o universo Sporting, dos jogadores aos técnicos, do presidente a todos os adeptos que voltaram a lotar por completo todos e mais alguns bilhetes que existissem. O triunfo em Famalicão num encontro em atraso para o Campeonato, até pelos contornos que foi ganhando nos minutos finais perante a incapacidade de resolver mais cedo a vitória que parecia destinada, funcionou para muitos como um último carimbo do título que não podia fugir, algo que se sentiu também na chegada em euforia a Alvalade às 2h40 da manhã. Uns perguntavam “quando será a festa do Campeonato”, Rúben Amorim continuava a passar a ideia de que “ainda se pode perder o Campeonato”. A receção ao V. Guimarães era o xeque-mate.

Sporting vence V. Guimarães com bis de Gyökeres, reforça liderança e está a duas vitórias do título

“Obviamente que ficámos muito felizes com aquela receção, era difícil explicar aos adeptos que ainda não acabou e que temos tempo de fazer a festa quando tivermos de a fazer. Os adeptos estão confiantes, quiseram demonstrar esse carinho. A última vez que estivemos nesta situação tínhamos o problema da Covid-19. Mas sabem que ainda há muito para fazer, ficámos muito felizes. O V. Guimarães foi a última equipa que nos ganhou. Sabemos o que representa aquela equipa, juntou-se também um excelente treinador que retira muito do conjunto e têm feito excelentes resultados. Estamos preparados. Se eles têm objetivos, nós também temos. Jogamos em casa, vamos ter o público do nosso lado. Sabemos que a ansiedade vai estar lá mas vamos ter o estádio cheio e os jogadores vão entrar com vontade de vencer o jogo”, destacara na antevisão.

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“Sinto o grupo bastante calmo, tranquilo e focado no que tem de fazer. É uma ansiedade boa porque também é importante tê-la, se não houvesse essa ansiedade era sinal que estávamos a pensar muito mais à frente. Temos sabido controlar isso e conseguimos manter a nossa qualidade de jogo. Gestão? Não vai haver gestão nenhuma, já temos na cabeça o número de pontos que precisamos para sermos campeões. O que tiver de ser relativamente aos amarelos, pensaremos depois. Mudei o discurso e todos os dias digo aos jogadores que ainda podemos perder este Campeonato. O trabalho do treinador é perceber o contexto e tentar direcionar para onde queremos que os jogadores pensem. Sempre acreditámos que podíamos ganhar mas digo aos jogadores que podemos perder, para deixar sempre aquele nervosismo”, acrescentara, sem qualquer tipo de preocupação nesta fase com a deslocação ao Dragão na próxima jornada do Campeonato.

As tais contas eram “simples”: caso vencesse três dos últimos cinco jogos na prova, o Sporting ia sagrar-se campeão. E com outra vantagem: três desses cinco jogos seriam no Estádio José Alvalade, onde os leões só sabem ganhar em encontros do Campeonato como tinha acontecido apenas uma vez em toda a história do clube. Apesar do adversário que tinha pela frente, e que além de estar na luta pelo terceiro lugar é uma das melhores equipas da segunda volta depois da subida com Álvaro Pacheco, o conjunto verde e branco tentava apostar tudo a jogar em casa, procurando prolongar a série de recordes batidos em 2023/24.

“O que foi preparado é tentarmos atingir os objetivos e ganhar os jogos todos, em todo o lado é preciso ganhar em casa. Acho que o nosso público este ano ajudou-nos muito em momentos muito difíceis, noutros anos era difícil lidar com um golo sofrido ou uma oportunidade do adversário. Este ano, Alvalade foi muito forte e ajudou-nos. Quando há um jogo em Alvalade, o ambiente, o barulho, a forma como nos apoiam, a forma como vamos buscar a bola quando sofremos um golo e está toda a gente a bater palmas… É um ambiente muito positivo, diria que é o 12.º jogador”, elogiara Rúben Amorim antes de novo jogo com casa cheia num clima que, antes do apito inicial, à volta do Estádio, se podia descrever como pré-festa do título.

Havia outro dado a assinalar este 21 de abril, com o Sporting a estrear um novo equipamento que faz uma homenagem aos 60 anos da conquista da Taça dos Vencedores das Taças frente ao MTK Budapeste. Todavia, não eram aí (apenas) que estavam centradas as atenções. Porque houve uma receção apoteótica ao autocarro da equipa como não se via desde 2021 com todas as condicionantes da Covid-19. Porque houve uma enchente como não havia extra jogos grandes há muito. Porque a coreografia de cartolinas verdes e brancas antes do apito inicial tornou-se um momento arrepiante em Alvalade. Os leões não tiveram uma primeira parte fácil frente ao V. Guimarães mas deram mais um passo quase decisivo para o título no dia em que Gyökeres voltou aos golos em dose dupla. Como não poderia deixar de ser, o sueco foi o mais saudado depois de quebrar a seca de cinco jornadas mas a exibição de Pedro Gonçalves, com um golo, uma assistência e um passe fantástico na jogada do 3-0, foi mais um Pote de fumo a juntar a uma festa que parece escrita.

Ficha de jogo

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Sporting-V. Guimarães, 3-0

30.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Cláudio Pereira (AF Aveiro)

Sporting: Franco Israel; St. Juste (Eduardo Quaresma, 82′), Coates, Gonçalo Inácio; Geny Catamo (Fresneda, 86′), Hjulmand, Daniel Bragança (Morita, 78′), Nuno Santos; Francisco Trincão (Marcus Edwards, 78′), Pedro Gonçalves (Paulinho, 78′) e Gyökeres

Suplentes não utilizados: Diogo Pinto, Luís Neto, Rafael Pontelo e Koba Koindredi

Treinador: Rúben Amorim

V. Guimarães: Bruno Varela; Manu, Borevkovic, Tomás Ribeiro (Villanueva, 75′); Miguel Maga, Tomás Händel, André André (Nuno Santos, 58′), Tiago Silva, Afonso Freitas (Alberto Baio, 75′); Kaio César (Nelson Oliveira, 84′) e Butzke (Jota Silva, 58′)

Suplentes não utilizados: Charles, Zé Carlos, Tounkara e Lumungo

Treinador: Álvaro Pacheco

Golos: Pedro Gonçalves (30′) e Gyökeres (45+3′ e 49′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Francisco Trincão (69′) e Nelson Oliveira (90+3′)

A pequena conversa que Rúben Amorim e Álvaro Pacheco tiveram antes da partida enquanto trocavam um abraço entre sorrisos ficou entre ambos os técnicos mas quase parecia que o treinador leonino brincava com o ambiente fabuloso que se vivia em Alvalade e a vontade que os minhotos teriam em arrefecer o mesmo. No entanto, e em mais uma justificação para a posição que ocupa no Campeonato, aquilo que se viu nos minutos iniciais foi uma equipa do Sporting a jogar em posse de forma tranquila, sem passes precipitados, a construir a partir de trás pela certa e a procurar espaços onde pudesse desequilibrar. Remates, nenhum. Houve um cruzamento de Nuno Santos na esquerda que atravessou toda a área sem desvio, outro de Gyökeres que ainda desviou num defesa contrário e quase deixava Trincão 1×1 com Bruno Varela, mas a forma como a formação minhota se mantinha compacta e a bloquear o jogo pelo corredor central ia “travando” o encontro.

Os minutos iam passando sem oportunidades mas, assobios e sinais de ansiedade, só mesmo quando alguém do V. Guimarães retardava um pouco mais a reposição de bola. A simbiose entre adeptos e jogadores verde e brancos também se percebe na compreensão que as bancadas têm do estudo dos momentos de jogo por parte da equipa, sendo que nem mesmo o primeiro remate do encontro feito por Kaio César para defesa de Franco Israel conseguiu abater essa “paciência” (17′) antes de uma explosão evitada em cima da linha: Geny Catamo recebeu um cruzamento ao segundo poste na direita, fez a finta para dentro, rematou forte com Bruno Varela já batido e Borevkovic conseguiu evitar o golo em cima da linha (21′). Haveria ainda um desvio de cabeça de Hjulmand após canto à esquerda que Bruno Varela desviou por cima da trave mas ficava sobretudo essa marca de recuperação da posse dos leões depois de um momento mais assertivo dos minhotos (26′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Sporting-V. Guimarães em vídeo]

O V. Guimarães podia não ter tanta saída como gostaria mas estava irrepreensível no jogo sem bola e só num lance daqueles que não se conseguem controlar por completo sofreu o 1-0: Francisco Trincão assistiu Daniel Bragança num movimento de rutura, o médio conseguiu apenas dominar a bola com a ponta da bota e Pedro Gonçalves beneficiou do ressalto, rematando de forma espontânea para o golo à meia hora de jogo (30′). O nó na partida estava desfeito mas a resposta dos minhotos foi quase imediata e por pouco não deu resultados: lançado pela esquerda, Afonso Freitas foi abalroado pela saída sem nexo de Franco Israel, Cláudio Pereira assinalou penálti mas o lance acabou por ser anulado por fora de jogo (32′). A partir daí, apesar desse susto, voltou a haver mais Sporting e com um momento que definiu a partida: numa grande jogada coletiva que passou de forma rápida e ao primeiro toque por Francisco Trincão, Hjulmand e Daniel Bragança, Pedro Gonçalves isolou Gyökeres na área e o sueco acabou com o jejum sem golos para o 2-0 (45+3′).

Os leões tinham o jogo na mão depois de uma jogada que mostrou a capacidade que a equipa tem e teve em vários encontros de definir em espaços curtos com precisão jogando de forma coletiva e colocando os dois médios a envolverem-se com as unidades mais ofensivas e os alas. Mais do que isso, recuperavam a confiança que andava escondida perante a capacidade sem bola que o V. Guimarães demonstrava. Foi nessa perspetiva que Álvaro Pacheco decidiu não mexer na equipa em busca da profundidade que permitisse a entrada na partida dos minhotos mas os minutos iniciais derrubaram de vez essa esperança, em mais uma jogada com nota artística elevada a fazer explodir Alvalade: Pedro Gonçalves viu a desmarcação de Francisco Trincão com um passe fantástico, o esquerdino teve uma receção ainda melhor e assistiu Gyökeres que, sozinho na pequena área, só teve de encostar para fazer o 3-0 logo no arranque do segundo tempo (49′).

A partida mudava por completo de figura a partir daí, com as entradas de Jota Silva e Nuno Santos a serem “engolidas” perante o contexto diferente que já se vivia que tinha o V. Guimarães a tentar subir linhas em busca de um golo que pudesse dar algum suplemento anímico e o Sporting a procurar explorar situações de 3×3 que iam sendo criadas sempre com Gyökeres a ser a principal referência nos habituais movimentos de profundidade do sueco. Entre uma e outra ideia, o encontro foi perdendo motivos de interesse enquanto já se fazia a “ola” em Alvalade mas ainda teve um grande remate de Nuno Santos que passou muito perto do poste da baliza de Franco Israel (70′), uma oportunidade Jota Silva que saiu muito por cima (79′), um golo anulado a Marcus Edwards por fora de jogo Gyökeres antes de fazer a assistência (80′) e mais um remate de Edwards que passou perto do poste (82′). O resto, foi festa. Uma festa que está a duas vitórias de ser total.

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