Um projeto municipal, iniciado este ano, em quatro jardins de infância de dois agrupamentos de escolas de Viana do Castelo está a acompanhar 134 crianças para deteção precoce de dificuldades e encaminhamento para terapia da fala ou outras especialidades.
O projeto “Palavras com Som” arrancou no ano letivo em curso, por iniciativa da Câmara de Viana do Castelo, depois de uma fase experimental, em 2022, em que foram acompanhadas 77 crianças, com idades entre os 5 e os 6 anos.
“A intervenção nesta fase do desenvolvimento das crianças é importante porque antecede o ingresso no primeiro ciclo. Se for detetada precocemente alguma dificuldade é possível encaminhar a criança para a resposta que precisa, seja a terapia da fala, ou valências”, explicou à Lusa a coordenadora do projeto, Sofia Araújo.
Segundo a especialista, “a necessidade da terapia da fala aumentou e muito” após a pandemia de Covid-19, o que levou a autarquia a desenhar um projeto de intervenção para levar o terapeuta da fala às escolas para avaliar e despistar dificuldades que vão interferir na aprendizagem.
A coordenadora do “Palavras com Som” explicou que nas atividades desenvolvidas junto das 134 crianças, distribuídas por 12 grupos, “são abordadas todas as áreas da terapia da fala, desde a fala, a linguagem, a voz, a respiração, a mastigação, a deglutição e a motricidade facial”.
Nestas sessões, as atividades são orientadas para o desenvolvimento metalinguístico, sobretudo na componente fonológica (consciência de palavra, sílaba e fonema).
Os resultados do primeiro ano de implementação do projeto, que envolve encarregados de educação e comunidade escolar, vão ser conhecidos no final do ano letivo, mas desde setembro que “algumas crianças foram encaminhadas tanto para terapia da fala como para apoio psicológico, consultas de desenvolvimento e otorrinolaringologia”.
“Há crianças que apresentam dificuldades na fala, outras que apresentam dificuldades ao nível da linguagem e aí sim, são encaminhadas para a terapia da fala. O mesmo acontece quando detetamos necessidade de um acompanhamento psicológico, ou por um otorrino por serem identificadas graves dificuldades na fala”, referiu.
Sofia Araújo destacou a importância da “prevenção” nesta área e da “promoção da literacia em saúde e na educação para garantir o adequado desenvolvimento da comunicação humana, potenciando capacidades linguísticas diretamente relacionadas com a aquisição de competências essenciais ao desenvolvimento da criança”.
À Lusa, o vereador com o pelouro da Promoção da Saúde, Ricardo Rego, afirmou que no próximo ano letivo o município pretende “ampliar o alcance do projeto, abrangendo um maior número de crianças e estabelecimentos de ensino“.
“O município investirá cerca de 20 mil euros, valor que poderá aumentar caso consigamos expandir o projeto para mais escolas. Mas é com uma enorme satisfação que anunciamos a continuidade desta iniciativa que visa garantir a deteção precoce de problemas de comunicação em crianças do pré-escolar”, adiantou Ricardo Rego.
Para o vereador com o pelouro da promoção da saúde, “a prevenção é a chave para um futuro mais saudável, e investir na saúde das crianças é investir no futuro do município”.