Tal como anunciado, a produção do mais pequeno dos Smart, o ForTwo com apenas duas portas e dois lugares, terminou no final de Março. A fábrica de Hambach, em França, de onde até aqui saíam os Smart EQ ForTwo e EQ ForTwo Cabriolet, foi vendida no final de 2020 aos britânicos da Ineos, para aí produzirem o Grenadier 4×4, a cópia do antigo Land Rover Defender. A descontinuação do Smart de dois lugares criou um problema à Geely, os chineses sócios a 50% da Mercedes (mas os responsáveis pela concepção e produção, uma vez que aos alemães cabe o design), que agora necessitam da ajuda de um outro construtor para substituir o simpático citadino.
É bom recordar que a Smart não é alheia ao recurso a um concorrente para ajudar a projectar e a produzir os seus veículos, contendo os custos, de forma a torná-los competitivos. Na última geração, introduzida em 2014, já foi necessário o contributo da Renault para conceber e produzir o Smart, com os franceses a recorrerem à plataforma e ao banco de órgãos do Twingo para fabricar o ForFour, além de ceder a base para o ForTwo e fornecer baterias e motores para as versões eléctricas EQ.
Com a entrada da Geely para o capital da Smart e a deslocação da produção para a China, a opção Renault ficou fora do cardápio das possibilidades, pelo que os chineses estão agora à procura de um fabricante que possa ceder a base para um eléctrico muito curto, com somente dois lugares e duas portas. As plataformas actuais da Geely, destinadas exclusivamente a veículos eléctricos, não se podem adaptar a um veículo com somente 3,5 metros de comprimento e 2,5 m entre eixos. Tanto mais que os chineses (e alemães) gostariam de conseguir equipar o citadino com uma bateria maior do que a da actual geração do ForTwo (tem apenas 17,6 kWh), de forma a oferecer uma autonomia superior a 154 km.
A Smart produz de momento o #1 e #3, ambos concebidos sobre a plataforma SEA2, da Geely, a mesma utilizada pela Volvo no EX30. As dificuldades encontradas pelos chineses em “cortar” uma fatia considerável a este chassi, com 2,75 m entre eixos, de modo a acomodar o futuro ForTwo, devem-se às imposições em termos de segurança levantadas pelos crash-tests. O CEO da Smart Europe, Dirk Adelmann, confessou à Automotive News que, depois de meses a trabalhar numa forma de encurtar a plataforma, a marca chegou à conclusão que o melhor rumo a seguir seria o estabelecimento de uma parceria. “Necessitamos de uma solução específica para este tipo de veículo, pelo que procuramos um parceiro”, revelou Adelmann.