A diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, que esta sexta-feira participou na 2.ª Reunião Aberta do Conselho Pedagógico da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), defendeu a importância da internacionalização para a valorização e enriquecimento profissional dos médicos.
“Existe a possibilidade da internacionalização, quer isso implique sair fisicamente do país ou potenciar outras oportunidades de internacionalização a partir de Portugal, ligando-se ao mundo global”, disse Rita Sá Machado.
A diretora-geral da Saúde foi convidada pela FMUP para, a partir da sua experiência pessoal de internacionalização da carreira, que a trouxe ao cargo que agora ocupa, poder esclarecer alunos, mas também professores sobre “a panóplia de caminhos que existem”.
“O importante aqui é mantermos este contacto, sabermos que existe essa possibilidade, mas também existe a possibilidade de ficar. Acho que esse é um dos motivos porque estivemos hoje a falar de internacionalização”, sublinhou.
“Se tiverem oportunidade de conhecer algumas realidades fora, acho que pode ser bastante salutar para cada um”, disse Rita Sá Machado, acrescentando que “essa é uma escolha individual” e que “a saída do país não é a única forma de nos internacionalizarmos. Há possibilidades de ir, mas também há a possibilidade de estar em contacto com a realidade lá fora, estando em Portugal“.
Questionada pelos jornalistas sobre a falta de médicos no país, a responsável escusou-se abordar a questão da internacionalização nesta perspetiva, considerando que essa “é uma competência do diretor executivo do SNS, do Ministério da Saúde e das ordens profissionais”.
Roberto Roncon de Albuquerque, presidente do Conselho Pedagógico da FMUP, considerou que “a verdade é que é possível ir adquirir competências e, até é desejável, ter uma experiência internacional, é algo que pode enriquecer uma carreira médica”.
“Mas, acima de tudo, é importante pensar na perspetiva do regresso e como é que podemos, dinamizando o nosso sistema de saúde, criar mecanismos para aproveitar esta mobilidade para recebermos de volta os nossos talentos”, disse.
“A internacionalização e a mobilidade estão aí, mas há um ir, há um voltar, há uma carreira médica, um enriquecimento pessoal, há aspetos em que somos particularmente fortes e em que a mobilização internacional pode não acrescentar muito valor, existem também os riscos e os custos associados, mas há áreas em que a experiência pode ser enriquecedora”, sustentou.
Roberto Roncon de Albuquerque considerou que “os jovens não devem olhar para a internacionalização como uma sina, como uma inevitabilidade, mas sim uma fase da sua carreira pessoal”.
Um dos desafios que se impõe atualmente é “perceber as motivações dos alunos (cerca de metade pondera sair do país no fim do percurso universitário), informá-los sobre as oportunidades e alertar para as falsas oportunidades, contribuindo para desmistificar alguns aspetos”, disse o presidente do Conselho Pedagógico da FMUP.
“Temos de ter a inteligência de usar a internacionalização a nosso favor e não olhar para ela como uma fatalidade, como uma perda de jovens talentos. Nós queremos reter os talentos, não queremos prendê-los”, frisou.
Nesse sentido, Roncon de Albuquerque disse que o testemunho da atual diretora-geral da Saúde, e antiga estudante da FMUP, “pode ser um modelo para os estudantes de medicina e futuros médicos encararem a internacionalização como uma maneira de se valorizarem para depois regressarem ao país e prosseguirem a sua carreira”.
Subordinada ao tema “Oportunidades de Internacionalização da Carreira Médica”, esta iniciativa foi dirigida à comunidade académica, bem como a escolas secundárias e a representantes de instituições do ensino superior.