O Governo da República vai apoiar a reconstrução do Hospital de Ponta Delgada, nos Açores, que sofreu um incêndio no sábado, anunciou esta segunda-feira a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, após uma visita àquele espaço.

Estamos aqui porque somos Portugal. E os portugueses que vivem na Região Autónoma dos Açores têm que ter respostas. Vão ter essas respostas. E o Serviço Nacional de Saúde, do qual o Serviço Regional de Saúde faz parte, tem que olhar agora para esse momento, que nenhum de nós esperava, como um momento de planear o futuro“, disse a governante aos jornalistas.

A ministra foi acompanhada pelo presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, na visita à maior unidade de saúde do arquipélago.

Hospital de Ponta Delgada mantém-se fechado e sem previsão para regresso à normalidade

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Aos jornalistas, a governante sublinhou que a reconstrução do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), que ainda não tem previsão para retomar o seu normal funcionamento, deve ser pensada na perspetiva de um investimento que torne a infraestrutura numa unidade “diferenciada“, com uma resposta “digital” e “transformacional“.

“O futuro é já amanhã. É dar condições para que este hospital não só se recupere, mas que se transforme, que seja um investimento que o Serviço Nacional de Saúde faz no país para que aqui, como noutras zonas de Portugal Continental, nas Regiões Autónomas, tenhamos hospitais que sejam efetivamente resposta complexa, diferenciada, digital, transformacional. É essa visão transformadora que o Serviço Nacional de Saúde tem que ter”, vincou Ana Paula Martins.

A ministra da Saúde adiantou que já está a ser feito um levantamento no local das necessidades mais imediatas, que possam ser apoiadas pelo Governo da República, e ainda um planeamento mais de médio prazo.

Estamos hoje já a fazer o levantamento no local daquilo que possa ser necessário da nossa parte, como atividade programada que possa ter que ser apoiada noutros hospitais do continente, em articulação com o governo Regional, como aconteceu na Região Autónoma da Madeira”, afirmou.

Ana Paula Martins disse que não se trata só de solidariedade, mas uma resposta, tendo por base “a ideia de coesão”.

A ministra afirmou ainda que o “processo de reconstrução e transformação” começa hoje e que o “memorando de identificação, de todas as necessidades, a curto e a médio prazo, será feito e todas essas informações muito em breve estarão disponíveis”.

Questionada sobre os valores de reconstrução, a governante garantiu apenas que o Governo da República tem “todos os recursos necessários” para dar “o apoio que for necessário”.

Ana Paula Martins vincou que os “Açores terão aquilo que o seu Governo Regional e o Governo central em conjunto, definirem, desenharem e planearem para o local” onde está o Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), olhando para “os calendários de desenvolvimento e execução, o recurso aos próprios fundos de coesão”.

“A médio prazo precisamos, obviamente em conjunto com o Governo Regional dos Açores, de olhar para o plano de investimentos do novo hospital e isso é uma coisa que tem de ser feita de forma muito rápida. E isso seguramente está ao nosso alcance e é exatamente isso que vamos fazer”, sustentou.

Na ocasião, a governante salientou ainda “a enorme capacidade de resposta” e o plano de emergência que, “em tempo absolutamente recorde”, salvou “todas as vidas”, perante “uma situação inesperada e dramática”.

O incêndio deflagrou no hospital pelas 9h40 locais de sábado (10h40 em Lisboa) e obrigou à transferência de todos os doentes que estavam internados e só foi declarado extinto às 16h11 locais (17h11 em Lisboa).

No sábado, o governo dos Açores declarou a situação de calamidade pública e a secretária regional da Saúde e Segurança Social, Mónica Seidi, disse que ainda não há previsão de quando será retomado o normal funcionamento.

Na altura do incêndio estavam no HDES 333 doentes e foi necessário transferir 240, acrescentou.

Os doentes mais críticos e graves foram transferidos para o hospital da CUF, na cidade de Lagoa, e os restantes para centros de saúde.

Também já foram transferidos para a Madeira 58 doentes, dos quais 55 são pessoas que fazem hemodiálise, duas grávidas e um doente em cuidados intensivos.