A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) instaurou um processo de fiscalização ao controlo de ‘legionella’ no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que se inicia na próxima segunda-feira, adiantou esta sexta-feira o organismo em comunicado.

A fiscalização incide sobre o serviço de Dermatologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e foi decidida pela IGAS na quinta-feira, dia 9, data do despacho do diretor-geral.

A decisão é tomada na sequência de notícias do Observador, que avançou, no dia 2 de maio, que dois doentes foram infetados com legionella após terem passado pelo serviço de Dermatologia daquele hospital, tendo um dos doentes, com outros problemas de saúde, acabado por morrer. Durante as últimas semanas, este serviço não esteve nunca encerrado, nem os doentes deixaram de receber os tratamentos.

Legionella detetada no serviço de dermatologia do hospital de Santa Maria. Pelo menos um doente foi infetado

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As fiscalizações levadas a cabo pela IGAS, e feitas no âmbito do “Guião para a Fiscalização da Prevenção e do Controlo da Legionella” tem três objetivos: verificar o cumprimento das obrigações dos responsáveis por todos os equipamentos, redes e sistemas que possam contribuir para a contaminação da
bactéria da Legionella; promover uma cultura de segurança nas unidades de saúde; e contribuir para a existência de unidades de saúde seguras, credíveis e com qualidade, “que zelam pela saúde dos utentes, colaboradores, visitantes e comunidade, através da efetiva aplicação de um plano de prevenção e controlo da bactéria e do envolvimento dos diferentes intervenientes em todo o processo”, explica a entidade liderada por Carlos Carapeto.

O comunicado da IGAS adianta que “entre 2021 e a presente data foram instaurados 13 processos de fiscalização” no âmbito das ações inspetivas na prevenção e controlo da legionela.

“Foram já executados 11 processos. Encontram-se concluídos seis processos. Foram emitidas 33 recomendações e implementadas, até ao momento 26 recomendações. No entanto, encontram-se ainda em fase de acompanhamento quatro processos, nos quais serão implementadas as restantes recomendações”, precisa o documento.

Em acompanhamento estão as recomendações emitidas para a Maternidade Doutor Daniel de Matos, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (em 2023), no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa (em 2023), no Hospital de São José, em Lisboa (em 2022), e no Hospital de Santa Maria, em Lisboa (em 2022), agora alvo de novo processo de fiscalização.

Duas pessoas infetadas com legionella no Santa Maria — um dos doentes, com outros problemas de saúde, morreu. Hospital nega secretismo

No que diz respeito ao Hospital de Santa Maria, a unidade hospitalar adiantou ao Observador que a deteção de legionella no serviço de Dermatologia “insere-se na lógica de permanente monitorização nesta área”, tendo de imediato “sido desencadeadas e em poucas horas executadas todas as medidas de controlo e desinfeção que garantiram a segurança de doentes e profissionais”.

Só em 2024, já foram identificados seis casos de legionella em doentes do Santa Maria: quatro com origem na comunidade e outros dois com link nosocomial, ou seja, com origem com bactéria presente em ambiente hospitalar.