O Pavilhão Rosa Mota ficou assinalado durante a recente campanha eleitoral do FC Porto pela grande festa de encerramento de André Villas-Boas em vésperas de 25 de abril mas, nos bastidores, ia sendo falado por outras razões. Quais? Em pelo menos duas das três listas que o Observador foi acompanhando por esses dias havia a preocupação de encontrar bilhetes para comprar para a Final Four da Liga dos Campeões de hóquei em patins tendo em conta a procura bem mais do que a oferta nessa fase. Afinal, era uma prova europeia que seria realizada em solo nacional e com quatro equipas portuguesas. E era a possibilidade de o FC Porto fazer o que nunca tinha feito na sua história com a revalidação deste título a jogar em “casa”.

O título que Pinto da Costa mais ansiava chegou 33 anos depois: FC Porto sagra-se campeão europeu de hóquei em patins

“Este pavilhão transmite-me ilusão e ambição. Está desenhado de uma forma espetacular e a organização está de parabéns. Há muita paixão por esta competição, que para mim é a maior que há no hóquei em patins. Agora é sonhar e, em primeiro lugar, estar na final. O objetivo é conquistar a Liga dos Campeões mas para isso temos de chegar à final primeiro. Estes jogos decidem-se nos pormenores e mudam por coisas muito pequenas. Uma meia-final da Liga dos Campeões com o Sporting precisa de todos os alertas, de toda a concentração e o máximo foco para tentarmos vencer. Tendo este símbolo ao peito, é sempre uma obrigação conquistar todos os títulos que disputamos. O passado, bom ou mau, de nada serve para o presente mas é sempre melhor estar com boas sensações”, destacara Ricardo Ares, treinador do FC Porto, ao longo de uma conferência de imprensa em ambiente de grande fair play entre técnicos e capitães de equipa.

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Um ano “tão grande como os maiores da Europa”: Sporting vence FC Porto e revalida título europeu

“O hóquei merece palcos como este para continuar a crescer. Não me recordo de um palco tão adaptado aos novos tempos e à forma como se concebe o desporto enquanto espectáculo. Quando preparamos jogos como este, a nossa maior preocupação é não abandonar o ADN que temos tentado implementar desde que cheguei. Eu e o Ricardo [Ares, homólogo do FC Porto] conhecemo-nos há muito tempo e ele sabe que eu não abandono as minhas ideias. Sabemos que enfrentamos o campeão europeu, que está num grande momento e que tem muitíssimos recursos ofensivos e defensivos mas as nossas ferramentas têm de nos fazer conseguir a vitória”, salientara Alejandro Domínguez, técnico do Sporting que vai deixar os leões no final da época.

O sopro azul e branco tombou os leões: FC Porto retira o Sporting do grupo dos líderes

Era neste contexto e com muitos elogios à organização que chegava o clássico que abria esta Final Four antes do duelo entre Óquei de Barcelos e Oliveirense, também esta tarde. E se o FC Porto tinha vantagem naquilo que tinham sido os confrontos diretos esta temporada, com uma vitória no Dragão Arena por 5-3 e o empate a três no João Rocha para o Campeonato, o Sporting tinha também essa memória feliz das últimas vitórias na principal competição europeia de clubes frente ao FC Porto, em 2019 (Lisboa) e 2021 (Luso). Agora, chegou o primeiro triunfo dos leões em clássicos desta época e com uma exibição de completa superação num Rosa Mota com um ambiente fantástico e maioritariamente de azul e branco, quase como se o ADN vencedor que marcou a época do futebol até à conquista do Campeonato tivesse passado para o hóquei em patins.

Apesar de ter havido desde início um ligeiro ascendente dos azuis e brancos, a tentarem sempre assumir o comando e os tempos do jogo, o Sporting foi conseguindo manter uma organização defensiva muito coesa que depois se desdobrava em saídas rápidas ou ataques mais longos. Faltava o golo para escrever os capítulos seguintes da partida e esse 1-0 chegou curiosamente depois de uma paragem técnica de Ricardo Ares, numa meia distância de Gonzalo Romero sem hipóteses para Xavi Malián (7′). Os momentos atuais das equipas, depois de uma fase regular do Campeonato que terminou com o FC Porto na liderança e os leões a caírem no fim para a quarta posição, estavam anulados numa partida com grande qualidade e intensidade.

Ângelo Girão estava em dia “sim” na baliza do conjunto verde e branco e foi determinante naquele que foi um dos momentos mais relevantes da primeira parte: Ferran Font prendeu o patim de Hélder Nunes com o stick, viu cartão azul mas o internacional português não conseguiu bater o guarda-redes e amigo no livre direto a tentar a picadinha (12′), seguindo-se dois minutos em under play em que os leões não só seguraram o 1-0 como até tiveram oportunidades de aumentar a vantagem. Não foi aí, foi pouco depois: Toni Pérez ganhou na área uma segunda bola após remate de Rafa Bessa e desviou de Malián para o 2-0 (16′). Ricardo Ares voltou a parar o encontro e aí teve resultados: Hélder Nunes aproveitou uma perda de bola dos leões a meio-campo, marcou o 2-1 numa grande ação individual e ainda viu Font e Telmo Pinto verem outro azul no seguimento da jogada (21′) e Carlo Di Benedetto fez o empate logo a seguir numa recarga na área (21′).

O intervalo fez bem ao Sporting, que conseguiu serenar e voltou a ficar na frente com um golo de Verona logo a abrir (28′) mas logo de seguida João Souto viu mais um azul por protestos na sequência de uma falta não assinalada e deixou os leões de novo reduzidos a quatro durante dois minutos depois de Gonçalo Alves ter falhado o livre direto (30′). Mais uma vez, a formação verde e branca superou-se. Por um lado, nunca deixou de ter a baliza em mente, aumentando para 4-2 num tiro indefensável de Henrique Magalhães (33′). Por outro, teve um Girão gigante na baliza, a travar também mais um penálti de Gonçalo Alves (35′). Só mesmo na parte final houve outra capacidade de pressão portista, com Telmo Pinto a reduzir para 4-3 (40′).

Alejandro Domínguez voltou a parar o encontro, até porque as equipas estavam ambas com nove faltas à beira de um livre direto, e pediu sobretudo calma. Falou em partes táticas, em jogo para as zonas 9 e 4, mas tentou fazer ver à equipa que a pressão que sentia era muito mais por culpa própria do que por mérito do FC Porto. Já Ricardo Ares, com a “ajuda” das bancadas, queria a equipa a manter as mesmas linhas altas sem bola para “asfixiar” os leões. A margem de erro era quase nula e uma falha deu mesmo novo golo, com Rafa Bessa a conduzir um ataque 2×1 para um grande golo de Henrique Magalhães (46′). Rafa Bessa aproveitou o risco dos azuis e brancos para o 6-3 (47′), antes de Carlo Di Benedetto fazer o 6-4 de livre direto (48′), reduzir para a margem mínima logo de seguida (49′) e acertar no poste nos derradeiros segundos. Apesar da tremideira nos minutos finais, o Sporting passou o FC Porto depois do Benfica e do Barcelona.