Começou mal, vai acabar mal. É certo que pelo meio o V. Guimarães até alcançou uma temporada de sonho, com o regresso às provas europeias, a luta pelo terceiro lugar até à penúltima jornada e o recorde de pontos da história do clube a uma vitória de distância, mas também é certo que vai acabar a época sem treinador.

A temporada começou com Moreno, seguiu-se João Aroso (adjunto que assumiu o comando de forma interina) e Paulo Turra. O clube falhara a qualificação para a fase de grupos da Liga Conferência e disputara as três primeiras jornadas do Campeonato com três treinadores diferente. O técnico brasileiro aguentou até outubro, mas as duas vitórias em seis jogos ditaram o despedimento. Mais um.

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Seguiu-se Álvaro Pacheco, treinador com experiência de Primeira Liga e que, nos últimos anos, esteve em bom plano ao leme do Vizela. Depois de ter começado a época no Estoril, o técnico da boina rumou ao norte do país e levou o V. Guimarães a bom porto. Até à última jornada do Campeonato, deixou o clube no quinto lugar, com 60 pontos, a apenas três de superar o recorde da história vitoriana.

Esta quarta-feira, na sequência de uma derrota com o Sp. Braga que impediu de vez uma posição mais alta no top 5 da classificação, consumou-se a saída de Álvaro Pacheco do comando técnico do V. Guimarães, com uma ida para o Brasil, mais concretamente para o Vasco da Gama, na mira do treinador de 52 anos. A informação foi confirmada em conferência de imprensa por António Miguel Cardoso, presidente dos vimaranenses, que não poupou nas críticas ao seu agora ex-treinador.

“O presidente do V. Guimarães foi contactado pelo representante do treinador Álvaro Pacheco, informando-o de que o treinador apresentava a sua demissão, com efeitos imediatos, o que, atento as circunstâncias, foi aceite. O treinador sai a custo zero. Perante estes factos, com um treinador que, a três dias do último jogo da época [com o Arouca], faz isto, o V. Guimarães não pode ficar refém de uma situação destas. Queríamos preocupar-nos em ter alguém preocupado com o emblema. Sentimos que não iria ser com Álvaro Pacheco”, começou por dizer o líder vitoriano, citado pela agência Lusa.

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Álvaro Pacheco foi cogitado pelo Cuiabá, equipa que se encontra na última posição do Brasileirão, nos últimos dias, chegando mesmo a reunir-se com responsáveis do clube brasileiro. António Miguel Cardoso garantiu que não se opôs a esse encontro, desde que este “acontecesse de forma discreta e totalmente sigilosa”, o que não aconteceu. Perante a fotografia que começou a circular nas redes sociais, o presidente afirmou que contactou o representante do treinador e mostrou-se desagradado com o “completo desrespeito pelas condições acordadas”.

Nessa conversa ficou ainda esclarecida a intenção de Álvaro Pacheco abandonar o cargo de treinador do V. Guimarães no final da temporada, garantindo que o técnico foi pouco profissional. Pacheco terá faltado a um evento que tinha “o objetivo de fortalecer o grupo de trabalho e os seus laços emocionais”, e justificou a ausência a apenas um dos capitães, “alegando motivos pessoais”.

Entendemos tenha uma preocupação em relação à próxima época, mesmo financeiramente. Mas as coisas têm de ser feitas de determinada forma. Há que pedir desculpa ao emblema. Lamento que não o tenha feito. É surreal que a direção do V. Guimarães permitisse ao Álvaro faltar a um evento do clube para se encontrar com dirigentes de outro clube num restaurante”, concluiu.

Na resposta, Álvaro Pacheco anunciou que irá avançar com uma queixa-crime por difamação contra António Miguel Cardoso, esclarecendo as acusações feitas pelo líder da formação minhota.

“Na sequência do sucedido nas últimas semanas, sobretudo nesta quarta-feira, dia 15 de maio de 2024, em que o Presidente do Vitória SC, António Miguel Cardoso, proferiu publicamente inúmeras afirmações muito graves que atacam a honra e o bom nome de Álvaro Pacheco, o treinador e sobretudo o homem de fortes valores que é, decidindo, assim, avançar com uma queixa-crime por difamação contra António Miguel Cardoso. A falta de palavra tem sido uma constante mas teve o seu ponto mais grave hoje com António Miguel Cardoso a faltar à verdade em toda a linha sobre tudo o que envolveu a saída de Álvaro Pacheco do Vitória SC”, começa por referir o comunicado assinado pela assessoria de imprensa do técnico.

“Pelos valores que defende, desde logo a honra e o respeito, e ainda mais pela ligação, entrega e compromisso que sempre teve com o Vitória SC e os seus adeptos, Álvaro Pacheco avança com esta queixa-crime por difamação, por si mas também pelos vitorianos que não merecem que quem dirige a instituição não lhes diga toda a verdade de todos os factos”, acrescenta ainda a mesma missiva emitida ao final da tarde.