A Inteligência Artificial está a revolucionar as investigações no campo da saúde e ciência, mas o ritmo da sua evolução não está a permitir aos cientistas adaptar-se ao uso dos seus sistemas, muitas vezes complexos. Esse foi o mote para uma equipa do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) em Portugal desenvolver uma plataforma gratuita que facilita o acesso a ferramentas de IA avançadas e para “capacitar” os cientistas no seu uso.
A plataforma, com o nome DL4MicEverywhere, foi pensada para cientistas que trabalham com análise de imagens de microscopia. O objetivo é que, independentemente dos conhecimentos que tenham sobre IA, sejam capazes de aceder, treinar e usar facilmente os chamados modelos de aprendizagem profunda (Deep Learning, em inglês) nas suas investigações.
“Com esta plataforma, qualquer cientista pode ter acesso a métodos de ponta em microscopia, permitindo-lhes analisar automaticamente os seus dados e potencialmente fazer novas descobertas biológicas”, refere o investigador do IGC Ivan Hidalgo-Cenamor, citado num comunicado enviado ao Observador. O engenheiro de software acredita que esta ferramenta pode ser “uma ponte entre os avanços tecnológicos da IA e a investigação biomédica”.
“Esperamos que esta plataforma capacite investigadores em todo o mundo para que possam usar as técnicas mais avançadas no seu trabalho, independentemente dos seus recursos ou conhecimentos”, acrescenta Estibaliz Gómez-de-Mariscal, também investigadora do IGC.
A plataforma de IA foi desenvolvida em colaboração com a Universidade Åbo Akademi, na Finlândia, e o consórcio AI4Life. Foi publicada esta sexta-feira na revista científica Nature Methods e está disponível gratuitamente. A equipa também disponibilizou no YouTube um guia sobre como usar esta ferramenta.